Da Tribuna da Imprensa Sindical
Pedro Porfírio
Engana-se
quem pensa que o assalto aos cofres públicos se limita a propinas, a
superfaturamentos e a desvios de dinheiro no varejo.
Pode-se
afirmar que essa é a parte mais fuleira da engrenagem criminosa. É até a
mais visível. Mas isso é pura roubalheira de ocasião.
O
grosso está nos grandes negócios como a privataria tucana (quando a
Vale do Rio Doce foi doada de mão beijada a valores simbólicos) e a
astúcia contábil de alto teor corrosivo.
É
o caso da matreira "reforma" da previdência, o "sonho de consumo" de
todos os bancos (já não são muitos, aliás) aqueles que lucram fortunas
com a mais impune agiotagem enquanto o resto da economia, a produtiva,
vai mal das pernas.
Além
de já mamarem 12% do que devemos de imposto de renda, através do PGBL,
eles se estruturaram para uma previdência privada, cujos mecanismos e
remuneração de retorno é uma incógnita muito a semelhança da relação de
hoje: eles te remuneram menos de 1% ao mês por uma aplicação, mas quando
você cai nos juros do cartão ou do cheque especial fica devendo mais de
10% ao mês.
Quando
mete a faca no nosso bolso, o governo sabe que responde pela seguridade
social, para onde a Constituição de 1988 carimbou alguns tributos, que
são apropriados pelo Ministério da Fazenda na maior cara de pau. Com
esse desvio interno de verbas a turma a serviço dos bancos pode falar em
déficit da previdência, cujo modelo no Brasil tem fôlego mais de 20
anos: há hoje 20 trabalhadores de carteira assinada para 8 inativos. E
só por via direta, 23% de cada salário vai para o INSS.
O
buraco é mais em cima. O grande vilão mesmo é o chamado déficit da
dívida interna: 40% de toda a arrecadação escorrem pelo ralo do
"pagamento" da dívida interna, isto é para manter o sistema de
especulação, cujo rombo, este sim, cada vez aumenta mais.
O
modelo previdenciário brasileiro – o da solidariedade entre as gerações
– que pretendem detonar desde a ditadura militar, tem uma influência
cardeal na vida das nossas cidades do interior: em 69% deles, os
benefícios pagos superam os repasses constitucionais do FPM – Fundo de
Participação dos Municípios. Em 35% delas, o dinheiro dos aposentados e
pensionistas são superiores às receitas das prefeituras, segundo o site
Compara Brasil.
Em
outras palavras, se esses parlamentares filhos das putas aprovaram o
modelo do banqueiro Henrique Meireles, sob os auspícios do impostor,
estarão dando tiros nos próprios pés (deixando seus redutos a pão e
água) e ferrando o Brasil inteiro, de ontem, hoje e amanhã.