Domingo, 10 de julho de 2016
José Romildo – Correspondente da Agência Brasil
No terceiro dia consecutivo de protestos contra a ação
violenta da polícia em relação aos negros, milhares de manifestantes
fizeram passeatas ontem (9) pelas ruas de Nova York, Washington e
dezenas de outras cidades dos Estados Unidos. Em algumas localidades,
houve prisões, tumultos e pessoas feridas em consequência do conflito
entre manifestantes e policiais. Os líderes dos movimentos pretendem
continuar protestando hoje (10) e nos próximos dias.
Os
manifestantes protestam contra a morte de dois negros, por policiais
brancos, em uma das semanas mais violentas – envolvendo questões raciais
- da história recente dos Estados Unidos.
Centenas de
manifestantes marcharam da Prefeitura de Nova York, até a Union Square,
uma área histórica importante da cidade. A multidão, que passou pela 5ª
Avenida, ecoava as palavras de ordem: "Não à polícia racista" e "Sem
justiça, não há paz".
Em Washington, a capital dos Estados
Unidos, dezenas de pessoas protestaram pacificamente do lado de fora do
prédio do Departamento de Justiça norte-americano. Os manifestantes
seguravam velas e cantavam "Não nos moverão". As polícias local e
federal monitoraram o protesto.
A Rodovia I-94, que atravessa
Minneapolis e Saint Paul, as duas principais cidades do estado de
Minnesota, foi bloqueada por manifestantes. Com a chegada da polícia, os
manifestantes tiveram que desbloquear a estrada. Ao serem
desmobilizados, porém, jogaram pedras, garrafas e até restos de material
de construção civil nos policiais. Três integrantes das forças de
segurança foram feridos. A polícia fez prisões, disparou balas de
borracha e jogou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Segundo a polícia, a estrada voltará a ser aberta hoje (10).
Nas
ruas de São Francisco, no estado da Califórnia, centenas de
manifestantes bloquearam ruas da cidade. Eles impediram a entrada e a
saída de veículos da Ponte Bay, que liga São Francisco à cidade de
Oakland. A polícia da Califórnia interveio em pelo menos duas ocasiões
para liberar o tráfego pela ponte.
Houve também protestos na região central da Califórnia, onde manifestantes bloquearam estradas.
Em
Denver, capital do estado de Colorado, manifestantes estão sentados em
frente ao prédio da prefeitura ou acampadas no Parque Cívico da cidade.
Eles afirmam que vão ficar lá por vários dias.
Centenas de
pessoas fizeram passeata pacífica em West Palm Beach e Fort Lauderdale,
na Flórida, como parte do movimento em favor das causas dos
afrodescendentes.
Contexto
Os protestos
estão ocorrendo em razão da morte de negros durante esta semana, em
situações e locais distintos. As ações policiais foram filmadas em
aparelhos celulares e divulgadas pelas redes sociais. A ampla exibição
dos vídeos contribuiu para aumentar o sentimento de indignação em
comunidades que lutam pelos direitos humanos nos Estados Unidos.
No
primeiro incidente, Alton Sterling, 37 anos, estava vendendo CDs em uma
loja de conveniência, terça-feira (5), em Baton Rouge, capital do
estado de Louisiana, quando policiais que o abordaram, ordenaram que ele
se deitasse ao chão e o mataram a tiros. A ação dos policiais foi
filmada por uma testemunha.
No segundo caso, Philando Castile, 32
anos, foi morto a tiros na quarta-feira (6) por um policial em uma
blitz de rotina próxima à cidade de Saint Paul, no estado de Minnesota. A
morte de Philando foi filmada pela sua namorada, Diamond "Lavish"
Reynolds, que estava no carro. A filha de Diamond, de quatro anos,
encontrava-se igualmente no veículo.
Na quinta-feira (7), em
Dallas, no estado do Texas, centenas de pessoas foram às ruas para
protestar contra a morte de Alton Sterling e Philando Castile. O
protesto, que estava sendo acompanhado por um cordão de segurança
formado por policiais da cidade, transcorria calmo. Por volta das 21h,
porém, um reservista do Exército americano, identificado como Micah
Johnson de Mesquite, atirou e matou cinco policiais. Cercado pela
polícia, durante negociações que duraram várias horas, o atirador
negou-se a se entregar. A polícia, então, acionou um robô equipado com
uma bomba e matou o reservista.