Sexta, 1º de julho de 2016
André Richter – Repórter da Agência Brasil
O
ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, Fábio
Cleto, disse em depoimento de delação premiada que o presidente afastado
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), recebia 80% da propina
arrecadada entre empresas interessadas na liberação de verbas do Fundo
de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
A
informação consta de um trecho do depoimento de delação, divulgado após
decisão do ministro Teori Zavascki que determinou a prisão do doleiro
Lúcio Funaro, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de
atuar em favor de Cunha.
“A questão do pagamento de propina foi
inicialmente dita ao depoente por intermédio de Lúcio Bolonha Funaro,
que disse que, do valor total cobrado da propina, 80% ficaria com
Eduardo Cunha, 20% com Lúcio Bolonha Funaro; que dos 20% de Lúcio
Bolonha Funaro, [Fábio Cleto] teria direito a 40%, sendo que, destes
40%, por vontade do declarante, metade do valor seria repassado para
Alexandre Margotto [apontado como assessor de Funaro]”, diz trecho da
delação.
Lava Jato
Funaro foi preso hoje, durante mais uma fase da Operação Lava Jato,
da Polícia Federal. Ele foi encaminhado para o Instituto Médico Legal
(IML) da capital paulista e será levado para a sede da superintendência
da PF na cidade.
Em nota, Cunha negou as acusações de recebimento de propina e desafiou Cleto a provar as acusações. As acusações fazem parte da terceira denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no mês passado contra Cunha.