Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Justiça determina que DF mantenha candidata em concurso da PMDF

Sexta, 14 de fevereiro de 2025
Imagem ilustrativa

Do TJDFT

Decisão, unânime, da 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou que o Distrito Federal mantenha uma candidata nas fases do concurso público destinado à seleção de Praças para a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). A candidata teria sido excluída do certame sob à alegação de que teria deixado de entregar um dos exames solicitados no edital do concurso.

Na origem, a candidata ajuizou ação em desfavor do Distrito Federal, com o intuito de obter a declaração de nulidade do ato administrativo que determinou sua eliminação do certame público destinado ao preenchimento das vagas ao cargo de Policial Militar do Distrito Federal sob o argumento de que teria deixado de entregar o exame de “mapeamento da retina”.

A autora afirmou que as provas apresentadas por ela são suficientes para demonstrar que o exame de “mapeamento de retina” foi devidamente realizado, em conjunto com os demais exames médicos solicitados, bem como a entrega do respectivo documento, tempestivamente, à banca examinadora. Alegou, ainda,  que a banca, em razão da desorganização para lidar com a elevada quantidade de documentos recebidos pelos candidatos, perdeu o documento referente ao exame de “mapeamento da retina”.

EXTREMISMO —Deputada Laura Sito (PT-RS) denuncia 'ataque coordenado' com agressões e ameaças virtuais

Sexta, 14 de fevereiro de 2025
Laura Sito tem atuação na área da defesa dos direitos humanos - Foto: Thanise Melo

Redes sociais de deputada estadual gaúcha sofreram difamações e agressões racistas

Redação
Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) | Postado originariamente no BdF em 13 de fevereiro de 2025

Grupos de extrema direita do Rio Grande do Sul retomaram ações criminosas na internet atacando lideranças expressivas de partidos de esquerda. A deputada estadual Laura Sito (PT) tem sido uma de suas principais vítimas e vem sofrendo calúnias, difamações e agressões racistas em suas redes sociais desde a tarde de sábado (8).

As novas agressões começaram após a circulação de um vídeo no qual a parlamentar criticava os preços dos alimentos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). No vídeo, gravado em junho de 2022, Laura Sito realiza uma intervenção em um supermercado de Porto Alegre, destacando a disparidade nos preços de produtos básicos entre os dois períodos governamentais.

A deputada explica ao Brasil de Fato RS que o vídeo antigo tinha o objetivo de evidenciar o impacto das políticas econômicas na vida cotidiana dos brasileiros. "Quando fui ao supermercado em 2022, o que eu fiz foi escancarar a realidade de milhões de brasileiros que estavam — e continuam — pagando caro pela comida. Denunciar a fome e o impacto das políticas econômicas na vida do povo não é crime".

Recentemente, o vídeo voltou a circular nas redes sociais em páginas de direita, levando a uma onda de ataques direcionados à deputada. Além de questionamentos sobre sua atuação, a deputada tem recebido comentários ofensivos, misóginos e racistas. Laura Sito publicou um vídeo informando do ataque organizado sofrido em suas redes.

Uma usuária do Instagram a chama de “puta negra”. No X (antigo Twitter), um perfil comemorava sua suposta morte, evidenciando a gravidade da situação. Um vídeo construído através de inteligência artificial, ridicularizava a imagem da deputada gritando e rolando no chão. Esta última postagem chama atenção pela falta de regulação do uso de inteligência artificial, especialmente em casos de difamação.

Laura Sito destaca que já enfrentou ataques anteriormente. "Ameaças diretas e até agressões físicas no exercício do meu mandato. E sigo aqui porque minha luta não é solitária. Somos muitas. E é justamente essa força coletiva que assusta aqueles que apostam no ódio e na desinformação."

A deputada afirma que seu mandato está tomando todas as medidas judiciais cabíveis para responsabilizar os autores dos crimes, mas que não vai se limitar a isso. "Seguiremos ocupando as ruas, as redes e os espaços de decisão para garantir que a política seja, de fato, um espaço para todos e todas”, pontua.

Histórico de agressões

A deputada estadual Laura Sito, conhecida por sua atuação em defesa dos direitos humanos e pela luta contra o racismo, já foi alvo de agressões em outras ocasiões. Em dezembro de 2021, enquanto atuava como vereadora em Porto Alegre, ela e outros membros da bancada negra da Câmara Municipal receberam ameaças de morte por e-mail.

Mais recentemente, em setembro de 2023, já como deputada estadual e presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, foi agredida por agentes da Guarda Municipal de Porto Alegre enquanto acompanhava a entrega de alimentos e água a famílias do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) que ocupavam um prédio no centro da cidade.


Edição: Katia Marko

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Floresta em pé —Preservação florestal é mais rentável do que desmatamento, aponta estudo

Quinta, 13 de fevereiro de 2025

Análise indica que o manejo sustentável da floresta é mais lucrativo do que a pecuária - Divulgação/Polícia Federal

Análise do Imaflora considerou ganhos provenientes de atividades extrativistas, manejo sustentável e créditos de carbono

Carolina Bataier
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 13 de fevereiro de 2025

O desmatamento no sul do Amazonas pode gerar um prejuízo acumulado de R$ 15 bilhões em 30 anos, de acordo com estudo inédito publicado nesta quarta-feira (12) pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal (Imaflora). O cálculo foi feito usando como base o valor resultante de atividades não degradantes da floresta, como o extrativismo, o manejo sustentável da madeira e os projetos de créditos de carbono.

Para a pesquisa, o instituto considerou as terras públicas não destinadas — áreas não protegidas pelo estado ou governo federal, também chamadas de Florestas Públicas Não Destinadas (FPND) — na região sul do Amazonas, no entorno da rodovia BR 319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

"O uso sustentável das FPNDs é muito mais eficiente do que sua conversão para pastagens, por exemplo", destaca Pedro Gasparinetti, um dos autores da análise.

Segundo a pesquisa, um hectare de floresta conserva 324 toneladas de carbono, "o que pode atrair bilhões em investimentos de mercados de carbono", aponta o estudo. "Em comparação, a pecuária extensiva, que é um dos principais motores do desmatamento na região, gera apenas R$ 500 a R$ 750 por hectare/ano, um valor muito inferior ao que as florestas em pé podem proporcionar", avalia Marco Lentini, coautor do boletim.

PF mira suspeitos de invadir sistemas do CNJ para soltar presos



Quinta, 13 de fevereiro de 2025
Advogados teriam participado de fraudes

© Divulgação/Polícia Federal

Agência Brasil
Publicado em 13/02/2025 — Brasília
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (13) a operação Data Change, que tem como alvo um grupo criminoso que conseguiu invadir os sistemas de execução penal e de mandados de prisão mantidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) visando soltar criminosos de alta periculosidade.

Os agentes cumpriram oito mandados de busca e apreensão em Goiânia. Há a suspeita de que advogados participaram das fraudes. A seccional de Goiás da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) disse acompanhar as diligências.

Violência no campo —Agricultor e liderança da luta pela terra é morto a tiros em Vitória do Xingu (PA)

Quinta, 13 de fevereiro de 2025

Ednaldo Palheta da Cunha era presidente da Associação dos Pequenos Agricultores do KM 40
 
crime ocorreu diante do filho do agricultor, de 11 anos — Reprodução/Redes sociais/MAB

Redação
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 13 de fevereiro de 2025

O agricultor Ednaldo Palheta da Cunha, liderança de um acampamento em Vitória do Xingu (PA), foi morto a tiros na noite de terça-feira (11). Ele era presidente da Associação dos Pequenos Agricultores do KM 40.

O crime ocorreu diante do filho do agricultor, de 11 anos. Conforme o relato da criança à polícia, obtido pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do qual Ednaldo participava, dois homens de capacete abordaram Ednaldo em uma estrada na zona rural do município e, em seguida, atiraram. A vítima ainda teria tentado fugir, mas morreu no local.

BR-040: privatização da Via dos Cristais é assinada com grupo francês

Quinta, 13 de fevereiro de 2025


Empresa francesa Vinci Highways tem agora trinta dias para assumir em definitivo o trecho denominado Via dos Cristais, de 594,8 km, contados a partir do km 95 da BR-040, nas imediações de Cristalina, até o Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Em março devem começar as obras iniciais de revitalização, bem como a cobrança de pedágio. Foto de Renato Alves/Agência Brasília.

Por Chico Sant’Anna

O relógio com a contagem regressiva já foi acionado. A empresa francesa Vinci Highways assinou, com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o contrato de gestão do trecho da BR-040 entre Belo Horizonte (MG) e Cristalina (GO), denominado Via dos Cristais. Com a assinatura do contrato, começa a correr o prazo de trinta dias em que a transferência da gestão para a nova empresa se dê por completo e ela passe a cobrar pedágio. A expectativa é que isso ocorra na segunda quinzena de março.

STJ nega mais prazo para regulamentar cannabis para fins medicinais

Quinta, 13 de fevereiro de 2025

Anvisa e União pediam ampliação de 6 para 12 meses


© Pfüderi/ Pixabay

André Richter – Repórter da Agência Brasil
Brasília

A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, nesta quarta-feira (12), rejeitar a ampliação do prazo para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentar a importação de sementes e o cultivo de cannabis (maconha) exclusivamente para fins medicinais, farmacêuticos e industriais.

O colegiado julgou um pedido da União e da Anvisa para ampliar o prazo para 12 meses. Em novembro do ano passado, a Primeira Seção autorizou a importação e determinou que a regulamentação seja feita no prazo de 6 meses.

Por unanimidade, os ministros entenderam que o prazo foi amplamente discutido durante o julgamento do caso e negaram o recurso.

A decisão que liberou a importação vale para o chamado cânhamo industrial (hemp), variedade de cannabis com percentual menor de 0,3% de tetrahidrocanabinol (THC), princípio psicoativo da maconha.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Polícia Federal deflagra operação contra suspeito de ameaçar Lula

Quarta, 12 de fevereiro de 2025

Acusado terá de manter distância e usar tornozeleira eletrônica

Agência Brasil
Publicado em 12/02/2025
Brasília
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira (12), uma operação para investigar e coibir ameaças de morte contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo as investigações, um indivíduo fez postagens em redes sociais ameaçando praticar um atentado contra o presidente durante sua visita a Belém, nesta quinta-feira (13), onde Lula cumprirá uma série de compromissos oficiais.

Luta por justiça —Memória de Irmã Dorothy continua a inspirar defensores da floresta e dos direitos humanos 20 anos após assassinato

Quarta, 12 de fevereiro de 2025
Dorothy era conhecida pela grande articulação, o que contribuía para a conquista e defesa de direitos dos camponeses - Carlos Silva/Dilvugação

Eventos são realizados anualmente para manter vivo legado da ativista e religiosa

Eraldo Paulino
Brasil de Fato | Belém (PA) | 12 de fevereiro de 2025

Nesta quarta-feira (12), completam-se 20 anos desde que a missionária Dorothy Stang foi assassinada em Anapu, no Pará. Duas décadas depois do crime que chocou o mundo, segue presente o sentimento de luta e esperança, mas também de resistência, uma vez que, para os defensores de direitos humanos, o desfecho do caso traz sensação de impunidade. Além disso, a região segue sendo alvo de fazendeiros que atuam como coronéis, e camponeses continuam sendo ameaçados e assassinados.

Dos cinco condenados pelo assassinato de irmã Dorothy, apenas um segue preso em regime fechado. Trata-se de Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, que atirou seis vezes em Dorothy. O comparsa dele, Clodoaldo Carlos Batista, e outros dois mandantes, Regivaldo Pereira Galvão e Vitalmiro Bastos de Moura, estão em prisão domiciliar. Já Amair Feijoli Lima cumpre pena em regime aberto. Não à toa, hoje Anapu é considerada a 13ª cidade mais violenta da Amazônia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

“O processo da Dorothy seguiu o mesmo percurso que outros casos aqui na Amazônia seguem. Prende, condena, mas os responsáveis ficam em liberdade”, avalia Alcidema Coelho, coordenadora do Comitê Dorothy, que há 20 anos congrega organizações inter-religiosas e movimentos sociais. Segundo ela, os fazendeiros da região seguem o mesmo modus operandi, fazendo ameaças físicas, psicológicas, e assassinando. “O último relatório da Sociedade Paraense de Direitos Humanos aponta que tem hoje no Pará 143 defensores de direitos humanos ameaçados”, pontua.

Entre as vítimas de perseguição, que aliaria forças envolvendo políticos, judiciário e policiais, está Padre Amaro Lopes, preso em 2018 e acusado pelos crimes de associação criminosa, ameaça e extorsão. Amaro é oriundo da comunidade na qual que outro religioso defensor de direitos humanos, Padre Josimo, foi assassinado a mando de fazendeiros, em 1986, onde hoje é o estado de Tocantins.

Na época, Amaro atuava na delegacia sindical. Ao chegar em Anapu, em 1989, teve Dorothy como outra grande formadora. Ao se sagrar padre, atuava junto com a ativista pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e é considerado uma das principais lideranças religiosas da região.

“Eu fiquei 93 dias preso. Durante esse tempo eu lia muito a biografia de Nelson Mandela, que passou 27 anos preso. Também me inspirava muito em Dorothy, que mesmo aos 73 anos de idade, jamais se acovardou. Eu fui formado pra isso, para estar ao lado do povo. Esse tipo de coisa nos abala, mas não vai me fazer desistir”, relata padre Amaro. Segundo ele, da mesma forma como a justiça pode ser “amena” com os assassinos, como no caso Dorothy, ela pode apoiar os interesses dos poderosos da região de outras formas, seja pela ausência, seja pela morosidade. “Todas as provas que foram apresentas contra mim foram refutadas, mas até hoje eu preciso comparecer ao fórum para assinar um papel”.


Dorothy segue inspirando

Dorothy e as irmãs de Notredame foram para o município de Anapu, na região do Xingu no Pará, em 1982. Lá, iniciaram um processo de luta junto aos colonos e colonas e à população camponesa, que sofriam nas mãos de grileiros durante a invasão de suas terras e com a destruição de propriedades. Esse processo culminou na criação dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável, os PDSs. Toda a mobilização, que envolvia Ministério Público, Defensoria Pública e Prelazia do Xingu, não demorou para gerar reações dos coronéis da região.

“Ela tinha muita clareza do que ela queria fazer. Se tu visse o lugar onde Dorothy morava, era uma casinha de madeira. Qualquer pessoa poderia chegar lá e assassiná-la”, recorda irmã Sandra Araujo, da mesma congregação de Notredame da missionária, que foi a primeira vocacionada da região, inspirada pela luta de Dorothy, e testemunhou vários processos de ameaça contra ela e os camponeses que lutavam pelo direito à terra e para fazerem uma produção agroecológica.

PRIVATIZAÇÃO —'Ilegal': organizações criticam Comitê Gestor de Saúde criado por Ibaneis Rocha e presidido por Secretário de Economia

Quarta, 12 de fevereiro de 2025

Decreto é apontado como tentativa de terceirizar gestão da saúde no DF

Comitê Gestor de Saúde do DF será presidido pelo secretário de Economia Ney Ferraz, responsável por indicar os membros do órgão - Foto: Arquivo/Agência Brasília

Bianca Feifel
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 11 de fevereiro de 2025

O Governo do Distrito Federal (GDF) deu mais um passo rumo à privatização da saúde. Sem realizar consulta pública, o governador Ibaneis Rocha (MDB) criou, por meio de decreto, o Comitê Gestor de Saúde do DF. Com a função de coordenar e executar políticas de saúde, o Comitê é vinculado à Secretaria de Economia do DF (SEEC-DF) e terá como presidente o secretário Ney Ferraz.

O decreto nº 46.833 foi divulgado em edição extra do Diário Oficial do DF (DODF) de sexta-feira (7) e é criticado por parlamentares e por membros do Conselho de Saúde do DF (CSDF), órgão deliberativo composto por representantes da sociedade civil e por trabalhadores da saúde, que não foi consultado pelo governo em relação ao Comitê. Essa seria uma das ilegalidades do decreto, que também contraria a Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (SUS).

Para Adriano Borges, que integra o Conselho no segmento usuário pelo Movimento Popular por Moradia do DF (Amora), o decreto é “antidemocrático” e visa entregar a estrutura e a execução da política de saúde para pessoas aliadas do governador.

“Eu entendo como um decreto antidemocrático que visa acabar com o controle social no Distrito Federal, e com as prerrogativas e as funções do Conselho de Saúde do DF, para passar a política pública de saúde para algumas pessoas de interesse do governador, que se demonstra mais uma vez ser antidemocrático e que não respeita as normas do SUS e da Constituição Brasileira. Porque a Constituição prevê o controle social, a participação da comunidade nas políticas públicas de saúde com natureza deliberativa”, afirma o conselheiro.

MPDFT cobra esclarecimentos sobre Comitê Gestor de Saúde do DF

Quarta, 12 de fevereiro de 2025

Promotorias de Saúde cobram esclarecimentos sobre funcionamento, composição e poder decisório do grupo, criado em fevereiro de 2025

Do MPDFT

As Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) expediram, nesta terça-feira, 11 de fevereiro, ofício ao presidente do Comitê Gestor de Saúde do Distrito Federal, para requisitar informações detalhadas a respeito do funcionamento e composição do Comitê. O prazo de resposta é de cinco dias.

No documento, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) destaca que a saúde pública do Distrito Federal enfrenta problemas estruturais há anos, como subfinanciamento, superlotação, déficit de profissionais, gestão ineficiente, ingerência política e infraestrutura precária. Segundo as Prosus, essas deficiências combinadas resultam em um cenário caótico em desfavor da própria população do Distrito Federal.

O Comitê Gestor de Saúde foi criado por meio de decreto para coordenar e executar as ações distritais correlatas à organização e à elaboração de planos e políticas públicas voltados para a promoção, prevenção e assistência à saúde. Porém, o decreto é omisso quanto ao poder decisório do grupo, colocando em status de paridade algumas instituições privadas contratadas pela Secretaria de Saúde. O MPDFT reconhece a importância do debate com essas instituições, mas afirma que a definição das políticas públicas de saúde deve ser de responsabilidade privativa de representantes do próprio Distrito Federal, e não de terceiros contratados.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Vem aí Marielle: a Ópera

Terça, 11 de fevereiro de 2025

O libreto de Marielle não se valerá do deboche e da ironia, típica em algumas peças satíricas da conjuntura política nacional. Pelo contrário, a exemplo de Olga – outra ópera de Antunes, Marielle é mais um drama que traz a marca de engajamento político da personagem e do autor, bem como das violências por ela sofridas.

Por Chico Sant’Anna

Vem aí a Ópera Marielle. A criação é do maestro Jorge Antunes, autor também de Olga, obra que narra a saga da vida revolucionária de Olga Benário Prestes.

Justiça determina demolição de edificações em área de preservação ambiental

Terça, 11 de fevereiro de 2025
Imagem ilustrativa
Do TJDF

A Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF determinou a demolição das edificações do Condomínio Mini Chácaras do Lago Sul das Quadras 4 a 11, localizado em área de proteção ambiental no Altiplano Leste. A decisão decorre de Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e visa restaurar a ordem urbanística e recompor os danos causados ao meio ambiente.

No processo, o MPDFT afirmou que o parcelamento do solo ocorreu sem licenças prévias, em região sensível, onde a legislação ambiental exige cuidados específicos. A acusação destacou que a ocupação clandestina aumentava a degradação ambiental e colocava em risco recursos hídricos, flora, fauna e segurança dos moradores. O Distrito Federal, a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (AGEFIS) e a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) foram apontados como corresponsáveis, em razão de omissões na fiscalização e na proteção da área.

Quando a saúde brasileira encontrou a soviética

Terça, 11 de fevereiro de2025

Na URSS, estes médicos – entre eles, o ministro da Saúde de JK – viram algo, à época, inédito: um sistema de saúde gratuito, com técnicas modernas e trabalhadores bem pagos. No Brasil, dos anos 30 aos 50, seus relatos tiveram notável presença nos debates da saúde pública

OutraSaúde

Publicado originariamente no OutraSaúde em 10/02/2025 às 09:09 - e atualizado em 10/02/2025 às 15:05

Camponesa recebe cuidados na URSS. Foto: Reprodução

No ano de 1953, após participar de um congresso mundial de medicina em Viena, o médico brasileiro Raul Ribeiro da Silva recebeu uma proposta tentadora. Foi convidado a fazer parte de uma delegação de profissionais que, ao longo de dez dias, conheceria a União Soviética e seu afamado sistema de saúde pública, um dos primeiros da história. Uma chance rara em tempos de início da Guerra Fria. O que Raul observou — e, conforme seu relato, apreciou — está registrado no hoje raro livro A Rússia vista por um médico brasileiro, lançado à época pela editora Civilização Brasileira.

Seu relato não é o único. Dos anos 1930 aos anos 1950, vários outros médicos brasileiros escreveram obras bastante similares sobre a saúde soviética, que conheceram em viagem — entre eles, personagens que poderíamos chamar de “ilustres”, a exemplo de Maurício de Medeiros, futuro ministro da Saúde do governo Juscelino Kubitschek, e Osório César, psiquiatra no Hospital do Juqueri, companheiro da pintora modernista Tarsila do Amaral e pioneiro da arteterapia no Brasil. Muitos dos viajantes, como Medeiros, não eram militantes ou mesmo simpatizantes comunistas.

Em seu doutorado, a pesquisadora da Fiocruz Gabriela Alves Miranda mapeou e analisou essas publicações, entre as quais encontrou uma confluência: a admiração pela saúde soviética partia da intenção de desmistificar e trazer ao Brasil concepções lá implementadas. Algumas que hoje conhecemos muito bem: uma saúde pública e gratuita com integração com educação e pesquisa, formação continuada dos profissionais, estímulo ao desenvolvimento de novas técnicas e outras inovações. Quarenta anos depois, por outros caminhos, alguns desses pontos se tornaram pilares da criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em entrevista a Outra Saúde, Gabriela explica a pouco conhecida presença desses relatos sobre a saúde da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) nos debates da saúde pública brasileira até os anos 1950 — e sua incidência no embate entre “projetos de organização da saúde pública e da assistência médica no Brasil” daquele tempo.

Década de 1930: uma empolgante nova sociedade

Nos anos 1930, mesmo que mais de uma década já houvesse se passado desde a Revolução Russa de 1917, a União Soviética seguia sendo uma terra relativamente desconhecida para o resto do mundo. Poucas informações confiáveis sobre os rumos do país socialista, isolado por um “cordão sanitário” das potências que viam um perigo em sua influência, eram claras para observadores externos.

Contudo, a crise geral das grandes economias capitalistas após o Crash de 1929 viria a multiplicar o interesse geral pela URSS. Sua economia seguia crescendo consistentemente — e registravam-se enormes ganhos sociais para a população, não só em comparação com o período do czarismo como também com as nações mais prósperas daquele tempo. Nesse contexto, em diversos países, livros com relatos dos viajantes que adentravam o território soviético vendiam milhares de exemplares — e o Brasil não ficou de fora desse fenômeno. Como explica Gabriela Miranda em sua tese, em uma tendência que teve início com os Dez dias que abalaram o mundo de John Reed, “as viagens à Rússia após a revolução socialista representaram o mundo novo para leitores do século XX”.
Capa de “Rússia”, de Maurício de Medeiros. Fonte: Tese de doutorado de Gabriela Miranda

Parte desse mundo novo consistia nos avanços da saúde pública vividos na União Soviética e registrados pelos relatos de inúmeros viajantes. Ainda no início daquela década, a publicação de Rússia: notas de viagem (1931) por Maurício de Medeiros inauguraria essa tendência no Brasil. O autor, médico e professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, não era um simpatizante do comunismo — e, segundo define Miranda, assume uma narrativa “crítica e moderada” sobre o sistema soviético na obra. Mesmo assim, Medeiros destaca que as descrições de um caos social repercutidas pela imprensa ocidental eram “completamente fantásticas” — isto é, falsas — e que notáveis progressos no campo da saúde estavam sendo implementados ali. Seu livro teve uma tiragem de 24 mil exemplares e 6 reedições, um enorme êxito para a época.

Plano de saúde deve custear congelamento de óvulos para paciente oncológica

Terça, 11 de fevereiro de 2025

Imagem ilustrativa

Do TJDF

A 6ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) determinou que uma operadora de plano de saúde custeie o congelamento de óvulos para paciente diagnosticada com câncer de mama. O colegiado reconheceu que o procedimento visa prevenir a infertilidade causada pela quimioterapia e deve ser coberto como etapa acessória do tratamento oncológico.

No processo, a beneficiária relatou que seu médico indicou a criopreservação de óvulos antes do início da quimioterapia, pois o tratamento poderia afetar definitivamente sua fertilidade. A seguradora negou a cobertura, sob alegação de que o contrato não previa esse tipo de serviço e que a fertilização in vitro não está incluída no rol de procedimentos obrigatórios da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Dengue: um ano após início da imunização, procura por vacina é baixa

Segunda, 10 de dezembro de 2025

Das mais de 6,3 milhões de doses distribuídas, 3,2 foram aplicadas

© Rovena Rosa/Agência Brasil

Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 10/02/2025 — Brasília

Um ano após o início da vacinação contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), a procura pelo imunizante no país está bem abaixo do esperado. De fevereiro de 2024 a janeiro de 2025, 6.370.966 doses foram distribuídas. A Rede Nacional de Dados em Saúde, entretanto, indica que apenas 3.205.625 foram aplicadas em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, grupo-alvo definido pela.

A faixa etária, de acordo com o ministério, concentra o maior número de hospitalizações por dengue depois de pessoas idosas, grupo para o qual o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, não foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O esquema vacinal utilizado pela pasta é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas.

Entenda

Em janeiro de 2024, 521 municípios foram inicialmente selecionados para iniciar a imunização contra a dengue na rede pública já em fevereiro. As cidades compunham 37 regiões de saúde consideradas endêmicas para a doença e atendiam a três critérios: municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes; alta transmissão de dengue no período 2023-2024; e maior predominância do sorotipo 2.

Brasil espera EUA concretizarem taxação sobre aço para se manifestar

Segunda, 10 de fevereiro de 2025

Haddad aguarda orientação do presidente após implementação de medidas
Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 10/02/2025 — Brasília

O governo brasileiro vai aguardar o governo dos Estados Unidos (EUA) oficializarem a taxação de 25% sobre as importações de aço e alumínio para se manifestar sobre o tema, assim como anunciar medidas em resposta ao aumento dos custos para exportar esses produtos para o país da América do Norte.

A informação é do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que comentou, nesta segunda-feira (10), o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump.

Investigação aberta —Executado há um mês em massacre de Tremembé, 'Valdirzão' seria guardião de sementes de assentamento do MST

Segunda, 10 de fevereiro de 2025

Além de Gleison Barbosa, o ataque matou Valdir Nascimento, liderança que impulsionou coleta de sementes agroflorestais

Valdirzão colhendo jerivá na sua agrofloresta, no assentamento do MST em Tremembé - Comunidade Olga Benário

Gabriela Moncau
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 10 de fevereiro de 2025

Sem maiores avanços na investigação, nesta segunda-feira (10) completa um mês do ataque de pistoleiros contra o Assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Tremembé (SP). Além dos seis feridos a tiros, o atentado tirou a vida de Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, e de Valdir do Nascimento de Jesus, de 52: Guegué e Valdirzão, como eram conhecidos.

Liderança histórica do MST no Vale do Paraíba e coordenador do assentamento, Valdirzão era também um dos protagonistas da transformação da comunidade em um núcleo de coleta de sementes agroflorestais. Ele tinha sido designado como guardião da Casa de Sementes, ainda em processo de construção dentro do seu lote.

O plano foi interrompido em 10 de janeiro, quando cerca de 25 homens armados, nos cálculos do movimento, abriram fogo contra 15 assentados que faziam uma vigília para impedir a invasão irregular de um lote vazio.

Trinta dias depois, o caso pouco avançou para além da prisão de “Nero do Piseiro”, como é conhecido Antônio Martins dos Santos Filho, que teria confessado participação no massacre. Outro suspeito, Ítalo Rodrigues da Silva, que foi quem bateu boca e ameaçou Valdir dizendo que tomaria posse do terreno, está foragido desde 12 de janeiro. Na última quinta (30), a Polícia Civil cumpriu 10 mandados de busca e apreensão em São José dos Campos e Taubaté e apreendeu celulares e um carro.

CRIME —Um mês após massacre em Tremembé, investigação prendeu uma pessoa e ainda não identificou mandante

Segunda, 10 de fevereiro de 2025

Ataque armado ao Assentamento Olga Benário resultou em duas mortes e seis feridos

Oito trabalhadores sem-terra foram alvejados durante ataque armado ao assentamento Olga Benário no dia 10 de janeiro - Gabriela Moncau

Leonardo Fernandes
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 10 de fevereiro de 2025

O ataque armado contra o assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Tremembé (SP), completa um mês nesta segunda-feira (10). O crime deixou duas pessoas mortas e seis feridas, uma delas em estado grave.

Gilmar Mauro, integrante da direção nacional do MST, conta que a comunidade ficou abalada após o crime, e que foi preciso um esforço coletivo para garantir o mínimo de segurança às famílias. "Nós estamos acompanhando a par e passo, e fazendo um revezamento de pessoas para ajudar no processo interno e garantir algum grau de segurança. Evidentemente não é 'aquela' segurança, mas isso ajudou muitíssimo a que as famílias permanecessem lá. Esse processo tem sido feito desde que aconteceu o episódio do ataque", relata.

O dirigente conta que, desde o ataque armado, o assentamento iniciou um debate sobre a reformulação do espaço, com vistas a garantir uma maior integração da comunidade e o aumento da segurança no local. "Nós estamos em um debate para pensar um projeto para o assentamento. Isso envolve repensar a construção das casas, pensar um projeto de agrovila, novas construções que permita um grau de segurança maior para as famílias. Mas isso a gente vai fazer em comum acordo com a comunidade", diz.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Observatório vai monitorar violência contra jornalistas

Domingo, 9 de fevereiro de 2025

Instituição foi criada por portaria do Ministério da Justiça

© Lula Marques/ Agência Brasil

Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 08/02/2025 —Brasília

O jornalismo ganhou uma ferramenta que, caso atinja seus objetivos, resultará em garantias para o bom exercício da profissão, em especial nas situações de violência contra aqueles que cumprem seu papel de informar.

Além de monitorar e criar um banco de dados de ocorrências desse tipo, o Observatório da Violência Contra Jornalistas servirá também de canal de diálogo entre profissionais da área e o Estado, visando, inclusive, a elaboração de políticas públicas específicas e apoio a investigações.

As diretrizes, composição, organização e funcionamento do observatório estão previstas na Portaria nº 116/2025, publicada esta semana pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, no Diário Oficial da União.

De acordo com a Secretaria Nacional de Justiça (Senajus), órgão do MJ ao qual o observatório está vinculado, ele terá, entre seus objetivos, monitorar ocorrências, sugerir políticas públicas, apoiar investigações e criar um banco de dados com indicadores sobre os casos.

Pesquisa com bactérias na Amazônia pode desenvolver novos medicamentos

Domingo, 9 de fevereiro de 2025

Levantamento estuda espécies que não podem ser criadas em laboratório

© Ricardo Stuckert/PR

Guilherme Jeronymo - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 09/02/2025— São Paulo

Parte da pesquisa de ponta em fármacos no Brasil se faz levando amostras de solo de Belém (PA) para um complexo de laboratórios maior que um estádio de futebol em Campinas, no interior paulista. Toda essa viagem é para colocar seres microscópicos no que é, grosso modo, o maior microscópio da América do Sul, o acelerador Sirius, parte do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Com essa ferramenta, é possível entender como funcionam os genes das bactérias e quais substâncias elas conseguem criar. As equipes envolvidas buscam substâncias com potencial antibiótico e antitumoral, e os primeiros resultados foram publicados em dezembro em uma revista especializada internacional.

O motivo dessa viagem do solo amazônico é a parceria entre o CNPEM e a Universidade Federal do Pará (UFPA). O trabalho de campo começou recolhendo amostras de solo dos interiores do Parque Estadual do Utinga, reserva de conservação constituída em 1993 e que conta com áreas restauradas e áreas sem intervenção humana recente. O grupo investigou três espécies bacterianas das classes Actinomycetes e Bacilli isoladas, de solo da Amazônia, compreendendo bactérias do gênero Streptomyces, Rhodococcus e Brevibacillus.

Memória BdF —Comunista histórico, Apolônio de Carvalho faria 113 anos neste domingo (9); relembre entrevista ao BdF

Domingo, 9 de fevereiro de 2025

Falecido em 2005, Apolônio deixou legado ainda atual para a esquerda: 'O socialismo é a forma superior de democracia'

Integrante do PCB, ele fundou o PCBR em 1968 e foi o primeiro signatário da ficha de filiação do PT - Divulgação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 
09 de fevereiro de 2025

Se estivesse vivo, Apolônio de Carvalho completaria 113 anos neste domingo (9). O histórico militante comunista nasceu em Corumbá (MS) e faleceu em 23 de setembro de 2005, aos 93 anos. Sua larga trajetória se confunde com a luta pela democracia.

Integrante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) até os anos 1960, ele fundou o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) em 1968, propondo a luta armada contra a ditadura militar. Em fevereiro de 1980, Apolônio assinou a primeira ficha de filiação do Partido dos Trabalhadores (PT).

O tenente-general participou da Aliança Libertadora Nacional (ALN) na década de 1930, e atuou como combatente na Guerra Civil Espanhola (1936-39) e na Resistência Francesa contra a ocupação nazista (1942-44).

Nesta memorável entrevista ao Brasil de Fato, conduzida por Igor Felippe Santos e Maíra Kubík Mano em agosto de 2005, ele traça orientações à esquerda, avalia o papel dos movimentos sociais e do primeiro governo Lula, além de explicar sua visão sobre o socialismo como uma forma superior de democracia, discussão que continua atual duas décadas depois.

"Democracia não apenas no sentido das bandeiras da Revolução Francesa, como liberdade, fraternidade e igualdade", ponderou. "A igualdade será produto de uma longa luta entre as classes que querem um mundo melhor, e as classes que têm receio de um mundo melhor, e querem guardar sua ligação com um presente muito próximo do passado."

Apolônio destaca ainda a importância da responsabilidade, especialmente entre os jovens, na luta por uma sociedade mais justa e igualitária, e a crescente participação das mulheres nesse processo.

Confira abaixo a entrevista na íntegra.

Essa entrevista histórica integra o livro "É Preciso Coragem para Mudar o Brasil", publicado pela editora Expressão Popular em 2006 e que reúne uma série de conversas com grandes nomes do campo popular, publicadas nos primeiros anos do Brasil de Fato. Este projeto de resgate da memória do nosso jornalismo é uma parceria com a Expressão Popular.

O tenente-general Apolônio Pinto de Carvalho, nascido em 9 de fevereiro de 1912, em Corumbá (MS), foi, sobretudo, um grande brasileiro que o país perdeu em 23 de setembro de 2005. Foram 93 anos de idade e mais de 60 anos de militância comunista. Sua trajetória se confunde com a história da luta pela democracia e, particularmente, da esquerda no Brasil. Para a entrevista, 30 minutos, foi o que sua companheira, Reneé de Carvalho, concedeu à reportagem, feita no dia 19 de agosto. Mesmo esses poucos minutos foram suficientes para ele reafirmar que o socialismo é a forma superior de democracia. E explicar por quê

Brasil de Fato – Que lições os movimentos de esquerda podem tirar do século 20?

Apolônio de Carvalho – Sou um velho militante, não de cultura tão ampla assim, nem dotado de capacidade de resumir ou fazer uma espécie de balanço desse quase um século que estou vivendo. Continuam as realidades de desigualdade e injustiças sociais, que vêm dos séculos anteriores. Convido vocês a fazer um passeio muito longo, desde a minha adolescência. Já nos anos 1920 do século passado, sentíamos o protesto do povo contra as arbitrariedades dos governantes, o desprezo pelas reivindicações e os desejos do povo. E sobretudo contra o contraste e as injustiças sociais. Iniciei a minha prática social antes da prática política, através dos movimentos sociais que pregavam a luta pela democracia, pelas liberdades e pela soberania nacional. Nós fomos sempre dominados pela pressão dos monopólios externos e internos. Deve ter sido difícil em outras épocas. Mas particularmente na nossa é difícil quando as contradições sociais se avolumam e se aguçam profundamente. Por exemplo, estamos saindo do século 20, que foi o mais cruel e contraditório de todos os séculos recentes. Todos os contrastes aguçados, uma sociedade marcada por duas guerras, terríveis extremos de pressão, genocídios racistas. Marcada por uma série de rebeliões e uma série de ditaduras militares e civis. No Brasil, 43 anos foram marcados por ditaduras militares ou civis. Mesmo assim, nosso povo foi abrindo caminho para a democracia. E os jovens, e depois os menos jovens (os que sendo velhos acreditam que a velhice é apenas a juventude amadurecida), continuamos na luta, que está cheia de promessas.

Ainda Estou Aqui vence prêmio Goya de melhor filme ibero-americano

Domingo, 9 de fevereiro de 2025

Filme brasileiro concorre em três categorias do Oscar 2025

© Alile Dara Onawale/Sony Pictures

Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 09/02/2025 — Brasília

O filme brasileiro Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, venceu, neste sábado (8), o prêmio Goya 2025, na categoria de melhor filme ibero-americano. A premiação é considerada a principal do cinema espanhol.

Esta é a primeira vez que uma produção brasileira é indicada e vence a categoria. Nesta 39ª edição do prêmio, a produção brasileira concorria com outros quatro filmes: El jockey, da Argentina; Agarrame fuerte, do Uruguai; No lugar da outra, do Chile; e Memorias de un cuerpo que arde, da Costa Rica.

Em carta lida no momento do recebimento do troféu Goya, o diretor Walter Salles agradeceu a distância o prêmio à academia de cinema espanhol e ressaltou que esta é a primeira vez que um filme brasileiro foi indicado a uma categoria do Goya.

"Ainda Estou Aqui é um filme sobre a memória de uma família, durante a longa noite da ditadura militar no Brasil, que está entrelaçada com a memória do meu país. Gostaria de dedicar esse prêmio ao cinema brasileiro, a Eunice Paiva e toda a sua família, a Fernanda Montenegro e a Fernanda Torres”, disse em carta o diretor Walter Salles.

Prêmio e indicações

Em janeiro, a atriz Fernanda Torres já havia sido premiada com o Globo de Ouro, em Los Angeles, de melhor atriz na categoria Drama pela atuação em Ainda Estou aqui. Esta foi a primeira vez que a premiação foi entregue a uma brasileira.