Sexta, 7 de maio de 2021
Operações policiais que desafiam STF já mataram 823 pessoas. Hoje [ontem, 6 de maio], a mais letal da história matou 25
Da Ponte.Org
06/05/21 por Jeniffer Mendonça
Chacina na comunidade do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, provocou reação de entidades de direitos humanos. “Massacre desastroso”, diz Daniel Hirata, pesquisador da UFF

Imagens publicadas em redes sociais mostra que um homem foi morto sentado em uma cadeira | Foto: Reprodução/Joel Luiz Costa/Twitter
Cenas de corpos ensanguentados no chão de casas, nas vielas, nas ruas, a maioria deles negros, tomaram redes sociais durante a operação da Polícia Civil na comunidade do Jacarezinho, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (6/5). Até a publicação desta reportagem, foram contabilizados 25 mortos e quatro feridos. É a maior chacina ocorrida durante operações policiais no período democrático no estado, de acordo com o Geni-UFF (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense).
O grupo enumerou 11 ações que tiveram mais de 10 mortes. Prestes a completar um ano, em maio do ano passado, operação do Bope (a tropa mais letal da PMERJ) em conjunto com a Polícia Civil deixou 12 mortos no Complexo do Alemão, no auge da pandemia. “Consideramos essas as ações mais desastradas no estado do Rio de Janeiro pelo número de mortes decorrentes dessas ações e é muito importante comparar esses massacres porque as operações policiais são ações estatais, não são ações de grupos criminais, de grupos armados, de paramilitares, são ações que têm a autorização política e policial para que ocorram”, explica o professor de sociologia e coordenador do GENI Daniel Hirata.
Desde o início da manhã nem a Polícia Civil nem o Ministério Público Estadual se manifestaram sobre a justificativa da operação. Desde junho do ano passado, liminar deferida pelo ministro Edson Fachin e referendada pelo plenário da corte do STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu operações policiais nas comunidades durante a pandemia da Covid-19, a partir da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) nº 635, conhecida como “ADPF das Favelas”. As operações só podem ocorrer em casos excepcionais.