Quarta, 21 de maio de 2014
No dia 12, vamos trabalhar para confluir todas as mobilizações já em curso e em preparação
Mobilização no dia 15 de maio no Rio de Janeiro
(Foto: RB)
Do site do PSTU
Por Zé
Maria
Os
trabalhadores e jovens que fazem greves, ocupações e manifestações de rua
querem melhores salários, recursos para saúde, educação, moradia, transporte
público, reforma agrária e aposentadoria digna. Querem o fim da violência
policial e da criminalização da luta social. E protestam contra a política do
governo da presidenta Dilma, dos governos estaduais e municipais, que só
destina recursos públicos para a FIFA, grandes empresas, empreiteiras, bancos e
para o agronegócio.
Neste
15 de maio, vivemos um amplo processo de lutas em todo o país. Na maioria das
capitais, manifestações de rua protestaram contra as injustiças da Copa. Mas
não foram apenas as passeatas – algumas duramente reprimidas pelo polícia, como
ocorreu em São Paulo. O país viveu centenas de outras formas de protesto.
Em
São Paulo, tivemos greves em mais de uma dezena de fábricas metalúrgicas,
convocadas pelo sindicato de metalúrgicos local em protesto contra a política
econômica do governo federal. Uma enorme passeata dos professores da rede
municipal em greve ergueu a voz da categoria que cobra do prefeito Haddad
(PT/SP) atendimento das reivindicações dos educadores em contraponto à
destinação de recursos públicos para as empreiteiras e para a Copa. Os
metroviários paralisaram o setor de manutenção e fizeram uma linda passeata por
todo o centro da cidade. As famílias da Ocupação Esperança, do Luta Popular,
fecharam a rodovia Anhanguera ainda no inicio da manhã. O MTST promoveu
diversas mobilizações, também pela manhã em vários pontos da cidade. O protesto
dos movimentos populares era contra as injustiças da Copa e exigiam moradia
para o povo pobre.
Em
Belo Horizonte, uma grande manifestação reuniu trabalhadores em greve de
diversas categorias (professores da rede municipal de Belo Horizonte,
servidores municipais de BH, professores da rede estadual) com as famílias da
Ocupação Wiliam Rosa, do Luta Popular, outros movimentos populares da região e
estudantes. No Rio de Janeiro, na esteira da greve dos rodoviários que
paralisou a cidade por dois dias, uma manifestação no centro da cidade uniu os
professores da rede municipal e da rede estadual que estão em greve, diversas
outras categorias e estudantes. Todos protestando contra as injustiças da Copa,
a política econômica do governo federal e o descaso dos governos estaduais e
municipais para com as demandas dos trabalhadores e do povo pobre.
E
assim foi em diversas outras capitais, com manifestações organizadas pelo Comitê
Popular da Copa, pela CSP-Conlutas, pela ANEL, por sindicatos e movimentos
populares. O que o país viveu, portanto, foi um forte dia de protestos contra
as escolhas feitas pelos governantes das três esferas (federal, estaduais e
municipais) e exigindo mudanças no país. Não é que os trabalhadores e jovens
que lutam queiram impedir a realização da Copa do Mundo. Pequenos grupos como
os adeptos da tática Black Bloc, que com seu modo de agir só prejudicam o
movimento, não representam as centenas de milhares de jovens que participaram
dos protestos em todo o país.
O
que motiva os protestos são as injustiças sociais que a Copa do Mundo apenas
evidencia. A pergunta que não se cala é por que os governos podem garantir, com
recursos públicos, o famoso “padrão FIFA” para os estádios e não pode garantir
este mesmo “padrão” para a qualidade dos serviços públicos de saúde, educação,
transporte? Por que os recursos repassados às empreiteiras não são usados para
garantir moradia para o povo pobre, para fazer a reforma agrária, para pagar
uma aposentadoria digna para aqueles que trabalharam sua vida inteira? E por
que não há uma ação concreta das autoridades para mudar o quadro da violência
machista contra as mulheres, o racismo e a homofobia que só se alastram na sociedade?
O
que motiva os protestos é a violência com que a polícia, a mando dos governos,
trata os jovens e trabalhadores nas manifestações, a criminalização da luta
social. No Rio Grande do Sul, um juiz acaba de aceitar uma denúncia feita pelo
Ministério Público contra o jovem Matheus Gomes, dirigente do PSTU e da ANEL, e
mais 5 companheiros que, se condenados, podem pegar até 20 anos de prisão. Já
são centenas de jovens indiciados pela policia em todo país. O crime? Lutar por
seus direitos! O que motiva os protestos é o verdadeiro genocídio praticado
pela policia na periferia das grandes cidades, contra o povo pobre e negro.
O
governo da presidenta Dilma pronunciou-se tratando de diminuir e desmerecer a
importância dos protestos que houve no 15M. Tenta desvincular as greves e lutas
dos movimentos populares dos protestos contra a Copa, como se estas greves e
estas lutas também não questionassem as políticas e escolhas feitas pelo seu
governo. Como propaganda na grande imprensa e na televisão isso pode até ser feito.
Mas a realidade que vive o país é muito diferente da propaganda oficial.
Desde
junho do ano passado – quando milhões foram às ruas expressando seu
descontentamento com os governos e exigindo mudanças no país - vivemos uma nova
situação política no Brasil. Esta nova situação vem se aprofundando nos últimos
meses e vive um pico de mobilizações nas últimas semanas. O fato deste processo
não se dar na forma de manifestações de centenas de milhares nas ruas, mas sim
através de centenas de greves em todo o país, de ocupações e mobilizações dos
movimentos populares e de lutas estudantis não lhe tira força ou importância.
Muitas destas greves são expressões de rebelião dos trabalhadores que, para
defender seus direitos, passam por cima das direções sindicais quando estes
preferem apoiar o governo e os empresários. Em vários estados, a
mobilização já chegou à base das forças de segurança, como vimos na greve da PM
na Bahia e, mais recentemente, em Pernambuco.
O
que vemos é um salto adiante no processo de lutas no país, agora com um
protagonismo cada vez maior da classe trabalhadora organizada, através de suas
formas tradicionais de luta. E esse quadro tende a se ampliar nas próximas
semanas.
Fortalecer e
unificar as lutas! 12 de junho é dia de greves, ocupações e manifestações de
rua!
Os
servidores federais da área técnica e administrativa das universidades federais
estão em greve em todo o país. Também estão em greve os trabalhadores
(professores e técnico-administrativos) dos Institutos Federais de Educação no
Brasil inteiro. Participaram dos protestos em seus estados e continuam em greve
exigindo o atendimento de suas reivindicações. Nesta semana, começou a greve
dos trabalhadores do poder judiciário federal e, no início de junho, várias
outras categorias do serviço público federal devem parar suas atividades.
Os operários da construção civil de
empreiteiras da Petrobrás estão em greve na baixada santista. Operários da
construção civil preparam, para os próximos dias, greves em Belém e Fortaleza.
Os trabalhadores no transporte coletivo – ônibus, trens e metrô – seguem em
luta e devem ocorrer várias greves nas próximas semanas.
Enfim,
o panorama que temos, ao contrário do que diz (e torce) o governo, é de
crescimento da mobilização social em todo o país. Os trabalhadores e a
juventude brasileira querem mudanças no país!
É
este o contexto da preparação da jornada de mobilizações convocada para o dia
12 de junho, dia do primeiro jogo da Copa do mundo. Vamos trabalhar para
confluir nesta data, todas as mobilizações já em curso e em preparação. Vamos
unir todas as lutas numa grande jornada de greves, ocupações e manifestações
para exigir mudanças de verdade no país, com melhores salários, recursos
públicos para atender as necessidades da população, o fim da violência policial
e da criminalização da luta social. Chega de privilégios e dinheiro para a
FIFA, empreiteiras, bancos e grandes empresas nacionais e multinacionais! A
mudança vem das ruas!
Nossa luta é a
mesma em todo o mundo
E
queremos estender este chamado a nossos irmãos trabalhadores e jovens de todo o
mundo para que se somem a nossa jornada, organizando em seus países protestos
que apoiem as lutas no Brasil. Nossa luta é em defesa dos interesses e direitos
da classe trabalhadora e da juventude. É a luta contra a dominação do nosso
país pelas grandes empresas e bancos multinacionais que exploram e oprimem o
nosso povo. É a mesma luta daqueles que se enfrentam em todo o mundo contra
todas as formas de exploração e opressão do capitalismo. Vamos, então, unir a nossa
luta!