Terça, 9 de agosto de 2016
Conselho Federal de Medicina defende mais verbas para o setor
Os chamados “planos populares” de saúde defendidos pelo ministro
interino da Saúde, Ricardo Barros, como saída para resolver os problemas
do SUS, não são a solução – e sim mais recursos – conforme o Conselho
Federal de Medicina (CFM).
Nesta sexta-feira (5), quando as atenções do país estavam voltadas
para o início oficial dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o
Ministério da Saúde publicou no Diário Oficial a criação de um grupo de
trabalho para discutir e elaborar projetos de convênios médicos privados
de baixo custo, porém, de cobertura limitada.
Em nota oficial, o CFM se posicionou de maneira crítica à proposta do
ministro Barros, que teve campanha financiada principalmente pelos
planos de saúde. Para a entidade médica, “a venda de ‘planos populares’
apenas beneficiará os empresários da saúde suplementar e não trará
solução para os problemas do Sistema Único de Saúde”.
Esses planos, limitados a consultas ambulatoriais e exames de menor
complexidade, conforme o CFM, “não evitarão a procura pela rede pública
ou impacto prejudicial ao financiamento do SUS”.
A entidade defende medidas estruturantes, com mais recursos para o
setor, o aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão, a criação de
políticas de valorização dos profissionais, como uma carreira de Estado
para os médicos, e o combate à corrupção.
“Somente a adoção de medidas dessa magnitude será capaz de devolver à
rede pública condições de oferecer, de forma universal, o acesso à
assistência segundo parâmetros previstos na Constituição de 1988 e com
pleno respeito à dignidade humana”, defende o CFM.
Íntegra da nota:
Em relação à portaria do Ministério da Saúde publicada no Diário
Oficial da União desta sexta-feira (5), que cria Grupo de Trabalho para
discutir e elaborar o projeto de plano de saúde com caráter popular, o
Conselho Federal de Medicina (CFM) informa que:
A autorização da venda de “planos populares” apenas beneficiará
os empresários da saúde suplementar, setor que movimentou, em 2015 e em
2016, em torno de R$ 180 bilhões, de acordo com a Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS);
Se implementada, esta proposta não trará solução para os
problemas do Sistema Único de Saúde (SUS), possivelmente sem a inclusão
de doentes crônicos e idosos, resultando em planos limitados a consultas
ambulatoriais e a exames subsidiários de menor complexidade. Portanto,
não evitarão a procura pela rede pública ou impacto prejudicial ao
financiamento do SUS;
Propostas como a de criação de “planos populares de saúde” apropriam-se e distorcem legítimos desejos e anseios da sociedade;
Na expectativa de um novo governo e de uma nova cultura de
proficiência, eficácia e probidade na Nação, a sociedade conta, na
verdade, com a adoção de medidas estruturantes para o SUS, como: o fim
do subfinanciamento; o aperfeiçoamento dos mecanismos de gestão; a
criação de políticas de valorização dos profissionais, como uma carreira
de Estado para os médicos; e o combate à corrupção.
Somente a adoção de medidas dessa magnitude será capaz de
devolver à rede pública condições de oferecer, de forma universal, o
acesso à assistência segundo parâmetros previstos na Constituição de
1988 e com pleno respeito à dignidade humana.