Sexta, 29 de julho de 2016
Da Tribuna da Imprensa
Helio Fernandes
Com
exceção de Michelzinho, que aos 7 anos é um gênio incontestável, nada
funciona na interinidade do Michelzão. Provavelmente por ter fugido da
influencia do pai, já é personalidade e personagem de primeiras paginas,
nessa idade de entrar para a escola primaria. Já demonstrou que não tem
nada a aprender e sim a ensinar. Por exemplo: servir de monumento ao
exibicionismo do pai, que fez o sacrifício de levá-lo á escola. Mas
antes, convocou toda a cadeia de comunicação, de TVs a impressa, tudo
isso com a indisfarçável e indispensável pressa.
No
Brasil todo, milhões de brasileiros chegam aos 7 anos, á desigualdade
total e absoluta. Geralmente sem sequer ter o que comer, portanto sem
imaginar que certamente continuariam vegetando, sem nenhuma
possibilidade de sair dessa situação vergonhosa, calamitosa, ruinosa.
Condenados a servirem de escada rolante e segura, para os bem nascidos.
Como esse Temer, que percorreu toda uma
escala
de favorecimentos e privilégios. Até chegar ao que nem imaginava: a
presidência da Republica. Provisória. Que ele mesmo por métodos escusos,
teve a oportunidade de transformar em efetiva.
Completando
3 meses dessa interinidade, seu fracasso é mais do que deprimente. Um
fracasso coletivo, que precisou de uma pesquisa travestida de confronto,
para se postar diante do espelho, e se olhar e admirar como vencedor.
Esse levantamento da opinião publica, deliberadamente truncado e
premeditado, foi criticado e repudiado, e nem serviu a Michel Temer.
Sua incompetência ficou mais evidente. A inutilidade da traição conspiração, serviu apenas para arrependimento triste da comunidade. E a certeza de que foi enganada. E nada mais pode ser feito, a não ser a convocação de uma eleição direta. Que só pode surgir com uma decisão legal do TSE.
A
formação do governo provisório, calamitosa. Prometeu ministério de
notáveis, notável apenas a irresponsabilidade da escolha. Alguns tiveram
que ser afastados, antes de comemorarem o primeiro mês. Outros,
intimissimos, foram nomeados e logo depois demitidos. Temer chamou a
isso de afastamento "preventivo". Nessa conta, entram Romero Jucá e
Henrique Alves. O Executivo de Jucá ficou no cargo por exigência -
intimidação. Apesar de também ser citado na Lava Jato.
Outros
ministros aguardam a efetividade para saírem ou entrarem. O Ministério
do Turismo, vago porque o titular saiu ejetado pela Lava-Jato, não pôde
ser efetivado, apesar de indicado por Renan. Motivo: também está
entrelaçado com a Lava-Jato. Temer garante: "Depois de efetivado, tudo
será diferente". Espera como fator positivo a cassação do ex-presidente
da Câmara, para se compor melhor com o "centrão", já sem a influencia de
Cunha. (Deixemos o exame da tumultuada relação com a Câmara, para
depois).
Vejamos
o que vem fazendo ou tentando fazer, o "orgulho" de Temer. A equipe
econômica e os que preenchem cargos técnicos. O Ministro da Fazenda e o
presidente do Banco Central, repetem o que já fizeram outros, sem o
menor sucesso. Meirelles exigiu nomear todos os auxiliares, que na
verdade se resumem a ele mesmo e o presidente do BC. Como Ministro da
Fazenda, vai repetindo os 4 anos vazios do BC no primeiro mandato de
Lula. Vazio que levou á sua demissão, e afastamento no segundo mandato.
O
Presidente do BC, assumiu com enormes promessas, que contestei
imediatamente. Garantiu o alto da meta (6,5) e em 2017, o centro da meta
(4,5). A inflação vinha caindo no inócuo
e inútil governo Dilma. De 11 por cento em 2015 para 8,4 em 2016. O que
prova que a inflação pode cair sem a interferência de ninguém.
Mas o
doutor Ilan parece ter desistido, já alega "dificuldades" inesperadas,
que comprometeram sua atuação para 2017. Assim mesmo, de janeiro a
dezembro, sem se fixar num período. Em relação a dólar e juros, é o
Tombini da vez. Duas ou tres vezes por semana, lança no mercado de 5 a 6
mil "swaps reversos", como fazia o antecessor.
E não
dá sinais de mudar essa “interferência", nem baixar os juros. Que
continuam e continuarão nesses humilhantes 14,25. Que poderiam ou
deveriam estar no maximo em 10 por cento. Com Dona Dilma já esteve em 7
por cento. Foi subindo inexplicavelmente, não reduziu mais.
Terminemos,
por hoje, por hoje, com alguns cargos importantes, só não têm a
denominação de Ministro. O presidente da Petrobras, assumiu
sem nenhuma segurança, tanto que pediu ao provisório, que pretendia
continuar no cargo que ocupava, Presidente do Conselho da Bovespa. (Na
época revelei o fato com exclusividade, questionando a acumulação).
Esse
presidente da Petrobras, com a longa experiência e participação nas
"doações privatizações" do governo FHC, não resistiu. E anunciou uma
estranha e extravagante operação com a importante BR - Distribuidora.
Uma espécie de compartilhamento. A Petrobras, proprietária, abre mão de
ser majoritária, fica com 49 por cento. E o parceiro eventual, com 51.
Não
se sabe quem será o parceiro, e quanto pagará. Alem do mais, a época
não é de vender e sim de comprar. Ou falam em recuperação sem nenhuma
convicção. O presidente da Eletrobrás, no discurso de posse textual: "A
empresa é estatal, mas não tem nada a ver com o governo". E
imediatamente anunciou a venda de 6 distribuidoras de energia.
Este
é o diagnostico sumario de um governo provisório. Que infelizmente, em
menos de 30 dias estará efetivado. Tão incompetente e impopular quanto o
anterior. Que pelo menos disputou eleição e reeleição.
Renan Calheiros: porta voz da degradação
Seu
projeto é humilhante e indecente. Já tentaram de todas as maneiras,
atingir e derrubar a Lava-jato. Mas através de um projeto direto,
assinado e apresentado pelo presidente do Senado, é inédito. E visando
implícita e explicitamente, a popularíssima campanha contra a corrupção,
inaceitável. E ainda mais deplorável e lamentável: o projeto vem
encontrando apoio parlamentar.
Usei
a palavra degradação em relação a Renan, porque ligá-lo á corrupção é
pouco. Ele responde a 9 processos no Supremo.E o primeiro em 2007,por
traição matrimonial, levou-o ao segundo: ser financiado por uma
empreiteira,para manter a amante e o filho.Perdeu a presidência do
Senado,mas manteve o mandato.E voltou á presidência, cargo no qual está
hoje.
Juízes, Procuradores, delegados de todo o país, protestam contra essa intimidação ou ameaças,
por cumprirem seu dever. É uma ambivalência democrática. Representantes
ditos do povo, se manifestam contra os que defendem os recursos do
contribuinte, ou seja, do próprio povo.O projeto não será aprovado.Mas
Renan Calheiros, degradado e cooptado pela roubalheira das empreiteiras,
continuará imune e impune?