Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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domingo, 2 de março de 2025

Como deter o avanço da direita?

 Domingo, 2 de março de 2025

Roberto Amara*

Os números das eleições parlamentares da Alemanha confirmam o cenário antevisto pela unanimidade dos analistas, tão claras eram as evidências do crescimento da extrema-direita e do neonazismo, que lá floresceu para incendiar o mundo e construir uma era de horror. Agora, com matizes tirados da modernidade, ressurge ameaçador, empolgando majoritariamente a Europa Ocidental, em crise econômica, política e mesmo de identidade. O neonazismo é uma doença que nem a guerra, nem a fome, nem a barbárie dos campos de concentração conseguiram erradicar. Nascida com a crise de 1929-1930, recrudesce com o esgotamento capitalista e a falência das alternativas até aqui cogitadas.

Lá e cá, sempre que a esquerda, na busca do voto conservador (ou da governança, governabilidade, composição, conciliação, ou disso ou daquilo), abandona seu leito natural e se alia à direita — muitas vezes subsumindo seu discurso —, é esta quem avança eleitoralmente e, principalmente, vence politicamente. Hoje, a direita dirige o discurso planetário e é vitoriosa do ponto de vista ideológico, pois seus valores se fazem presentes em todo o mundo, instalando-se no pensar, no formular e no fazer dos adversários históricos, que assim se transformam em reprodutores inconscientes dessa ideologia.

O capitalismo, além de dominar o aparato militar, avança sobre corações e mentes: o Estado de bem-estar social, promessa da social-democracia do pós-guerra, foi substituído pelo neoliberalismo. O indivíduo toma o lugar da sociedade. Os EUA, em declínio, reivindicam a unipolaridade, e o trumpismo vitorioso é a voz da “nova” ordem mundial: belicismo, intolerância, expansionismo, avanço do sionismo, nacionalismo excludente, racismo desabrido.

A ascensão de Hitler em 1933 foi alimentada pela crise econômica que chegara ao seu clímax em 1930, mas foi facilitada pelo recuo da social-democracia. Doutrinariamente oportunista, essa corrente viu na ascensão do futuro Führer um meio de derrotar seus inimigos figadais: os comunistas. Hitler esmagou a ambos.