Segunda, 29 de agosto de 2016
Douglas Corrêa - da Agência Brasil
A Câmara Municipal do Rio, núcleos de Defesa dos Direitos
da Mulher e Contra a Desigualdade Racial da Defensoria Pública e a
Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ)
condenaram hoje (29) declarações machistas e racistas do prefeito
Eduardo Paes (PMDB), feitas em maio do ano passado, durante a entrega de
um apartamento a uma mulher no Morro da Babilônia, zona sul da cidade.
Na
solenidade, Paes afirmou que a mulher iria “trepar muito” no quarto do
novo imóvel. As declarações vazaram e foram divulgadas em vídeo nas
redes sociais. Ao entrar no apartamento para entregar as chaves, a
moradora, identificada por Rita, o prefeito começou a fazer várias
insinuações sobre sexo e que a contemplada deveria usar o quarto para
ter muitas relações sexuais. Em seguida, ainda diz rindo para os
presentes que a nova moradora vai fazer "muito canguru perneta" no
local.
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara de
Vereadores do Rio, presidida pelo vereador Jefferson Moura (Rede),
também se posicionou contra a conduta do prefeito Eduardo Paes durante
entrega de chave de imóvel para a moradora identificada como Rita.
Notas
No
texto, os dois núcleos das entidades de classe, repudiam a atitude do
prefeito Eduardo Paes e reafirmam o engajamento na luta contra o racismo
e machismo estruturais.
Em nota, o núcleos lamentam a
demonstração de machismo associado ao racismo que o prefeito do Rio de
Janeiro expôs sua visão acerca das mulheres negras e pobres do Brasil.
"Reforçando a objetificação do corpo da mulher e ainda o estereótipo da
raça, o chefe do Executivo municipal, ao bradar em público a humilhante
ideia que faz de uma cidadã, apenas concretiza em sua fala a assimetria
de poder e reconhecimento latente nas relações sociais".
“O
caso não deve ser tratado de forma isolada e jamais poderia ser
rotulado como gafe ou piada de mau gosto. Em outras ocasiões, ocupantes
de cargos da mais alta cúpula da administração já se manifestaram
publicamente de forma semelhante, ao afirmar que favelas são fábricas de
marginais e ainda que comunidades carentes têm taxas de natalidade no
padrão África”, acrescentou a nota.
O comunicado conjunto
informou ainda que “é tempo de a sociedade enxergar os cruéis rótulos
que recaem sobre as mulheres negras brasileiras, que exigem de cada um
de nós um posicionamento firme e definitivo, não só contra pessoas
racistas e misóginoa, mas sim contra toda a estrutura desigual que
submete mulheres negras ao empobrecimento, à invisibilidade, à
(hiper)erotização de seus corpos”.
Desrespeito
Segundo
o vereador Jefferson Moura, o prefeito desrespeitou simultaneamente a
Lei de Contravenções Penais e o Código Civil. A comissão pede retratação
pública do prefeito e conduta compatível com o cargo que ocupa.
Também
por meio de nota, a comissão desaprova veementemente a conduta do
prefeito Eduardo Paes na ocasião da entrega das chaves à Rita,
contemplada com um apartamento pela prefeitura.
"Um vídeo
amplamente divulgado pela imprensa e pelas redes sociais comprova a
atitude incompatível com o cargo que ocupa. Em pelo menos três momentos
sugere que a beneficiária levará muitos namorados para fazer sexo no
imóvel construído com dinheiro público.Por tudo exposto, a
comissão exige do prefeito postura compatível com o cargo que ocupa,
respeitando todos os moradores da cidade e pede que se retrate
publicamente.
A prefeitura do Rio informou que não vai se pronunciar sobre o caso.