Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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domingo, 10 de agosto de 2025

Conselho da Petrobras aprova volta da distribuição de gás de cozinha

Domingo, 10 de agosto de 2025

No governo anterior, empresa abriu mão do negócio

© REUTERS/Caetano Barreira/Proibida reprodução
Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil
Publicado originalmente em 08/08/2025

A Petrobras informou, na noite desta quinta-feira (7), que o conselho de administração da estatal aprovou a volta ao negócio de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente chamado de gás de cozinha ou botijão. 

A empresa tinha aberto mão do setor durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). Em 2020, a companhia vendeu a empresa Liquigás para dois grupos privados: Copagaz - Distribuidora de Gás S.A. e a Nacional Gás Butano Distribuidora.

No comunicado desta quinta-feira, a empresa não detalha como seria à volta ao mercado de distribuição de gás, por exemplo, se seria na venda direta de botijão para consumidores residenciais.

A decisão estratégica acontece em um cenário em que o governo, principal acionista e controlador da estatal, tem manifestado preocupação com o preço do botijão de gás.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Maior plataforma de petróleo do Brasil inicia operação no pré-sal

Domingo, 16 de fevereiro de 2025

Unidade pode processar até 225 mil barris de óleo por dia

 SBM/Divulgação© SBM/Divulgação

Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 16/02/2025 — Brasília. 




A maior unidade produtiva de petróleo em alto-mar (offshore) instalada no país até o momento, a Almirante Tamandaré (Búzios 7) começou a operar no Campo de Búzios, na Bacia de Santos, a cerca de 180 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, neste sábado (15). O navio-plataforma tem capacidade para processar até 225 mil barris de óleo e 12 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia.

A unidade vai explorar 15 poços, sendo sete produtores de óleo, seis injetores de água e gás, um conversível (produtor e injetor) e um injetor de gás. Todos eles estarão interligados à plataforma por meio de uma infraestrutura submarina.

O Campo de Búzios é considerado um dos pontos mais promissores do chamado pré-sal brasileiro uma área de reservas petrolíferas formada por uma camada de rochas sedimentares e localizada em águas ultraprofundas da costa brasileira, entre 5 mil e 7 mil metros de profundidade.

domingo, 3 de dezembro de 2023

Um punhado de guerras e a incompreensão das esquerdas

 Domingo, 3 de dezembro de 2023

3 de dezembro de 2023

 Foto: Reprodução: Twitter/Lula Oficial

Pedro Pinho*

Ucrânia, na guerra forjada com golpe de estado; massacre em Gaza, na mais nazista de todas alegações, o espaço vital; formação de conflito em Esequibo, na Venezuela, por reservas de petróleo; o chanceler chinês criticando a imprudência estadunidense em usar Taiwan para provocar guerra com a República Popular da China (China) e os identitários brasileiros não encontrando melhor do que retirar o busto do padre Antônio Vieira (1608-1697), orador sacro e figura da nossa literatura, do jardim da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), no bairro carioca da Gávea.

O neoliberalismo, mesmo com suas bases nas finanças apátridas, é também uma ideologia que busca deformar a compreensão, doutrinar as mentes para as deixar brincando no parquinho infantil, enquanto promovem a pilhagem de recursos insubstituíveis, como minérios e petróleo.

Não mais se encontram exegeses tão comuns nos pensadores que forjaram a construção dos rumos mais humanos do Brasil. Onde estão: Darcy Ribeiro? Paulo Freire? Getúlio Vargas? Alberto Torres? Oscar Niemeyer? Monteiro Lobato? Nise da Silveira? Rachel de Queiroz? para não sairmos do século XX e incluirmos pensamentos diversificados.

Hoje se leem, quando há quem leia ao invés de clicar na tela do celular, expressões ambíguas, slogans, e como gado magro corre atrás de um afago, que nada custa aos detentores do poder.

E o governo, porque sempre é necessário ter alguém para culpar dos fracassos, se mete nas mesmas falácias, nas mesmas questões sem verificar o interesse nacional, no que efetivamente promoverá o bem-estar do povo brasileiro.

AS DIVERSAS FACES DA LUTA PELO PETRÓLEO

Os hidrocarbonetos e demais elementos que constituem o petróleo resultaram num produto de incontáveis aplicações para o progresso e o bem-estar da humanidade.

O mais utilizado e o menos nobre é a produção de energia pela combustão. É, ainda, a mais barata fonte primária de energia e o tão alegado efeito poluidor vai depender muito mais das tecnologias de uso, da produção de energia, do que do próprio petróleo.

Porém o petróleo, nas formas líquida e gasosa, é insumo industrial para imensa e diversificada produção de bens: remédios, fertilizantes, cosméticos, plásticos de vários graus de resistência que substitui o aço em muitas aplicações, além de entrar na composição de muitos equipamentos e instrumentos para comunicação, agricultura, construção naval e aeroespacial, residências. Pode-se, sem erro, afirmar que o petróleo faz e continuará fazendo, por muitas décadas, parte da vida de qualquer ser humano, seja urbano, campestre ou até isolado da civilização, direta ou indiretamente.

Mas o petróleo encontra-se muito concentrado em algumas poucas regiões da Terra. E tem sido o motivo verdadeiro de muitas das guerras, quase todas, travadas desde o século XX até hoje.

Estima-se que as reservas de petróleo, conhecidas em 2022, cheguem a 1,6 trilhões de barris, concentrados no Oriente Médio (Arábia Saudita, Irã, Iraque, principalmente), na Rússia e na América do Sul (Venezuela, a maior reserva do mundo, cerca de 304 bilhões de barris, e o Brasil, com o pré-sal).

Muitas estatísticas incluirão a América do Norte, mas, excluído o México, não há suficiente petróleo nos Estados Unidos da América (EUA) e no Canadá nem para o consumo próprio. O que existe nestes dois países são areias betuminosas ou xisto que exigem uma fase intermediária para serem transformados em petróleo: o betume, que sofre um processo industrial para ser transformado em óleo e gás.

E a produção de betume envolve processos muito danosos à conservação da natureza, como a contaminação de aquíferos, os dejetos poluidores, e o uso abundante de água, que sai contaminada após a lavagem dos folhelhos, provocando poluição em terra e nas águas.

Os efeitos climáticos são das falácias que os neoliberais buscam combater o petróleo na expectativa de que os países das grandes reservas não tenham recursos para prosseguir na pesquisa por reservatórios e no desenvolvimento das tecnologias de exploração e produção do óleo e gás.

Esta questão das tecnologias exploratórias é muitíssimo importante e está quase sempre fora dos debates. O Brasil as sofreu em seu processo de desenvolvimento. Há um século, em 1923, o Brasil não produzia uma única gota de petróleo nem tinha refinaria para produzir o petróleo importado. Estava nas mãos das denominadas sete irmãs, as grandes empresas de petróleo do mundo, privadas e estatais. Nos Acordos decorrentes do firmado em 1928, em Achnacarry (Escócia), o Brasil estava destinado a ser explorado pela Standard Oil Co, que aqui era denominada Esso, hoje Exxon.

Com a Revolução de 1930 teve início a preocupação governamental em abastecer o Brasil de petróleo e derivados. Várias leis e instituições foram promulgadas e constituídas, até que, em outubro de 1954, se criou a Petrobrás.

A Petrobrás, graças à inteligência e patriotismo de seus primeiros dirigentes, voltou-se para a formação e treinamento de seus quadros. Formou-se uma equipe que rivalizou e ainda rivaliza com as mais avançadas do mundo, descobrindo petróleo onde as grandes empresas internacionais não achavam, como em Majnoon (reservas de 38 bilhões de barris), no Iraque, e no pré-sal brasileiro, que está ainda muito longe de apresentar a cubagem de seus reservatórios.

Espera-se que o desenvolvimento da pesquisa exploratória agregue novos e significativos volumes às reservas atuais, não sendo de modo algum despropositado avaliar que o petróleo ainda será um bem disputado pelo próximo século.

PETRÓLEO E SOBERANIA HOJE

Realiza-se em Dubai (Emirados Árabes Unidos), desde 30 de novembro até 12 de dezembro de 2023, mais uma Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP28, reunindo quase 200 países para uma discursão sem sentido: a ação do homem nas mudanças climáticas. Ignorando as condições geológicas, as eras glaciais e interglaciais, os efeitos das oscilações no eixo terrestre e as explosões solares, como estão ocorrendo ultimamente, e provocam fenômenos de grande beleza como as tempestades magnéticas, causadoras desta recente aurora boreal na Rússia.

O Brasil fará o papel subserviente que lhe foi determinado pelos capitais apátridas de propor a energia verde e sandices de igual monta. Os países europeus estão sentindo nas suas economias e nas reações populares, o resultado da troca do petróleo e da energia nuclear, as duas mais avançadas tecnologias para produção de energia, pelo caríssimo retrocesso para o uso do vento e do Sol, como habitantes do mundo pré-industrial.

O presidente da Petrobrás coloca a maior parcela dos investimentos da companhia na caríssima e pouco eficiente energia eólica em águas oceânicas, apesar de ter ciência dos fracassos colhidos pela Bélgica, Reino Unido e Países Baixos.

Porém as manifestações das ditas esquerdas brasileiras, copiando modismos estrangeiros, direcionam-se para questões identitárias.

Não questionamos a participação das mulheres no poder, nem é luta deste século, muito menos no regime de escravidão da maior parcela de nossa população de ubers e MEIs.

Porém sabemos que um país colonizado, agora não mais por outro país, mas pelas finanças apátridas, sem soberania, não pode garantir as igualdades pretendidas.

Foram a soberania e o nacionalismo chinês que possibilitaram o desenvolvimento social e tornaram a China, sem declarar guerra a qualquer nação, apenas se defendendo das agressões, tornando, repetimos, a potência que é hoje.

Se falta a esta esquerda identitária criar seus próprios projetos, que mire a vitoriosa China, não a já derrotada Europa nem o declínio estadunidense.

Melhor seria, no entanto, conhecer nosso país, nossa cultura, nossa história e daí tirar os projetos para o Brasil Soberano, Nacionalista, Democrático e verdadeiramente Cidadão.

* Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.












TRANSCRITO DO PÁTRIA LATINA

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Mais do que um crime, uma desonra

Segunda, 13 de janeiro de 2019
Por
Pedro Augusto Pinho

MAIS DO QUE UM CRIME, UMA DESONRA

O competente e combativo economista Cláudio Oliveira, analisando o quadro do Fluxo de Caixa, divulgado pela Direção da Petrobrás, em Nova Iorque, em 04 de dezembro de 2019, concluiu que estes gestores venderão ativos da empresa, ativos geradores de bens e de lucros, para elevar os dividendos.

Dividendos que são, após as entregas a estrangeiros que ocorrem com o patrimônio nacional, de Fernando Henrique Cardoso a Jair Bolsonaro, majoritariamente pagos na bolsa de valores estadunidense.

Nunca vi, nem li, nos 60 anos vividos, dos bancos da Faculdade de Administração ao trabalho como profissional de administração, no Brasil e no exterior, tal descaramento, tal afronta ao País e a seus cidadãos.

Mas o início deste mandato já deixava entrever a sorte da Petrobrás. Antes da designação do Ministro para o Ministério das Minas e Energia (MME), ao qual hierarquicamente se subordina a direção da Petrobrás, o futuro Ministro da Economia, Paulo Guedes, definia Roberto Castello Branco como o presidente dessa maior empresa brasileira e das grandes petroleiras, em reservas de petróleo e competência técnica, em todo mundo.

E o Almirante Bento Albuquerque ficava literalmente a ver navios. E se vê, agora, diante da voraz família Coelho, de Petrolina (Pernambuco), um verdadeiro clássico do mandonismo político nordestino, cortiça que boia em todas as águas, do PT a Bolsonaro, tentar para sua última prole a reconquista do MME, sob sua ação antinacional no tempo de Temer.

Posso e devo ter sincera dúvida com quem despacha Roberto C. Branco.

A ignomínia dessa venda dos ativos foi denunciada por Cláudio de Oliveira ao confrontar a distribuição de US$ 34 bilhões, entre 2020 e 2024, e a venda no mesmo período de US$ 30 bilhões, em ativos da empresa.

Ora, como já foi tantas e tantas vezes divulgado e demonstrado, a Petrobrás tem geração de caixa invejável. Jamais precisou vender ativos para saldar dívidas ou cobrir prejuízos, estes operacionalmente inexistentes, o que deveria deixar roxo de vergonha os pseudos analistas econômicos da televisão e jornal Globo, Época e sucedâneos.

Mas continuemos nas análises sempre percucientes de Cláudio Oliveira. O Plano Estratégico (PNG) 2020/2024 não prejudica apenas a Petrobrás, o que o fazendo já causaria enorme dano ao Brasil.

Esta gestão da Petrobrás está prejudicando o dia a dia, o cotidiano de milhares de famílias brasileiras, que precisam se deslocar por ônibus e de caminhoneiros e trabalhadores em transporte, que tem nos combustíveis um dos principais custos. Ao alienar ativos da Petrobrás, exportar petróleo para importar derivados, deixando refinarias, terminais e dutos ociosos, a gestão da Petrobrás – não seus concursados e competentes técnicos – provoca um prejuízo para as contas nacionais. É uma verdadeira gestão colonial, onde os donos estão realmente nos Estados Unidos da América (EUA), I love you Trump, ou em Israel ou no Reino Unido, local de residência das famílias mais ricas do mundo.

Como se todo este desconcerto fosse pouco, e, talvez fingindo uma ignorância que seu verdadeiros patrões não aceitariam dos empregados, a Direção da Petrobrás denomina seu plano estratégico como placa em metrô inglês ou estadunidense: cuidado com o vão, a fresta entre o vagão e a plataforma: mind the gap.

Isso mesmo, talvez um ato falho, que Freud explicaria, destes dirigentes ou prepostos, alertando para a irregularidade do que propõe para a Petrobrás: cuidado com o buraco!

Nossa vulnerabilidade começa na desinformação. Quase unânime a comunicação de massa no Brasil deseduca, desinforma, ilude. O que denomino pedagogia colonial. Enquanto considerarmos que liberdade é um direito de terceiros para se aproveitarem de nossa ignorância, de nossa boa fé, não vejo como reverter esta situação.

Enquanto considerarmos que a corrupção vem da falta de caráter, é uma questão individual e não de um sistema que só privilegia o lucro, o ganho a qualquer preço e de qualquer modo, como ser honesto sem ser otário?

O período Bolsonaro talvez fique registrado como aquele em que a corrupção, os desvios, as farsas foram tão longe que foi necessária a ruptura geral, a construção do nunca concluído Estado Nacional Brasileiro para termos um país e uma cidadania. Dizer com orgulho, parodiando o poema de Maiakovski: sou um cidadão brasileiro.

Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado

terça-feira, 30 de abril de 2019

Décio Oddone (ANP) usa falácias para defender privatizações na Petrobrás

Terça, 30 de abril de 2019


Da AEPET
Escrito por  Felipe Coutinho*


em 29 Abril
O termo falácia deriva do verbo latino fallere, que significa enganar.
Designa-se por falácia um raciocínio errado com aparência de verdadeiro. Na lógica e na retórica, uma falácia é um argumento logicamente incoerente, sem fundamento, inválido ou falho na tentativa de provar eficazmente o que alega. Argumentos que se destinam à persuasão podem parecer convincentes para grande parte do público, apesar de conterem falácias, mas não deixam de ser falsos por causa disso. (Wikipedia)
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por seu diretor-geral, Décio Oddone, no afã de defender o indefensável, nos entulha de falácias sobre a economia e a gestão do petróleo no Brasil.
FALÁCIA #1: A recente crise do preço do diesel é resultado da concentração no setor de petróleo e gás
“A recente crise do preço do diesel mostrou o resultado de um modelo que vem fazendo água há tempos: o da concentração no setor de petróleo e gás. ” (Oddone, 2019)
Esta falácia deve ser classificada como de Falsa Causa. Ela acontece quando se afirmar que apenas porque dois eventos ocorreram juntos, eles estão relacionados.
A Petrobrás detém cerca de 98% da capacidade de refino no Brasil, mas a greve dos caminhoneiros de maio de 2018 e a recente crise relativa ao reajuste do preço do diesel não são consequências disso. São consequências da política de preços iniciada por Pedro Parente, em outubro de 2016, e mantida pelas direções da Petrobrás desde então.
Com maior ou menor concentração no setor, a prática de preços vinculados à variação do preço do petróleo no mercado internacional e superiores aos custos de importação, em períodos de elevação do preço do petróleo e/ou de desvalorização cambial, resultam em preços altos dos combustíveis que motivaram e motivam a mobilização dos caminhoneiros.
Portanto, a crise do preço do diesel é resultado da desastrosa política de preços dos combustíveis, que lhes traz a volatilidade dos preços internacionais do petróleo e a desnecessária paridade destes preços aos custos de importação. Esta política desconsidera que a Petrobrás é capaz de produzir petróleo, refina-lo e abastecer o mercado de diesel do país com custos muito menores, em comparação com os custos de importação.
FALÁCIA #2: O petróleo caminha para a obsolescência
“O petróleo caminha para a obsolescência, mas ainda não conhecemos o potencial brasileiro, pois grande parte do nosso território segue inexplorada. ” (Oddone, 2019)
Esta falácia é classificada como de Apelo à Consequência e à urgência. Considera uma premissa como se fosse verdadeira porque sua consequência é desejada.
Oddone afirma que o petróleo caminha para a obsolescência e assim deixa subentendido que será substituído por melhores fontes primárias de energia.
Assim ele apela à urgência para explorar o petróleo, tenta convencer ao seu leitor que o Brasil deve promover aceleradamente a exploração, produção e exportação de petróleo cru por multinacionais estrangeiras. Apesar de nenhum país ter se desenvolvido a partir da exportação de petróleo cru por companhias estrangeiras.
O petróleo é mais do que uma simples mercadoria negociada nas bolsas de valores. É um ativo estratégico para a defesa do Brasil e o desenvolvimento tecnológico e econômico da Nação.
A produção de derivados de petróleo é crucial para garantir a mobilidade de pessoas e de cargas, aumentar a produtividade do trabalho, dinamizar a atividade econômica, além de viabilizar a cadeia de valor das indústrias petroquímicas, de fertilizantes e de transformação. O petróleo e seus derivados são recursos chave na geopolítica internacional e fundamentais para o complexo industrial-militar de defesa.
De acordo com os cenários de referência das instituições da indústria - Agência Internacional de Energia (IEA), Departamento de Energia dos EUA (DOE) – e publicações especializadas, o petróleo continuará sendo a principal fonte primária de energia do mundo, no horizonte 2040. 
FALÁCIA #3: A produção dos campos maduros da Bacia de Campos e do Nordeste declinam por falta de investimentos
                                                            “Os campos maduros da Bacia de Campos e do Nordeste declinam por falta de investimentos.” (Oddone, 2019)
Esta falácia é tipificada como de Causa Complexa. Ocorre quando se supervaloriza uma causa quando há várias, ou um sistema de causas.
O declínio da produção em campos maduros é resultado do esgotamento das reservas, com a elevação dos custos de produção e a redução da produção de petróleo em relação ao gás natural e/ou à água utilizados nas técnicas de recuperação.
Os investimentos podem retardar o início do declínio e reduzir sua velocidade, mas estão submetidos às restrições econômicas e da natureza das reservas.
FALÁCIA #4: O Brasil se tornou exportador de petróleo cru e importador de combustíveis porque não há refinarias suficientes
                                                        “Por não ter refinarias suficientes, nos tornamos um exportador de petróleo que importa combustíveis. ” (Oddone, 2019)
Esta é uma falácia de Terceira Causa. Trata-se de ignorar a existência de uma terceira causa, não levada em conta nas premissas.
O Brasil se tornou importador relativamente crescente de combustíveis, pela política de preços adotada pela direção da Petrobrás, desde outubro de 2016.
Com preços altos em relação ao custo de importação, o diesel da Petrobrás fica encalhado nas suas refinarias e parte do mercado brasileiro é transferido para os importadores. A ociosidade das refinarias brasileiras aumenta, há redução do processamento de petróleo e da produção de combustíveis no Brasil. Aumenta a exportação de petróleo cru.
Combustíveis produzidos nos EUA são trazidos ao Brasil por multinacionais estrangeiras da logística e distribuídos pelos concorrentes da Petrobrás.
A Petrobrás perde com redução da sua participação no mercado. O consumidor paga mais caro, desnecessariamente, com o alinhamento aos preços internacionais do petróleo e à cotação do câmbio.
Ganham as refinarias dos EUA, as multinacionais da logística e as distribuidoras privadas. Também são beneficiados os produtores e importadores de etanol, com a gasolina relativamente mais cara que perde mercado.
A exportação de petróleo cru se deve à redução do seu processamento nas refinarias brasileiras que se tornaram ociosas, assim como pela elevação da produção de petróleo no país.
Em 2018, 24% do diesel consumido no Brasil foi importado, a maior parte (84%) veio dos EUA. Se o fator de utilização do parque de refino da Petrobrás - em 2018 de apenas 76% - tivesse sido igual ao de 2014, de 98%, se importaria perto de 5% do diesel consumido no país.
A capacidade de refino nacional é compatível com nosso mercado atual de combustíveis, o problema é que ela é subutilizada em consequência da desastrosa política de preços adotada desde 2016.
Cabe registrar que novos investimentos no Refino, Transporte e Comercialização são necessários, considerando que o consumo per capita de energia no Brasil é relativamente baixo e que devemos promover o crescimento econômico e o desenvolvimento humano e social que dependem do aumento do consumo de energia.
FALÁCIA #5: A Petrobrás tem o “monopólio de fato” no refino e por isso o debate sobre os preços contamina o governo
                                                        “Como a estatal detém o monopólio de fato no refino, o debate sobre os preços dos combustíveis contamina o governo. “ (Oddone, 2019)
Esta é uma Falácia de Distorção dos Fatos combinada com a Falácia da Terceira Causa.
Oddone parte do princípio de que existe o “monopólio de fato” do refino para depois dizer que ele é a causa do questionamento ao governo sobre o preço dos combustíveis.
Desde 1997, não há monopólio no segmento de refino exercido pela Petrobrás. O mercado brasileiro é aberto e competitivo.
A alegação de que existe “monopólio de fato” no setor de refino do Brasil, implicaria na possibilidade da Petrobrás praticar preços acima do nível competitivo e, mesmo assim, não incorrer em perda de mercado (market share).
Essa hipótese é falsa, conforme mostram os dados de perda de participação no mercado da Petrobrás nos anos de 2016 e 2017, quando a empresa perdeu parcela significativa do mercado de diesel (acima de 20%, ou 200 mil bpd) para refinarias estadunidenses, localizadas no Golfo do México, ao praticar preços acima da paridade de importação (PPI).
O aumento expressivo da ociosidade do parque de refino brasileiro em 2017 e no primeiro trimestre de 2018 (quando se aproximou de 30%) também comprova a nulidade do conceito de “monopólio de fato” no refino do Brasil, uma vez que mostra a incapacidade da Petrobrás sustentar preços acima da PPI sem perda de market share.
Tal fato revela um outro conceito econômico associado a estrutura de mercado denominada monopólio, o do Mercado Relevante.
Ao se verificar que a concorrência de um mercado baseado em uma commodity, como a gasolina e o diesel, acontece entre empresas situadas em uma região mais ampla que as fronteiras de um país, deve-se ampliar o Mercado Relevante na qual se insere a análise do monopolista hipotético. Nesse caso, deve-se ampliar para a Bacia do Atlântico, onde se situam as principais concorrentes da Petrobrás, sobre o mercado brasileiro de derivados. (AEPET, 2019)
Mas quais são as verdadeiras causas da “contaminação” do governo pelo debate relativo à política de preços dos combustíveis?
A importância dos combustíveis para a economia se evidencia pelo impacto dos seus preços, em especial do diesel, em custos de produção e preços de tantas outras mercadorias essenciais à vida moderna.
A elevação dos custos dos caminhoneiros e a dificuldade de se elevar os preços dos fretes, sem impactar a viabilidade de diversos setores da economia, levam à questão do preço ao governo que precisa assumir seu papel de regulador da economia e mediador de crises.
Acabar com o falso “monopólio de fato” da Petrobrás no Refino não vai evitar que a questão dos preços dos combustíveis alcance o governo. O Governo não pode se eximir de administrar o País.
FALÁCIA #6: A venda dos ativos da Petrobrás nos levará à modernidade, à competição e à transparência e trará aumento do investimento no setor
“Se a Petrobras vender seus campos maduros, a metade do parque de refino e as subsidiárias que operam na distribuição de combustíveis e de GLP, como anunciou, se o mercado de gás for aberto para a competição, como tem sido discutido, e se a ANP estipular regras claras para a divulgação dos preços, estarão dados os passos mais importantes para modernizar o setor. Em pouco tempo teremos substituído um monopólio por uma indústria competitiva e transparente. Os investimentos crescerão. Os preços passarão a ser ditados pela competição e a ser divulgados de forma transparente, tornando sem sentido potenciais intervenções do governo. ” (Oddone, 2019)
Neste trecho há uma coletânea de falácias. Destaco a Falácia da Teoria Irrefutável. Quando se apresenta argumentos e hipóteses que não podem ser testadas.
Como vimos anteriormente não há monopólio, a onda privatista defendida pode não trazer, e certamente não trará, com ela uma indústria competitiva e transparente.
A desnacionalização da indústria do Refino, Transporte e Comercialização de petróleo e combustíveis no Brasil pode trazer, isto sim, a formação de oligopólios privados de capital estrangeiro que buscam maximizar seus lucros de curto prazo.
É mais provável que haja aumento dos preços e sua vinculação ao preço internacional do petróleo, os lucros do segmento serão remetidos ao exterior, enquanto os bens e serviços serão contratados fora do país.
As desnacionalizações de outros setores da economia demonstram historicamente suas consequências para a economia do Brasil. A alegação de que privatizações trazem maiores investimentos não tem respaldo histórico.
Entre 2009 e 2014, a Petrobrás investiu US$ 292 bilhões, média anual de US$ 48,7 bilhões, em valores atualizados. Esta é a realidade concreta que deve ser contrastada com projeções ilusórias de abundância de capital estrangeiro em investimento produtivo no Brasil.
Por último, mas não por ser menos relevante, a competitividade em mercados com características idênticas a do petróleo - energias, em geral, indústrias de base e comunicações - são, no século XXI, majoritariamente controlados por megaempresas financeiras, que detêm o controle acionário das poucas empresas com tecnologia e economia para neles atuar. Assim, é ilusório imaginar que haverá competição entre empresas de um mesmo dono. O insucesso da política de incentivos para a indústria automobilística, promovido pela ex-presidente Dilma Rousseff (2011/2012), foi uma comprovação desta assertiva.
* Felipe Coutinho é presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
http://www.aepet.org.br/w3/
Referências

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Petrobras: o mito de uma empresa quebrada

Quinta, 7 de junho de 2018
Do
Clube de Engenharia

Protagonista na economia brasileira, Petrobras é alvo do mito de que estaria quebrada financeiramente. À mesa do painel, Paulo César Lima, Francis Bogossian, Pedro Celestino, Cláudio Lima e Felipe Coutinho. Foto: Fernando Alvim

Protagonista na economia brasileira, Petrobras é alvo do mito
de que estaria quebrada financeiramente. À mesa do painel,
Paulo César Lima, Francis Bogossian, Pedro Celestino, Cláudio
Lima e Felipe Coutinho.  Foto: Fernando Alvim
Empresa brasileira no rol das mais valiosas em ações, uma das líderes mundiais no setor de petróleo e gás e símbolo do nacionalismo que impulsionou a industrialização do Brasil nos anos 1950, a Petrobras tem reconhecido protagonismo na economia brasileira. Nos últimos anos, no entanto, tem sido alvo de narrativas que distorcem sua real situação financeira, que permanece saudável mesmo diante de casos de corrupção. Para discutir o mito de que a empresa está "quebrada" e, portanto, deveria privatizar suas subsidiárias, o Clube de Engenharia e a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET) realizaram, em 5 de junho, o painel "O mito da Petrobras quebrada, política de preços e suas consequências para o Brasil". Foram convidados para o evento Cláudio Oliveira, economista aposentado da Petrobras; Felipe Coutinho, presidente da AEPET; e Paulo César Ribeiro Lima, doutor em Engenharia Mecânica, ex-pesquisador líder do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, e atual consultor legislativo para o setor de petróleo e gás na Câmara dos Deputados.
"Queremos discutir a farsa do desmonte da Petrobras e as consequências nefastas da política que vem sendo implementada na empresa para fazer com que ela deixe de cumprir o papel histórico que tem desde que foi criada, na década de 1950: o papel de garantir ao país e à sociedade o suprimento de combustíveis e petroquímicos, a segurança, para que possa haver o desenvolvimento em nossa terra", afirmou Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia, na abertura do evento. "Estamos sujeitos a um processo de desmonte que nos remeterá, se não for sustado pela sociedade, ao tempo que esse país importava tudo. Voltaremos à condição colonial, de exportadores de matérias-primas, de óleo bruto e importadores de refinados e de petroquímicos", alertou. "É preciso defender políticas públicas que assegurem a preservação desse patrimônio que é a Petrobras, em benefício do nosso povo".

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Nota sobre a política de preços da Petrobras

Quinta, 24 de maio de 2018
Da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET)



A AEPET reafirma o que foi expresso no Editorial "Política de preços de Temer e Parente é 'America First!' ", de dezembro de 2017. 
A Petrobrás adotou nova política de preços dos combustíveis, desde outubro de 2016, a partir de então foram praticados preços mais altos que viabilizaram a importação por concorrentes. A estatal perdeu mercado e a ociosidade de suas refinarias chegou a um quarto da capacidade instalada. A exportação de petróleo cru disparou, enquanto a importação de derivados bateu recordes. A importação de diesel se multiplicou por 1,8 desde 2015, dos EUA por 3,6. O diesel importado dos EUA que em 2015 respondia por 41% do total, em 2017 superou 80% do total importado pelo Brasil.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Como anda a entrega do petróleo brasileiro aos estrangeiros

Segunda, 9 de janeiro de 2017
Por Mauro Santayana


O governo Dilma caiu, a economia está cada vez pior, mas a manipulação midiática continua canalha, mendaz, descarada e imparável.

Não bastasse a manipulação de dados e prazos em recentes mensagens publicitárias - sem contestação, principalmente jurídica, da oposição, que prova que, no quesito estratégico, é tão incompetente fora como dentro do poder - a última manobra de alguns jornais e emissoras particularmente hipócritas está voltada para convencer os desinformados que compõem seu público que a recuperação do preço das ações da Petrobras neste ano se deu por causa da mudança de diretoria e da “venda” de 13.6 bilhões de dólares em ativos e não graças à recuperação da cotação do petróleo nos mercados internacionais, além da compra de bilhões de reais em ações quando elas estavam no fundo do poço, por parte de “investidores” estrangeiros, que nunca deram bola para o discurso catastrófico e derrotista dos inimigos da empresa.

Os últimos três “negócios”, feitos na derradeira semana de 2016,  foram a transferência de uma usina de  biocombustíveis para os franceses e de duas empresas (petroquímica e têxtil) para mexicanos.

Como há que dar uma no cravo e outra na ferradura e água mole em pedra dura tanto bate até que fura, os mesmos meios de comunicação lembram que, apesar da valorização de suas ações em mais de 100% neste ano, a Petrobras deve, ainda, quatro centenas de bilhões de reais.

Ora, independentemente  da questão do endividamento da Petrobras, constantemente exagerada para justificar seu desmonte, se uma empresa deve 400 bilhões, 13.6 bilhões de dólares, que não chegam a 10% desse montante pela cotação atual da moeda, arrecadados com a apressada venda de ativos estratégicos, longe de serem decisivos, são praticamente irrisórios em termos contábeis.

Sendo assim, nesse contexto, sua citação triunfal a todo momento só pode ser compreendida como mais um esforço - patético - de enganação da opinião pública, para justificar a entrega, nos próximos meses e anos, de uma fatia ainda maior do patrimônio de nossa maior empresa a concorrentes estrangeiros, sem nenhum critério estratégico e a preço de banana.

O discurso entreguista é tão contraditório, que, por um lado critica-se a “incompetência estatizante” da Petrobras, a mais premiada empresa do mundo no desenvolvimento de tecnologia para a exploração de petróleo em águas profundas, e, por outro, se transfere seus poços e empresas a estatais estrangeiras como a Statoil e para fundos de pensão também estatais como o da província de British Columbia, no Canadá, um dos novos donos dos Gasodutos do Sudeste. 

A “imprensa” cita como objetivo, nesse quesito, para 2017, a “negociação”, pela Petrobras, de pouco mais de 23 bilhões de dólares em ativos.

Uma quantia que equivale a cerca de 7% das reservas internacionais brasileiras, que poderiam perfeitamente ser usados pelo governo para capitalizar a empresa sem depená-la, como a uma ave natalina, para serví-la, a preço de restaurante popular, para as multinacionais, como está sendo feito agora. 

Não é por outra razão, apesar de o ano de 2016 ter sido o mais fraco das últimas décadas em exploração - a descoberta de novos poços caiu, segundo a Agência Nacional do Petróleo, em mais de 70% no ano passado, para apenas dois,  devido, principalmente, à retração de atividades da Petrobras, diuturnamente atacada, vilipendiada e sabotada em várias frentes - que a parcela estrangeira na produção de petróleo no Brasil, devido, entre outras  razões, à transferência de campos como Carcará a empresas multinacionais - cresceu em 14% no último ano, para 457.000 barris diários, e deve atingir em 2017, perto de 900.000 barris, ou quase a metade do que a Petrobras produz em território nacional.

Isso ocorrerá não apenas pela continuação da venda - se não houver contestação jurídica - de ativos da Petróleo Brasileiro S.A a estrangeiros, mas também pela queda intencional e programada de investimentos em exploração por parte da empresa, cuja produção crescerá - segundo prevê o “mercado” - em apenas 2% este ano.

Enquanto isso, graças à tentativa suicida – para não dizer imbecil - de repassar, imediatamente, as cotações internacionais para o consumidor brasileiro, o preço dos combustíveis continua subindo nos postos, a quase toda semana, mesmo quando o custo do barril desce no exterior.

Ou alguém já viu - sem tabelamento, eventual promoção, “batismo” ou falsificação - gasolina baixar de preço nas bombas, no Brasil?  

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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

24 DE AGOSTO DE 1954: A PETROBRAS e o suicídio do presidente Getúlio Vargas

Quarta, 24 de agosto de 2016


24 DE AGOSTO DE 1954:

A PETROBRAS e o suicídio do presidente Getúlio Vargas
 
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A PETROBRAS não resulta da ação isolada de um governante. A empresa petrolífera nacional foi a consequência de ampla movimentação popular iniciada ao final da II Guerra Mundial.
 
O Brasil, naquele momento, encontrava-se refém da importação dos combustíveis da Standard Oil impedido, portanto, de elaborar uma política energética voltada à autossuficiência nacional.
 
Para superar esta dependência a resposta seria a criação de uma empresa nacional e estatal para a exploração do petróleo tornando-se esta a bandeira do movimento popular denominado “O petróleo é nosso” que reuniu trabalhadores, estudantes, empresários e militares nacionalistas.
 
A presença estatal no setor petrolífero brasileiro apresentou-se como a única forma de superar a sabotagem dos oligopólios estrangeiros cuja ação principal foi negar a existência de petróleo no Brasil.
 
Até 1934, ano de criação do primeiro Código de Mineração, os oligopólios ocupavam ás áreas com potencial produtivo impedindo a pesquisa e eventual exploração. Quando eram surpreendidos com a criação de uma empresa nacional de petróleo lançavam uma violenta campanha contra os empresários pioneiros impedindo, inclusive, a importação dos equipamentos.
 
Getúlio Vargas e a regulamentação da exploração petrolífera
 
Em 29 de abril de 1938 o presidente Getúlio Vargas – neste momento ditador do Estado Novo – assina o decreto de criação do Conselho Nacional do Petróleo (CNP) oficializando a discussão a respeito da nacionalização da exploração petrolífera.
 
O debate a respeito do tema durou 19 anos e encontrou propostas que buscavam conciliar os interesses dos oligopólios. Em 1946 o presidente Eurico Dutra abraçou o discurso da incompetência do Estado diante das atividades empresariais e apresentou uma proposta na qual o petróleo seria explorado pelos oligopólios.
 
Em seu plano Dutra dividia as áreas com potencial produtivo – incluindo a plataforma continental – em blocos que seriam entregues aos oligopólios em troca dos impostos. Este plano, diga-se de passagem, foi adotado durante o governo Fernando Henrique Cardoso quando extinguiu-se o monopólio do petróleo.
 
O plano do presidente Dutra foi rechaçado pela opinião pública que exigiu uma resposta nacionalista a questão do petróleo. A reação dos oligopólios não demorou; Uma campanha milionária para denegrir os nacionalistas foi deflagrada incluindo a prisão dos defensores da criação de uma empresa petrolífera estatal.
 
A criação da Petrobras
 
Eleito em 1950 Getúlio Vargas retorna ao poder com o compromisso de apresentar uma solução para a questão da autossuficiência brasileira.
 
A campanha popular em defesa do monopólio estatal ganhava força e Vargas envia ao Congresso o projeto de lei para a industrialização do petróleo. Neste projeto não havia a previsão do monopólio e verificava-se a fragilidade de uma empresa mista tendo em vista a possibilidade da presença, entre seus acionistas, dos representantes dos oligopólios.
 
A mobilização popular garantiu a inclusão do monopólio ao projeto do governo mantendo, todavia, a condição de empresa de economia mista da Petrobras.
 
Em 3 de outubro de 1953 o presidente Getúlio Vargas assina a Lei 2004 garantindo à Petrobras o monopólio da exploração petrolífera nacional. Esta assinatura representou o rompimento do Brasil com a tradição colonial e retirava do controle dos oligopólios um mercado importante somado a impossibilidade do controle de vastas áreas com potencial produtivo por parte dos trustes internacionais.
 
A crise política e o suicídio
 
A política econômica nacionalista – e Vargas esclarece este aspecto em sua Carta Testamento – rompia com as amarras coloniais imperialistas transformando o presidente em alvo, inclusive, dos oligopólios petrolíferos.
 
O presidente Getúlio Vargas ao assumir a criação da Petrobras não instituía o fim do capitalismo no Brasil, ao contrário, aprofundava as bases para o desenvolvimento do sistema econômico nacional. Manteve-se coerente ao continuar o processo de modernização econômica iniciado nos anos 30 com a criação da chamada indústria de base.
 
A respeito deste fato resume Vargas em sua Carta Testamento: “Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma.”
 
A Petrobras não resultou da vontade individual de um governante, mas a coragem deste em assumir um projeto de rompimento com o modelo econômico de base colonial deve servir de reflexão a todos os brasileiros.
 
Neste 24 de agosto a nossa homenagem ao presidente Getúlio Vargas!