Sexta, 22 de abril de 2022

“Três em cada dez domicílios da Fercal convivem com esgoto a céu aberto. Além da Fercal, Sobradinho II conta com saneamento em menos da metade de seus domicílios e a Estrutural com 62%. - Foto: Thiago Araújo / INESC
Estudo aponta crescente disparidade social e econômica no DF, esgoto à céu aberto e falta de água são pontos críticos.
Roberta Quintino
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 22 de Abril de 2022
Construída para ser o centro do poder e das decisões sobre o país, Brasília completou 62 anos nesta quinta-feira (21). A capital federal, marcada por seus monumentos, pelo céu de cores fortes e pelos ipês que colorem a cidade é notada também pelo abismo da desigualdade social e econômica entre as 33 regiões administrativas do Distrito Federal.
De acordo com a assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Cléo Manhas, o “começo” de Brasília “deu o tom para o que somos hoje”. Para ela, a desigualdade é um aspecto presente no território desde a construção da cidade, “que já chegou tomando conta de um espaço, como se vazio fosse, desconhecendo os que aqui já viviam e suas histórias”.
A assessora explica que houve uma segregação populacional entre “os que vieram construir a cidade, priorizando os altos funcionários, para os quais eram oferecidas moradia, condições dignas e muitas vezes privilegiadas em detrimento daqueles que foram jogados para as periferias. E governos depois de governos não tomam medidas estruturantes, que realmente atuem na redução das desigualdades existentes”.
A partir do Mapa das Desigualdades do Distrito Federal, produzido pelo Inesc e o Movimento Nossa Brasília. O Instituto elaborou o documento “Agenda 10 DF”, que aponta as enormes desigualdades que abrem fossos entre as chamadas regiões nobres e as cidades periféricas, e traz recomendações que visam diminuir as distâncias social e econômica entre a população.
O Índice de Gini, um parâmetro internacional que mede a desigualdade na distribuição de renda de um território, indica que o Distrito Federal ocupa a segunda posição no ranking de desigualdade econômica em comparação com outros estados, atrás apenas de Sergipe.