Editado pelo jornalista Luís Augusto Gomes
Data: 12/05/2014
10:26:41
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A resistência à ditadura militar teve nos comunistas um forte esteio político e intelectual, o que contaminou, no bom sentido, toda uma geração de jornalistas, que, mesmo em muitos casos não sendo de filiados aos partidos clandestinos de então, se sentiam e se intitulavam “de esquerda”, em natural oposição ao regime.
Ivan Lemos de Carvalho, que perdemos no dia 6 de maio, era uma exceção. Dizia-se de direita e explicava convincentemente sua posição, No entanto, entre aqueles que militaram na difícil imprensa daquela época, nenhum o excedeu no pensamento e na escrita contra o sistema autoritário que nos oprimia.
Para que o situemos politicamente, Ivan era um democrata inarredável, o que o fazia um adversário da ditadura. Se no plano econômico tinha princípios conservadores, restava-lhe lamentar que suas ideias, no Brasil, tivessem aquela condução, mas delas não podia, por dever de consciência, abrir mão.
Muitos falaram das grandes qualidades humanas e profissionais de Ivan, as quais só comportam confirmação. Do texto brilhante e isento ao coração livre de ódio e preconceito. Da análise profunda do fato político ao bom humor que, pela sua introversão, só os mais chegados conheciam.
Profissionalmente dedicado a coisas mundanas, tinha, entretanto, seu lado místico, alicerçado não só no cristianismo, cuja mensagem conhecia e respeitava, mas também num tema que o encantava e que dominava: a vida fora Terra, as civilizações extraterrestres, em que acreditava plenamente, sobre elas discorrendo com a propriedade de estudioso.
Insuperável no trato cavalheiresco, Ivan colecionou apenas amigos, não tendo havido, em mais de 40 anos de jornalismo, notícia de que tenha sido parte em algum conflito ou discórdia – um exemplo raro de trajetória de vida que deixa menores muitos de todos nós