Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 30 de junho de 2024

A esquerda em defesa das crianças

Domingo, 30 de junho de 2024

Vitória contra o PL do Estupro aponta: nunca deveríamos ter ficado em defensiva. Em temas como Educação, violência sexual e diversidade de gênero, há uma vasta pauta dos direitos das crianças e jovens – e combate ao autoritarismo familiar


OUTRASPALAVRAS     ESTADO EM DISPUTA
Publicado em
OUTRASPALAVRAS em 26/06/2024

Foto publicada no Diário de Pernambuco

O PL do Estupro nos permitiu ver que o mundo nos últimos anos foi invertido: de repente, a esquerda virou ameaça às crianças e a direita, sua defensora. Curioso, porque o imaginário popular sempre associou as crianças à rebeldia, à liberdade e à invenção, coisas que estão mais associadas à esquerda que à direita. Mas, por meio de pânicos morais em relação à pauta LGBTTQIA+ e a educação sexual, a direita vem atacando fortemente – desde o caso do Queermuseu – em nome das crianças. A cobertura midiática em geral fica na defensiva, apenas retratando o “exagero” ou “descabimento” das posições. A isso junta-se o ataque ao aborto como defesa do nascituro, recentemente regado pelo hediondo PL em questão.

Mas isso é mesmo real?

Para isso, basta percebermos qual segmento político defende o Estatuto da Criança e do Adolescente na sua integralidade. O principal foco de defesa dos direitos das crianças é da esquerda. A direita não defende as crianças, defende a família. O ECA pode inclusive ser, como veremos, obstáculo ao exercício dos “direitos” da família. E o que é a família, nesse caso?


Família é o direito de soberania dos pais, em especial o patriarca, sobre seus filhos. O que a direita defende não são as crianças, mas o poder autoritário do pai – e, em segundo escalão, da mãe – sobre as crianças.

A regra geral é que as figuras parentais sejam as principais condutoras da formação de uma criança e um adolescente. Mas a questão aqui não é a orientação, nem mesmo o cuidado. Isso não é apenas direito; é dever. Aqui se trata do poder de determinar o que deve ser pensado e como deve ser sentido pela criança ou pelo adolescente.

Vamos às demonstrações.

A extrema direita defende o homeschooling como uma ferramenta de não-exposição dos filhos a crenças morais que divergem das suas, possibilitando uma formação completa com base nos princípios da família.

A posição complementar disso, defendida em mais larga escala, é a crítica da doutrinação das escolas e as universidades, como recentemente vimos no viral terrível de André Valadão sugerindo que as famílias coloquem as filhas para “vender picolé na garagem” em vez de realizar seu sonho de ir à universidade, já que é melhor ser “mulher santa” que uma “vagabunda universitária”.

Nesse caso, quem está a favor da criança?

Valadão dirige-se aos pais, jamais às crianças. Ao contrário, ele admite estar ceifando os sonhos das crianças ao impedi-las de ir à universidade. Ou seja, o que ele defende não é uma proteção do “mundano” das crianças e dos jovens, mas o controle totalitário dos pais e suas crenças sobre os filhos. Afinal, esses pais creem saberem tudo que é preciso saber em relação ao que os filhos devem aprender, em geral baseados em alguma interpretação fundamentalista da Bíblia.

Mais uma vez, não estamos no papel trivial de, diante das infinitas opções do mundo, indicar caminhos: estamos diante da proibição de todos os caminhos exceto aquele que os pais entendem ser o único correto. A criança e o jovem não podem sonhar, eles estão confinados no mundo fechado das próprias figuras parentais. Há uma proibição de ir adiante, de construir seu próprio caminho de acordo com os valores que, cotejados com os da família específica, irão prevalecer.

E a esquerda? A esquerda luta primeiramente pela diversidade de ideias, que já em si é uma luta pela… liberdade! (Justamente o que é invocado pela direita – liberdade de ensinar – quando a rigor o que ela faz é o contrário da liberdade: controle). Mas não só isso: a esquerda luta pelo direito à autonomia intelectual das crianças. Esse é um direito fundamental das crianças e dos jovens. Elas não se desenvolvem no mundo apenas para estar de acordo com as projeções e os valores nutridos pelos pais. Elas não são coisas que têm dono. Conforme vão vivenciando o mundo, irão sendo apresentadas a diversas visões e aos poucos enquadrando-se em uma ou outra. Evidentemente, as visões não são simétricas: a palavra da mãe tem mais peso que a da influencer, a palavra da professora tem mais peso que a da vizinha. Mas isso se estabelece como? Por meio de diversos mecanismos de diálogo e momentos de imposição de regras que precisam ser seguidas pela criança. Não se confunde, por outro lado, com a doutrinação que proíbe contato com outras perspectivas. Aqui, há um suplemento de poder que viola o equilíbrio da relação, coisificando a criança como se fosse propriedade parental.

A Constituição e o ECA, e qualquer noção ética minimamente decente, estabelecem que os filhos não são coisas, não são propriedade dos pais, portanto têm direito à plena liberdade intelectual – que, no entanto, está em formação e é dever dos próprios pais colaborarem para que se desenvolva. Pais que negam aos filhos o contato com a diferença estão privando a criança de um direito.

De que Valadão e os conservadores têm medo? Têm medo de que as crianças e os jovens entrem em contato com ideias que irão permitir desenvolver sua própria autonomia e, com isso, divergir dos pais. Afinal, eles sabem, mas nunca admitirão, que as crenças teocráticas, fundamentalistas, os estereótipos e os preconceitos, enfim, tudo que é vendido pela extrema direita como “liberdade” só sobrevivem efetivamente em geral quando são privadas do contato com os argumentos e com o convívio público.

PPCUB: um plano para preservar ou descaracterizar Brasília?

Domingo, 30 de junho de 2024

A preservação do conjunto urbanístico e arquitetônico de Brasília é vital para que a cidade continue a ostentar o título de Patrimônio da Humanidade e para que sua herança cultural seja mantida viva para as futuras gerações.

Por Fátima Sousa*

O Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), recentemente aprovado pela Câmara do Distrito Federal, está no centro de um debate fervoroso. Embora seu nome sugira um esforço para conservar a integridade da capital planejada por Lúcio Costa e ornamentada pelas obras de Oscar Niemeyer, críticos argumentam que ele pode, na verdade, desfigurar a cidade que foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em 1987.

O governo do Distrito Federal defende que o PPCUB não é mais que uma compilação das normas já vigentes e que não compromete a preservação do Plano Piloto. No entanto, arquitetos e urbanistas expressam preocupações significativas. Eles apontam que a proposta facilita o adensamento urbano, especialmente ao permitir que hotéis na área central aumentem seu número de andares de três para doze. Essa mudança no horizonte da cidade é apenas um dos muitos pontos controversos.


Hoje é Dia: semana celebra Bumba-Meu-Boi, capoeira e combate racismo

Domingo, 30 de junho de 2024
@Marcelo Camargo/Agência Brasil

2 de julho marca os 200 anos da Confederação do Equador, em Pernambuco

Publicado em 30/06/2024 - Por Beatriz Arcoverde - Radioagência Nacional - Brasília

ouvir:

A Semana

A Semana começa com o Dia Nacional do Bumba-Meu-Boi, comemorado neste domingo (30) em homenagem à manifestação popular que, em 2019, tornaria-se Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O espetáculo, que mistura dança, folclore, música, religião e teatro, é um dos destaques de São Luís (MA). Uma reportagem da Agência Brasil mostra grupos de bumba-meu-boi mapeados no Maranhão.

O especial A Farra do Boi-Bumbá retratou a lenda da TV Brasil. Com autoria e direção de Ribamar Ribeiro, o programa infantil se desenvolve em torno de um rico fazendeiro que tem um boi muito bonito. Pai Chico, trabalhador da fazenda, tenta satisfazer o desejo de grávida da sua mulher Catirina, que quer comer a língua do boi. Pai Chico traz a língua do boi e a confusão está formada. A trama também traz pequenos contos do folclorista Câmara Cascudo.


Segunda-feira, 1° de julho, completam-se 50 anos do dia em que a argentina María Estela Martínez de Peron, conhecida como Isabelita Perón, se torna a primeira mulher a ocupar um cargo de presidente na América Latina. O programete História Hoje, da Rádio Nacional contou como um golpe militar derrubou Isabelita Perón da presidência Argentina. Clique e ouça!


 

Em 3 de julho, o destaque é para o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial. A data remete à aprovação da primeira lei brasileira contra o preconceito. Os veículos públicos da EBC tratam deste tema frequentemente. No ano passado, a Rádio Nacional fez uma entrevista sobre o assunto com Ângela Santos, delegada do Distrito Federal, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual, Pessoa Idosa ou com Deficiência.

Já o programa Caminhos da Reportagem venceu em 2012 o Prêmio Abdias Nascimento com o tema Negros no Brasil: Brilho e Invisibilidade, abordando o fato de que, doze décadas depois da abolição da escravatura, o número de brasileiros que se declara preto ou pardo é maior que o de brancos --ou, em suma, que o Brasil tem se assumido como país negro, cada vez mais. O programa discute a situação do negro no Brasil com números que mostram sua necessidade de superar a desigualdade de renda, a pobreza, a violência, ter acesso à educação e encarar o preconceito de frente.

https://youtu.be/899hfb-xdiA?si=hcpKtstciP5R3TUA

Há 200 anos, no dia 2 de julho, eclodiu em Pernambuco a Confederação do Equador, movimento revolucionário republicano que se alastrou pelas províncias do Nordeste do Brasil, representando a principal reação contra a tendência monarquista e a política centralizadora do governo de Dom Pedro I. Frei Caneca foi um dos líderes, como conta o programete História Hoje.

 

No dia 4 lembramos dos 85 anos da morte da cientista polonesa Marie Curie. Pelas descobertas sobre a radioatividade recebeu o Nobel de Física em 1903, ao lado do esposo Pierre Curie e do físico Henri Becquerel. Ela foi a primeira mulher a receber a honraria. E novamente, em 1911, recebeu o Nobel de Química pela descoberta do elemento químico rádio: a única pessoa no planeta a receber duas vezes a premiação. Batizou também o elemento polônio, em referência às suas origens. Em decorrência da exposição à radioatividade Marie Curie morreu aos 66 anos, na França.

O programa Ciência é Tudo da TV Brasil, homenageou as mulheres e meninas cientistas. Confira! 

Já 5 de julho é o Dia Mundial da Capoeira. Marginalizada no passado, a capoeira se tornou um símbolo do país no mundo inteiro. Para conhecer sua história, assista à reportagem da TV Brasil

https://youtu.be/gGcJ4DxLxRA?si=dz6a9yEnVMTgItSE

Confira os destaques* da semana de 30 de junho a 6 de julho de 2024:

Nasceu uma incomodadora

  Junho

30

Nasceu uma incomodadora

  Hoje foi batizada, em 1819, em Buenos Aires, Juana Manso.

 As águas sagradas a iniciaram no caminho da mansidão, mas Juana Manso nunca foi mansa.

Contra ventos e marés, ela fundou, na Argentina e no Uruguai, escolas laicas e mistas, onde se misturavam meninas e meninos, e o ensino da religião não era obrigatório, e o castigo físico era proibido.

Escreveu o primeiro texto escolar da história argentina e várias obras mais. Entre elas, um romance que batia duro na hipocrisia conjugal.
 
Fundou a primeira biblioteca popular do interior do país.

E se divorciou quando o divórcio não existia.

Os jornais de Buenos Aires se deleitavam insultando-a.

Quando morreu, a Igreja negou-lhe sepultura.

          Eduardo Galeano, no livro 'Os filhos dos dias'.
2ª edição, 2012, pág. 210. L&PM Editores.

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sábado, 29 de junho de 2024

Hoje (29/6) é Dia de São Pedro. Nem Pedro e nem João tem nada a ver com matrimônio. 'Isso é lá com Santo Antônio'

Sábado, 29 de junho de 2024

https://youtu.be/HKmo6nspIbg?si=g0vGoEokSYI4tM-Y —Carmen Miranda e Mário Reis — 'Isto é lá com Santo Antonio'

Isto É Lá Com Santo Antonio

Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio
São João disse que não
São João disse que não
Isto é lá com Santo Antônio
Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio
Matrimônio, matrimônio
Isso é lá com Santo Antônio
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava à Santo Antônio
São João ficou zangado
São João só dá cartão
Com direito a batizado
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava a Santo Antônio
Matrimônio, matrimônio
Isto é lá com Santo Antônio
São João não me atendendo
A São Pedro

CONDENAÇÃO —Deputado bolsonarista Zé Trovão tem prisão decretada pela Justiça de SC por dívida de pensão alimentícia

Sábado, 29 de junho de 2024

Um dos apoiadores de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional, Zé Trovão já foi condenado no âmbito da Lei Maria da Penha por agressões a uma ex-companheira - Câmara dos Deputados/Reprodução

Parlamentar diz ter havido erro de cálculo dos valores; constitucionalista aponta que equívoco é 'altamente improvável'

Cristiane Sampaio
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 29 de junho de 2024

O deputado federal bolsonarista Zé Trovão (PL-SC) teve a prisão decretada na sexta-feira (28) pela Justiça de Joinville (SC) por dívidas de pensão alimentícia. O magistrado que avaliou o caso determinou prazo de cinco dias para que a mãe do filho do parlamentar atualize os valores devidos para que, na sequência, o Judiciário emita o mandado de prisão. Ao reagir à divulgação do caso por parte da imprensa, Zé Trovão disse, pelas redes sociais, que as notícias seriam "sensacionalistas". Segundo o bolsonarista, teria havido erro do Judiciário ou da Câmara dos Deputados.

Apesar disso, o trâmite desse tipo de processo inclui diferentes capítulos antes de uma ordem de prisão: primeiro, o acusado é intimado pela Justiça, que, em geral, oferece possibilidades de flexibilização para o pagamento, como é o caso do parcelamento da dívida, para evitar a detenção do réu. Segundo o artigo 528 do Código de Processo Civil (CPC), a intimação deve estipular um prazo de três dias para que o acusado quite o débito, prove que o fez ou justifique a impossibilidade de efetuá-lo. O mesmo artigo fixa que o não atendimento a essa determinação faz com que a decisão judicial transite em julgado e possa ser levada a protesto.

PERIFERIA NO CENTRO —Família Hip Hop celebra 25 anos de resistência cultural, educação popular e promoção de direitos humanos em Santa Maria

Sábado, 29 de junho de 2024

Espaço Moinho de Vento é sede física da Família Hip-Hop em Santa Maria (DF) - Foto: Reprodução/Facebook

Aniversário será comemorado neste sábado (29), no Espaço Moinho de Vento; saiba mais sobre a trajetória do grupo

Bianca Feifel
Brasil de Fato | Brasília (DF)

25 anos de cultura, educação popular e promoção de direitos humanos – é o que representa para a população de Santa Maria, região administrativa do Distrito Federal, o coletivo Família Hip Hop. A trajetória do grupo, que começou em 1999, será celebrada com muita música, dança e debate, neste sábado (29), a partir das 9h, no Espaço Moinho de Vento. A entrada é gratuita.

Das 9h às 12h, haverá uma roda de conversa sobre o tema “A cidade é nossa: a cultura que Santa Maria tem”, com a participação de artistas e agentes culturais locais. Em seguida, às 14h, começa o momento de celebração, com muita música e dança. Até o momento, estão confirmados para o Flashback de comemoração dos 25 anos de existência da Família Hip-Hop os DJs Freeway, Alexandre Lee e Marquinhos.

Segundo o grupo, o momento também será de diálogo sobre os desafios que é fazer cultura em Santa Maria. “Venha comemorar com a gente essa história de luta, resistência e de muito aprendizado”, convida o grupo.

25 anos de resistência cultural

O Núcleo de Formação Popular Família Hip Hop surgiu em 1999, com o objetivo de promover ações socioeducativas, culturais e ambientais para a população de Santa Maria, especialmente para a juventude negra.

Desde então, o grupo participa do desenvolvimento comunitário e empoderamento popular, por meio de projetos de geração de renda, formação cidadã, realização de ações e eventos culturais, promoção da participação e do controle social para garantia dos direitos humanos.

FISCALIZAÇÃO —Deputados encontram superlotação, falta de insumos básicos e déficit de pessoal no Hospital Regional de Ceilândia. Caos, né?

Sábado, 29 de junho de 2024

Hospital Regional de Ceilândia (HRC) foi alvo de uma fiscalização de deputados distritais nesta quinta-feira (27) - Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Segundo vistoria, há pacientes em corredores, sem possibilidade de organização e escala de dimensionamento dos servidore

Redação
Brasil de Fato | Brasília (DF) | | 28 de junho de 2024

As dependências do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) —no Distrito Federal— foi alvo de uma fiscalização de deputados distritais nesta quinta-feira (27). Na ocasião, os parlamentares verificaram que há uma superlotação da unidade de saúde, que opera em bandeira vermelha na clínica médica e na pediatria. Também foram encontrado pacientes em corredores, sem a possibilidade uma organização e escala de dimensionamento dos servidores.

A fiscalização foi realizada após o canal da Comissão de Assuntos Sociais da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CAS/CLDF) receber uma denúncia. Durante a visita, realizada pela deputada Dayse Amarilio (PSB) e o deputado Max Maciel (PSOL), ainda foram encontrados 36 pacientes a mais na emergência, o que é encarado como "um dia tranquilo" pelas equipes do hospital.

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Turismo: cresce a presença de estrangeiros em Brasília.

Sexta, 28 de junho de 2024

Cresce o fluxo de turistas estrangeiros na Capital Federal. Dois novos voos internacionais deverão ser criados até o final do ano, conectando Brasília a Cancun, no México; e Bogotá, na Colômbia. As novas rotas poderão ampliar a presença de viajantes estrangeiros no Planalto Central. Foto: José Cruz/ Agência Brasil.

Por Chico Sant’Anna
Aos poucos Brasília vai retomando o fluxo de turistas estrangeiros que visitam a cidade. De janeiro a maio desse ano, a Embratur informa que foram 24.842 estrangeiros chegando pelo Aeroporto JK, uma alta de 33,4% sobre a performance do mesmo período no ano passado. Entretanto, o turismo estrangeiro na Capital Federal é muito tímido, representa apenas 0,7% dos 3.607.282 visitantes de outras nações que vieram ao Brasil no mesmo período.

Estados Unidos, Portugal, Argentina e Peru são as principais procedências dos turistas curiosos em conhecer a cidade que é patrimônio cultural da humanidade.

TJDFT mantém condenação de ex-administrador regional por improbidade administrativa

Sexta, 28 de junho de 2024
Imagem ilustrativa

Do TJDF

A7ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) manteve decisão que condenou um ex-administrador regional de Taguatinga e o grupo empresarial LB valor por improbidade administrativa. Os réus estão proibidos de contratar com o Poder Público pelo prazo de dez anos. Além disso, o ex-administrador regional foi condenado a perda de bens ou valores ilicitamente acrescentados ao patrimônio, no valor de R$ 301.992,34, e suspensão dos direitos políticos pelo prazo de nove anos. Já o grupo empresarial deverá desembolsar o valor de R$ 301.992,34, a título de multa civil.

Segundo o processo, o réu integrava organização criminosa voltada à obtenção de vantagens por meio de aprovação de projetos arquitetônicos e expedição de alvarás e cartas de “habite-se” com violação às normas para atender o interesse de construtoras. Para isso, agilizava procedimentos, sem observar normas urbanístico-ambientais, por meio da intimidação de servidores, substituição de gerência e atribuição de poderes a servidores para conseguir emitir alvará de construção e habite-se ilicitamente. O documento detalha que o grupo empresarial LB Valor tinha interesse no licenciamento de empreendimentos imobiliários e pagava quantias indevidas ao ex-administrador regional.

MPDF realiza inspeção na escala de médicos da UTI do Hospital do Gama. Havia só metade do previsto na escala

Segunda, 28 de junho de 2024

Procedimento foi instaurado a partir de denúncia. Profissionais ausentes durante a inspeção desta quinta-feira, 27 de junho, deverão prestar depoimento para o MPDFT


A Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) realizou vistoria no serviço de plantão da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional do Gama (HRG) nesta quinta-feira, 27 de junho. A visita ocorreu após o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) receber uma denúncia a respeito de uma médica que não comparecia ao hospital para cumprir a jornada de trabalho.

Conforme a apuração feita no local, a promotoria constatou que, dos seis médicos escalados para o plantão na UTI, três não estavam presentes. Os profissionais foram notificados e devem comparecer à Sede do MPDFT, na próxima terça-feira, 2 de julho, para prestar depoimento.

O promotor de Justiça Clayton Germano destaca que o objetivo da investigação é apurar as razões das faltas dos médicos na UTI, e se eles estavam trabalhando em outro local durante o horário do plantão, afetando a prestação de serviço no HRG. Germano alerta que, caso seja constatado que houve registro de ponto desses profissionais na data da vistoria e que estavam atuando em qualquer outro hospital, a conduta é tipificada como crime de inserção de dados falsos em sistema de informações, prevista no art. 313-A do Código Penal.

Ouvidoria

O MPDFT tem fiscalizado os hospitais do Distrito Federal para apurar condições de atendimento à população. O cidadão pode denunciar irregularidades nas unidades de saúde por meio da Ouvidoria. A manifestação é analisada e encaminhada à Prosus.

O ANO DE 2015 NÃO TERMINOU NA AGU

Sexta, 28 de junho de 2024

O ANO DE 2015 NÃO TERMINOU NA AGU
Aldemario Araujo Castro
Advogado
Mestre em Direito
Procurador da Fazenda Nacional
Brasília, 28 de junho de 2024

A expressão "o ano x não terminou" geralmente é utilizada de forma figurada para retratar a ideia de que certos eventos, tendências ou problemas característicos de um determinado ano continuam a influenciar o período subsequente. Assim, embora o calendário tenha avançado, as circunstâncias daquele ano específico ainda estão presentes e são marcantes no momento posterior.

Nesse sentido, é possível afirmar que o ano de 2015 não terminou no âmbito da Advocacia-Geral da União (AGU). Com efeito, as principais motivações para a intensa mobilização dos advogados públicos federais em 2015 são, na essência, as mesmas para as movimentações em curso em 2024.

Em 2015, os integrantes das carreiras jurídicas da AGU (Advogados da União, Procuradores da Fazenda Nacional, Procuradores do Banco Central do Brasil e Procuradores Federais) buscavam: a) simetria remuneratória com as carreiras das demais Funções Essenciais à Justiça e b) autonomia institucional (financeira, administrativa e funcional). Esses dois objetivos estavam representados na aprovação das PECs (Propostas de Emendas à Constituição) ns. 82/2007 e 443/2009.

Entre os pleitos “secundários” figuravam: a) criação de uma carreira especializada de apoio administrativo; b) reconhecimento do exercício da advocacia plena e c) indenização por acúmulo de atribuições e trabalho extraordinário, nos moldes do que se aplicava à magistratura federal e aos membros do Ministério Público da União.

Política Nacional de Assistência Estudantil: sanção agora nas mãos da Presidência da República

Sexta, 28 de junho de 2024

Professora Fátima Sousa*

Depois de aprovado pelo Senado Federal, o PL 5.395/2023 que trata da Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) segue para sanção da Presidência da República, momento dos mais esperados pela comunidade acadêmica, que nutre a expectativa de que o Presidente Lula o faça ainda nos primeiros dias de julho. A PNAES é uma iniciativa fundamental para garantir a permanência e o sucesso dos estudantes no ensino superior e na educação profissional científica e tecnológica pública federal. Instituída pelo Ministério da Educação, a Política visa ampliar as condições de permanência dos estudantes, minimizando as desigualdades sociais e regionais que impactam na conclusão dos cursos.

É fato que o governo federal já possui um Programa Nacional de Assistência Estudantil, também conhecido pela mesma sigla PNAES, instituído pelo Decreto 7.234/2010. Este programa oferece suporte ao estudante em diversas áreas, como moradia, alimentação, saúde, creche, apoio pedagógico, inclusão digital, cultura, esporte e transporte. No entanto, o projeto aprovado na terça-feira, dia 11 de junho, transforma este programa em lei, consolidando-o como uma política mais abrangente e fortalecendo sua continuidade e manutenção, assegurando, inclusive bolsa de pelo menos R$ 700,00.

A PNAES é composta por diversos programas, como o Programa de Assistência Estudantil (PAE) e o Programa de Bolsa Permanência (PBP), que oferecem suporte direto em áreas essenciais como moradia, alimentação, transporte, saúde, inclusão digital, cultura e esporte. O PAE, por exemplo, destina-se a estudantes de graduação e cursos técnicos de nível médio, priorizando aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica e com deficiências que requerem acompanhamento pedagógico.

O PBP, por sua vez, oferece bolsas de permanência a estudantes de graduação e cursos técnicos, com foco especial em grupos vulneráveis como indígenas, quilombolas e cotistas matriculados em cursos de graduação presencial ofertados por Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Para estes grupos, em especial, a institucionalização dessa política está amparada na Portaria nº 22 de 7 de junho de 2024, que dispõe sobre a oferta de novas bolsas e abertura do prazo para análise da documentação de elegibilidade destes perfis de estudantes ao PBP. Além disso, a PNAES inclui programas específicos para apoio a estrangeiros e iniciativas de inclusão e acessibilidade, moradia estudantil e transporte, demonstrando um compromisso abrangente com a equidade no ensino superior que desejamos.

Mas para melhorar ainda mais a eficácia da PNAES, algumas propostas podem ser implementadas. É essencial expandir os benefícios da PNAES para incluir estudantes de mestrado e doutorado, especialmente em áreas de alta demanda e relevância científica e tecnológica, o que ajudaria a manter talentos no país e a promover avanços significativos em pesquisa e inovação. Além disso, estabelecer parcerias com empresas privadas para fornecer estágios remunerados e oportunidades de emprego para estudantes não só ajudaria financeiramente aos discentes, mas também facilitaria a transição para o mercado de trabalho. E ainda, fortalecer programas de apoio psicológico e de saúde mental dentro das universidades também é crucial, pois muitos estudantes enfrentam desafios emocionais que podem impactar negativamente seu desempenho acadêmico e sua permanência nos cursos.

Outro aspecto importante é investir na melhoria da infraestrutura das instituições de ensino, garantindo acessibilidade plena para estudantes com deficiência. Isso inclui não só adaptações físicas, mas também tecnológicas e pedagógicas. Implementar um sistema robusto de monitoramento e avaliação das ações da PNAES, com a participação ativa dos estudantes, garantiria que os recursos sejam utilizados de forma eficiente e que os programas sejam ajustados conforme necessário para atender às demandas estudantis, a exemplo da moradia de qualidade, segura e gratuita.

Além das propostas já mencionadas, é fundamental promover uma maior integração entre os diversos programas de assistência estudantil, garantindo que as ações sejam complementares e não sobrepostas. A criação de centros de apoio ao estudante, que centralizem os serviços oferecidos, pode facilitar o acesso e a comunicação entre os discentes e as instituições. E mais, incentivar a participação na formulação e avaliação das políticas de assistência estudantil pode trazer insights valiosos e garantir que as iniciativas realmente atendam às necessidades.

A implementação dessas propostas pode potencializar os impactos positivos da PNAES, contribuindo para uma educação superior mais inclusiva, equitativa e de qualidade no Brasil. Fortalecer a PNAES é, portanto, um investimento no futuro do país, garantindo que todos os estudantes, independentemente de sua origem socioeconômica, tenham a oportunidade de concluir seus estudos e contribuir para o desenvolvimento nacional, regional e no Distrito Federal, em particular.


Veja aqui biografia da Professora Fátima Sousa