Quarta, 8 de março de 2017
Sapato grife governo Rollemberg
Doutô, brilho aqui vai ser missão
impossível! O couro está rachado, no lugar do dedão...furado, a sola descolada,
brocada e estragada. E o chulé é insuportável. Não tem tinta, graxa, flanela e
cusparada que dê jeito e brilho neste
seu sapato. Engraxate não há por essas bandas do Planalto Central, nem neste
mundo de Meu Deus, que possa recuperar o brilho dessa ‘coisa’.
Foto: Metrópoles
Doutô, lá pras bandas de Itiúba,
sertão sisaleiro da Bahia, até havia o Mestre Bugué, sapateiro de primeira.
Quando alguém usava o sapato até a sola furar, ia na lojinha do Mestre Bugué.
Mestre porque também era músico dos bons. E também em razão de ser mestre na
arte de sapataria. Alicate, faca afiada que nem a língua do Cão, sovela, prego,
martelo, muita conversa e mentira de caçador. Pronto! A receita perfeita para
se colocar uma meia sola no sapato velho de qualquer um. Depois era só um pouco
de graxa e tinta, estava o sapato pronto e brilhando para mais dois anos de
uso.
Doutô, como seria bom se aqui em
Brasília, ou adjacências, houvesse um consertador, e lustrador exímio, como era
o Mestre Bugué! Quem sabe se não daria para lustrar esse seu ‘sapato’
carcomido, couro esfarelando, cordão um cotoco só, chulé dos diabos, sola toda
esburacada? Um remendo aqui, outro ali, mais um acolá, uns pregos no solado,
uma graxinha e tinta por cima. Poderia dar para enganar.
Doutô, infelizmente não há bugués
no Planalto Central. Seu sapato vai continuar, tudo indica, furado, fubento,
fedorento por mais dois anos.
Doutô, se o Bugué fazia milagres
com sapatos velhos, deixando-os tinindo de brilhantes, aqui nas terras em que
Dom Bosco disse que jorraria leite e mel, não há milagreiros na profissão de
fazer coisas estragadas parecerem brilhantes. Muito menos quando essas coisas
não são sapatos, mas sim governos.
Troca de secretários de comunicação para mudar a
imagem de um ‘sapato’ estourado, furado, esfarelado, brocado, pode até ser
tentado. Mas achar que poderá dar brilho a esse sapato marca GDF, quando já
está todo estragado e na hora de ser despachado para o SLU, ou para a
encruzilhada? Faça-me o favor!
Mestre Bugué era mestre na arte da
sapataria. De quando em vez ele olhava o sapato que alguém levava, matutava, e
fulminava: Fulano, este não tem santo que dê jeito. Manda buscar outro na
Bahia. Bahia como chamávamos, e chamamos, é a cidade de Salvador.
Doutô! Doutô Rollemberg, esse
sapato que você tenta recuperar o brilho não tem santo que dê jeito. Não
adianta querer FONAr nos ouvidos do povo. O povo não acredita mais na
recuperação do seu sapato, pois continua ele nas mãos de sapateiros, pelo menos,
imperitos.