Sexta, 23 de maio de 2014
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
Cerca de 15 mil pessoas, segundo
estimativa da Polícia Militar (PM), participaram de manifestação
organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) na noite de
hoje (22), na capital paulista. O protesto contra os gastos para
realização da Copa do Mundo saiu do Largo da Batata, zona oeste, e
percorreu em torno de 5 quilômetros até a Ponte Octávio Frias de
Oliveira, na zona sul. No trajeto, a passeata interrompeu o trânsito em
vias importantes, como a Avenida Faria Lima e a Marginal Pinheiros.
Apesar
da chuva, os manifestantes permaneceram animados, tanto pelo carro de
som quanto pelos gritos de guerra característicos do movimento. “Pisa
ligeiro, pisa ligeiro. Quem não pode com a formiga, não atiça o
formigueiro”, cantava o coro da passeata. O ato teve ainda a adesão do
Movimento Passe Livre, do Comitê Popular da Copa e do movimento Se Não
Tiver Direitos Não Vai Ter Copa, dentre outros.
A manifestação
mostra, segundo o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, que há uma
insatisfação crescente sobre a forma como foi organizado o Mundial. "É
um processo crescente de luta, que expressa a indignação dos
trabalhadores sem teto, em particular. Mas nós vimos várias outras
categorias. Os condutores e os professores em São Paulo estão em greve.
Várias categorias pelo país começam a se perguntar: Empresário
ganhando, empreiteiro ganhando, e onde fica a gente? Queremos a nossa
fatia desse bolo”, ressaltou.
De cima do carro de som, Boulos
convocou a multidão a continuar pressionando o Poder Público para
solucionar o problema da falta de moradia. “Ou o dinheiro para construir
as casas vai aparecer agora, ou o junho da Copa vai virar o junho
vermelho”, disse em referência à cor das bandeiras e camisas do MTST.
“Não adianta fazer Copa do Mundo, encher os nossos olhos, e achar que a
gente, sem ter os nossos direitos, vai se calar e ficar assistindo
futebol”, declarou.
A maior parte dos participantes do ato eram
membros das ocupações promovidas pelo movimento em diversos pontos da
capital paulista. Entre eles, o pedreiro Ivanilson Moreira, que veio da
ocupação Dona Déda, no Campo Limpo, zona sul. “Não estava mais
conseguindo pagar o aluguel do barraco”, contou. “Espero conseguir um
apartamento que possa pagar”.
Desempregada, Rosemeire de Jesus
disse que tem feito bicos para conseguir saldar o aluguel de R$ 450 de
sua residência, em Paraisópolis, zona sul. “O córrego passa em baixo da
casa. Tem rato para todo lado, e quando chove pode desabar. E ainda tem
que pagar o aluguel. Fica difícil”, reclamou a militante que vive no
barraco com dois filhos.
Ao final do ato, Boulos avisou que a
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos havia disponibilizado trens
extras para facilitar o transporte dos participantes. “Essa foi, sem
dúvida nenhuma, a maior manifestação na cidade de São Paulo neste ano”,
afirmou.