Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 14 de março de 2017

Brasil: Intensificar as lutas nas ruas para derrotar o governo golpista

Terça, 14 de março de 2017
Do Resistir.Info
por PCB
A situação do país é muito grave e a paciência da população está chegando ao limite. A economia brasileira está em frangalhos, com a maior recessão de sua história moderna: o desemprego já atinge 13 milhões de trabalhadores com carteira assinada [1] e mais cerca de 7 milhões que já desistiram de procurar emprego, além do arrocho salarial e a queda na renda [2] da população. A crise financeira dos Estados e Municípios está levando o caos aos serviços públicos, com o precário atendimento à saúde, atraso de salários e demissão de funcionários públicos, processo que se agrava com a crise nas penitenciárias brasileiras, cuja face mais visível são os massacres ocorridos em vários Estados.


O governo Temer assumiu, por intermédio de um golpe parlamentar e midiático, com o objetivo central de aplicar um ataque brutal aos direitos dos trabalhadores, da juventude e da população em geral, mediante o ajuste fiscal, a reforma trabalhista e da previdência, a reforma do ensino médio e a entrega do pré-sal e do Aquífero Guarani para as multinacionais, além das privatizações do patrimônio público, tudo isso para favorecer o capital monopolista, os banqueiros e o agronegócio. Um governo completamente desmoralizado perante a opinião pública, mas que ainda se sustenta porque está realizando o trabalho sujo para o grande capital nacional e internacional.

A ofensiva contra os trabalhadores, as negociatas, os escândalos diários e o mar de lama da corrupção são tamanhos que a maioria da população ainda está perplexa diante da crise. Mas é necessário acabar com o desânimo, sacudir a poeira e dar a volta por cima, retomar as manifestações de rua e as lutas nos locais de trabalho, moradia e estudo para derrubar o governo usurpador. Só teremos condições de mudar a atual correlação de forças e construir uma nova realidade, em que as instituições estejam voltadas a atender os interesses populares, se as massas forem à luta contra o governo. Portanto, é hora de reunir forças para derrotar o governo e reverter as medidas tomadas contra os trabalhadores, a juventude e a população em geral.

Os trabalhadores da Prefeitura de Florianópolis demonstraram que o caminho da vitória contra os pacotes neoliberais aplicados por governos burgueses é a luta levada a cabo com muita unidade e organização. Após 38 dias de greve, os servidores e as servidoras municipais daquela cidade barraram o pacote de maldades do prefeito Gean Loureiro. A greve terminou no dia 23 de fevereiro, com uma grande vitória da classe trabalhadora em defesa do serviço público. É urgente que ações como esta, que estão ocorrendo de forma fragmentada em vários municípios e estados, contribuam para a formação de um poderoso movimento nacional unificado de lutas, organizado para barrar os ataques promovidos pelos patrões e governos. O PCB propõe um calendário de reuniões com organizações da esquerda socialista e dos movimentos sociais, assim como as entidades nacionais da luta sindical e democrática, visando à articulação de um espaço de lutas mais amplo, para além dos blocos e frentes da esquerda socialista, pois, em razão das ameaças às liberdades democráticas e à soberania nacional, há um vasto campo progressista que poderá ser atraído para engrossar e fortalecer as lutas anticapitalistas e contra os ataques aos direitos dos trabalhadores.

É imprescindível que, no interior do campo unitário, se fortaleça a esquerda socialista e classista, com vistas a constituir uma frente política permanente, um campo alternativo à política de conciliação de classes e à direita, capaz de garantir que os interesses dos trabalhadores não sejam trapaceados por quem visa apenas canalizar a insatisfação popular para as eleições em 2018. Quanto mais forte esse bloco estiver, maiores serão as possibilidades para se avançar no rumo das conquistas populares.

[1] Refere-se à carteira emitida pelo Ministério do Trabalho para cada trabalhador, a qual deve ser assinada por quem o contrata. 

[2] Quer dizer rendimento.

O original encontra-se no jornal Poder Popular , Março/2017 

Este editorial encontra-se em http://resistir.info/ .