Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 17 de julho de 2016

O cerco à Lava Jato está unindo políticos, banqueiros e grandes empresários

Domingo, 17 de julho de 2016
Da Tribuna da Internet
Roberto Nascimento


Jamais, em tempo algum, esses poderosos poderiam imaginar que estariam na prisão ou na iminência de serem presos, a qualquer momento. Vivem em pânico a base de rivotril e calmantes. Observem só no noticiário recente, mostrando que mesmo após a deflagração da operação Zelotes, no ano passado, mais um integrante do Carf, aquele órgão julgador recursal do Ministério da Fazenda, base da Operação Zelotes, acaba de ser apanhado com a mão na massa e preso pela Polícia Federal. Ou seja, o conselheiro corrupto não deu a mínima importância ao fato de colegas seus terem sido presos negociando votos aos recursos apresentados pelos empresários.


Vejam a que ponto chegou a corrupção no país. Mesmo diante dos exemplos de figurões e políticos encarcerados, os corruptos continuam a delinquir.


IMPUNIDADE – Acho que estão acreditando e apostando em novas medidas favorecendo a impunidade, como a mordaça no Ministério Público, a volta da prisão somente após o trânsito em julgado em última instância e o execrável instituto do “abuso de autoridade”.


Será que o Poder Legislativo tem mesmo vocação para a autofagia e o precipício? Estão brincando com fogo; portanto, podem se queimar. Quando isso acontecer, o povo não moverá uma palha para tirar suas excelências do abismo, em direção ao qual caminham celeremente, por conta e risco próprios.


ACORDO SUJO – Já vi esse filme queimado diversas vezes. A aliança que levou Rodrigo Maia ao cargo de presidente da Câmara até 2017 está inserida na proteção a empresários e financiadores de campanha. O PT participou do acordo. Não importa para os políticos a sigla que vence uma disputa, e sim os objetivos de seus líderes. Com Rogério Rosso, seria a mesma coisa, com o detalhe de favorecer o grupo de Eduardo Cunha, o grande derrotado na vitória do deputado ultraconservador do DEM (Partido Democrata).


Para completar o cenário pessimista, há um complô para acabar com a Lava Jato, e o deadline (fim) da operação foi fixado para dezembro de 2016. Querem zerar o jogo a partir de 2017. Os políticos não aguentam mais o stress, a espera de que sejam os próximos a receberem a visita dos federais já pela manhã.


O FIM DA LAVA JATO – Vai acabar a Lava Jato não somente porque expõe as veias abertas da corrupção de empresários e dos três Poderes, mas também porque o povo não pode saber como agem seus representantes, já sabe demais e é preciso parar de informar o povo mais do que ele deve saber.


Vai acabar a Lava Lato porque as delações premiadas expõem gregos e troianos da classe A, que não aguentam as prisões por muito tempo sem caírem em profunda depressão. E também,  porque os empresários receosos da prisão não querem mais doar os superfaturamentos de obras públicas para o caixa 2 dos partidos políticos.


Vai acabar a Lava Jato porque temem o juiz Sérgio Moro e sua honradez, a sua agilidade no ato de sentenciar, além do ciúme de seus pares, que não aguentam mais os elogios que Moro recebe no Brasil e no exterior. Por fim, vai acabar a Lava Jato porque os que mandam consideram que cadeia foi feito para pobre entrar nela. Rico tem que estar em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica.


Não há a menor preocupação com os destinos do Brasil, o foco é o fim da Lava Jato. E o que fazer?