Sábado, 17 de maio de 2014
Alex
Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
Cerca de 500
educadores de escolas públicas da Chapada da Diamantina e do Semiárido baiano
fizeram hoje (17), em Brasília, um ato em defesa da educação. Vestindo
camisetas do movimento Educação em Nossas Mãos, o grupo portava faixas e
cartazes em que pediam mais investimentos no setor. A chegada de outros dois
ônibus, com cerca de 90 pessoas, é esperada ainda hoje.
O grupo chegou à
capital federal de madrugada. Os manifestantes ocuparam uma das seis faixas do
Eixo Monumental, uma das principais vias da região central de Brasília, e
marcharam da Catedral Metropolitana até o Congresso Nacional.
“Viemos a Brasília,
centro decisório do país, com o intuito de influenciar nossos governantes”,
disse à Agência Brasil a diretora do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa,
Cybele Amado de Oliveira, explicando que o grupo já fez outros atos no interior
baiano. “Mas aqui estão o Congresso Nacional, os ministérios, todos [os órgãos
e pessoas] que deveriam estar absolutamente voltados para a educação.”
O grupo armou uma
grande lona no gramado central da Esplanada, onde irá organizar uma série de
debates. Na segunda-feira (19), os representantes do movimento têm reuniões
agendadas com senadores. E esperam ser recebidos pelo ministro da Educação,
Henrique Paim, a quem querem entregar um documento com algumas das principais
propostas do movimento, como a vinculação do pagamento do Bolsa Família a
resultados efetivos na escola além da frequência e a garantia legal de que
programas e ações de governo, nas três esferas, tenham continuidade após
mudanças de governo. Uma versão final do documento deverá ser entregue aos
candidatos à presidência da República.
“Estamos discutindo
algo como uma lei que acabe com a descontinuidade que afeta a educação
brasileira. Após cada eleição, principalmente municipais, aulas são
paralisadas, a distribuição de merenda e material escolar é descontinuada,
mudam-se programas e o transporte escolar é interrompido”, acrescentou Cybele.
Ao falar sobre as
carências da educação brasileira, Cybele comentou a prisão,
esta semana, dos prefeitos das cidades baianas de Fátima e de Sítio do Quinto,
além de ex-prefeitos, vereadores, secretários municipais e funcionários
públicos desses e de mais 18 municípios baianos, por suspeita de participação
em um esquema que, segundo a Polícia Federal (PF), desviou pelo menos R$ 70
milhões dos cofres das prefeituras. Ainda de acordo com a PF, boa parte do
dinheiro foi desviada do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Edução (Fundeb), entre 2009 e
2014.
“Todo esse grupo aqui
acompanha as comissões que, nos municípios da Chapada Diamantina, regulam os
recursos públicos. Sabemos, portanto, dos desafios para o setor. Na situação
que vivemos hoje, com tantas demandas, vemos recursos sendo desviados. Por isso
é necessário que haja comitês eficientes para que a sociedade possa monitorar a
aplicação do dinheiro público”, concluiu a diretora.