Quinta, 7 de julho de 2016
Da Direção Nacional do PSTU
Um setor de companheiros deixou as fileiras do PSTU para formar outra organização (leia a carta aqui).
Essa ruptura se deu depois de meses de um debate interno, amplamente
democrático, em que apareceram diferenças políticas, de programa e
teoria.
A diferença mais importante foi em relação a que posição tomar diante
da queda do governo de colaboração de classes de Dilma, formado pelo PT
e seus aliados burgueses. O setor que agora rompe com o PSTU se colocou
contra a política do partido que se expressou na palavra de ordem de
“Fora Dilma, Aécio, Temer, Cunha, fora todos eles!”
Na opinião dos companheiros, o PSTU deveria adotar como palavra de
ordem principal “Não ao impeachment” e, nesse contexto, afirmar nossa
oposição a Dilma e Temer. Defendiam que nosso partido participasse de
atos da Frente Povo Sem Medo para chamá-los à formação de um terceiro
campo que tivesse como eixo o “Não ao impeachment”.
A maioria do partido rechaçou esta posição por considerar que o “Não
ao impeachment” e a participação em atos da Frente Povo Sem Medo
significava, na prática, a mesma postura política da campanha contra o
suposto golpe, deflagrada pelo PT para tentar manter Dilma no governo. A
Frente Povo Sem Medo, encabeçada pelo MTST e o PSOL, foi simplesmente a
ala esquerda da campanha pelo “Fica Dilma”.
A posição dos companheiros não leva em consideração que o governo
Dilma, do PT, ao trair miseravelmente os trabalhadores e ao atacar seus
direitos, despertou entre eles um ódio mais que merecido. Os
trabalhadores queriam que o governo saísse, e esse sentimento era
correto e justo. O governo Dilma não era “progressivo” frente a uma
alternativa burguesa qualquer, como Temer, por exemplo. Para os
trabalhadores eram iguais. Portanto, não há que se defender um contra o
outro e sim lutar contra os dois. Fora Dilma, Temer Cunha e Aécio! Fora
todos eles!
Por outro lado, em nossa opinião, os companheiros dão uma importância
às eleições burguesas maior do que elas deveriam ter para os
revolucionários. Defendem que precisamos estabelecer, sistematicamente,
alianças e frentes com partidos como o PSOL, que é uma organização
reformista, porque nos apresentarmos sozinhos seria nos isolarmos. Essa
avaliação se apoia numa visão de que vivemos mundialmente um longo
período em que não estará colocada a possibilidade de revoluções
socialistas, mas apenas de revoluções democráticas e que, portanto, é
imprescindível eleger deputados e participar do parlamento.
A maioria do partido não concorda com essa visão. O projeto do PSOL é
radicalizar a democracia. O projeto do PSTU é fazer a revolução
socialista. São coisas completamente diferentes. Não há como apresentar e
construir no movimento uma alternativa revolucionária junto com uma
reformista. Elas se opõem. Frente única e unidade de ação fazemos com
todos, mas para a luta da nossa classe. Para construir uma alternativa
revolucionária, é preciso apresentá-la com nitidez aos trabalhadores.
A experiência do PT está aí para iluminar essa discussão. O PT nunca
foi um partido revolucionário. Era classista e, por isso, progressivo.
Mas quando decidiu buscar alianças com outros partidos porque queria
ganhar as eleições de qualquer forma, se transformou em outra coisa,
nisso que estamos vendo aí hoje.
Os companheiros não quiseram esperar o congresso do partido porque já
não estavam dispostos a seguir defendendo a política da maioria de
nossa organização.
O PSTU lamenta que tenham decidido romper, pois sua saída enfraquece,
sem dúvida, a luta por um partido revolucionário em nosso país. Esse
retrocesso é um fato. Mas a luta da classe operária por sua libertação
está repleta de obstáculos e revezes. É neles que se forja nossa firme
determinação de construir o partido revolucionário.
Sem dúvida cometemos muitos erros, mas temos o orgulho de poder
mostrar uma trajetória coerente e uma bandeira sem as manchas do
oportunismo e da colaboração de classes. É nessa trajetória que
continuaremos.
Os jovens que há 40 anos fundaram a Liga Operária, depois
Convergência Socialista e hoje PSTU, tinham, desde o princípio, o
projeto político de construir um partido que lutasse para que a classe
operária faça uma revolução, tome o poder, acabe com a exploração
capitalista, com toda a opressão e construa o socialismo. Um partido
internacionalista, ligado desde sua fundação a uma internacional
revolucionária, a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta
Internacional (LIT-QI). Disposto a fazer toda unidade de ação ou frentes
para lutar pelos interesses dos trabalhadores, contra o capital e
também contra toda opressão machista, racista ou homofóbica, mas que
nunca perca de vista esse objetivo maior.
Aos companheiros que acompanharam nossa trajetória nestes anos e
ajudaram a construir o PSTU, mas principalmente aos milhares de
operários e jovens que despontaram para a luta nestes últimos anos
dirigimos este chamado: a hora é de intensificar esforços na construção
dessa ferramenta revolucionária! Tomem esta bandeira em suas mãos!
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Leia o "Manifesto pela construção de uma nova organização socialista e revolucionária no Brasil"
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Leia o "Manifesto pela construção de uma nova organização socialista e revolucionária no Brasil"