Sábado, 24 de maio de 2014
Como o ex-diretor da Petrobras Paulo
Roberto Costa, solto na semana passada, planejava criar quatro
refinarias de papel e captar mais de R$ 1 bilhão para, depois,
negociá-las no mercado financeiro
Claudio Dantas Sequeira
Revista IstÉ
Dois meses
antes de ser preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, o
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa articulava um golpe para
captar mais de R$ 1 bilhão num prazo de dois anos. O plano era criativo.
Vendendo sua afamada influência na Petrobras, Costa alardeava em
reuniões com políticos e empresários do setor que criaria quatro
pequenas refinarias de petróleo em posições estratégicas ao lado de
campos de exploração da estatal no continente. Ele dizia se tratar de um
negócio bom para ambas as partes. Sem precisar transportar o óleo
desses campos de baixa produção para refinarias distantes, a Petrobras
economizaria em logística. Costa, com seus eventuais parceiros, além de
embolsar bilhões de reais, entraria num nicho de mercado restrito com
possibilidade de revender o combustível refinado de volta a Petrobras.
Ao investigar o caso, porém, a Polícia
Federal passou a desconfiar que tudo nessa operação seria um teatro.
Primeiro porque os investigadores descobriram que um dos parceiros de
Paulo Roberto Costa na empreitada era dono de uma empresa de energia que
aplicou golpe semelhante, criando usinas eólicas de fachada, depois de
captar recursos públicos e privados. Além disso, a PF afirma não ter
encontrado indícios de que a presidente da Petrobras, Graça Foster,
tivesse demonstrado qualquer intenção de dar aval à parceria acalentada
por Costa. Com isso, a PF suspeita que as refinarias de Costa serviriam
de fachada para o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro
Alberto Youssef.