Segunda, 10 de fevereiro de 2014
Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
O advogado Jonas Tadeu Nunes revelou hoje (10) a
tese da defesa do manifestante Fábio Raposo, de 22 anos, investigado
pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, de 49 anos. O jornalista
foi vítima de um explosivo durante a cobertura de uma manifestação na
última semana e teve morte cerebral.
Para defender o ativista, o advogado alegará lesão corporal gravíssima
seguida de morte para se contrapor à acusação da Polícia Civil de
homicídio qualificado.
“Para nós, houve uma lesão corporal gravíssima seguida de morte. Não
há homicídio porque não existiu a vontade livre e consciente de acender
isso [o rojão] para atingir o jornalista”, disse Jonas Tadeu. Para ele,
Fábio e os demais envolvidos deveriam responder por dolo eventual.
“Passar um rojão é bem diferente de uma arma de fogo, que com certeza
pode lesionar”.
O
advogado espera, com a tese de lesão corporal, reduzir a pena do
acusado. "Existe aí a imprudência, a negligência, porque eles poderiam
ter acendido e usado aquilo de outra maneira, não estou eximindo eles de
culpa ou responsabilidade”, completou o advogado.
Jonas Tadeu falou à imprensa ao deixar a 17ª Delegacia de Polícia, na
zona norte do Rio. Ele esteve no local para dar à polícia referências
de um intermediário que pode identificar mais um dos suspeitos de
participar do lançamento do artefato que atingiu o cinegrafista. O
advogado tenta também usar a tese da delação premiada para reduzir os
agravantes do crime.
Segundo ele, o delegado responsável pelo caso, Maurício Luciano,
ainda não aceitou a oferta, mas que as justificativas da Polícia Civil
para recusar serão questionadas na Justiça.
O advogado também pediu ao suspeito indicado por Fábio que se
entregue à polícia. “A defesa que fazemos aqui será a mesma para essa
pessoa. Se ele for inteligente, ele se apresentará e colaborará com a
polícia”, declarou. O advogado não chegou a conversar com o segundo
suspeito, entrou em contato apenas com o intermediário indicado por
Fábio, que se entregou no final de semana.
O cinegrafista da TV Bandeirantes teve morte cerebral declarada hoje, como resultado do acidente na última quinta-feira.
Ele permanece ligado a aparelhos no Centro de Tratamento Intensivo
(CTI) do Hospital Municipal Souza Aguiar, aguardando a família, que
determinará os procedimentos a partir de agora.