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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Exposição "Respeito ou Repetição?" pode ser vista no Memorial dos Povos Indígenas de Brasília até 12 de maio

Quarta, 1º de maio de 2019
Do MPF
Mostra revisita consequências da política de integração forçada de indígenas no Brasil
Fotografia mostra dois indígenas pintados a caráter, observando cartazes da exposição
Foto: Davi Mello / Pareia Comunicação
A exposição traz imagens e trechos do Relatório Figueiredo, documento produzido em 1967 a partir de investigação conduzida pelo procurador Jader de Figueiredo Correa, do extinto Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), a pedido do próprio governo militar. Jader percorreu mais de 16 mil quilômetros em missão oficial, entrevistou dezenas de agentes do Serviço de Proteção Indígena (SPI) e visitou mais de 130 postos indígenas. Em mais de sete mil páginas, registrou massacres e atrocidades cometidos contra indígenas por funcionários do SPI, políticos e latifundiários. A divulgação do documento chocou o Brasil e o mundo, motivando a extinção do SPI e a criação da Funai.As terríveis consequências da política de integração forçada de indígenas no Brasil podem ser conferidas na mostra “Respeito ou Repetição? A história que não se quer reviver”, em cartaz no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, até 12 de maio. Organizada pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF (6CCR), em parceria com o Armazém da Memória, a exposição reúne fotografias, relatos e documentos históricos que mostram as atrocidades cometidas contra indígenas em pleno século XX, quando o integracionismo vigorava como política oficial. A curadoria é do pesquisador Marcelo Zelic, coordenador do Armazém da Memória, e a arte, da designer Bianca Prado. Essa é a segunda exibição da mostra, que já esteve em cartaz no Memorial do MPF. Como se trata de exposição itinerante, depois que sair do Memorial dos Povos Indígenas, poderá ser montada em outros espaços culturais, em agenda a definir.

O acervo também reúne alguns dos resultados das apurações conduzidas pela Comissão Nacional da Verdade sobre as violações de direitos de indígenas e traz informações sobre a atuação do MPF nesses casos, em busca de reparação. O objetivo da exposição é dar visibilidade a uma parte ainda pouco conhecida da nossa história e evitar a repetição dos crimes.
Inauguração – Durante a solenidade de inauguração no MPI, que ocorreu em 25 de abril, o coordenador da Câmara de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF (6CCR), subprocurador-geral da República Antonio Carlos Bigonha, ressaltou a necessidade de se lançar um olhar ainda mais atento às questões indígenas para evitar que novas violações venham a ser cometidas. "A exposição tem por objetivo trazer à memória de todos os brasileiros, sobretudo das autoridades públicas, uma página da história que não podemos repetir. Não é justo com os indígenas que nos permitamos cometer os mesmos erros", apontou.
Para o curador da mostra, Marcelo Zelic, levar a exposição a um espaço público e acessível como o Memorial dos Povos Indígenas serve para valorizar a cultura dos povos indígenas e também sensibilizar as pessoas acerca da necessidade de atuar na defesa das comunidades tradicionais. "É uma luta desigual a que é empreendida pelo homem branco contra os índios. Expor para a sociedade o extermínio cometido no passado é uma forma de cultivar o respeito aos direitos dos povos indígenas, sua autodeterminação e a soberania sobre seus territórios", destacou.
Mostra: Respeito ou Repetição? A história que não se quer reviver
Memorial dos Povos Indígenas de Brasília
Visitação: Até 12 de maio
Horário: De terça a sexta-feira, das 9h às 17h; e sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h.
Endereço: Eixo Monumental Oeste, Praça do Buriti, em frente ao Memorial JK
Telefone: (61) 3344-1154 / 3342-1156