Do Blog do Sombra
Segundo os organizadores, a ideia é fazer um movimento independente de partidos para ampliar o leque de apoio
Por Infonavweb/Foto: Reprodução/Estadão Conteúdo
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No rastro da manifestação que reuniu milhares de pessoas na Praia de
Copacabana, no Rio, no domingo passado, artistas, produtores, ativistas e
blocos de carnaval de São Paulo marcaram para domingo, 4, um ato pela
saída do presidente Michel Temer e pela realização de eleições diretas.
Ao contrário de eventos anteriores, o ato dos artistas não terá a
participação de partidos políticos e sindicatos na organização.
Segundo os organizadores, a ideia é fazer um movimento independente de partidos para ampliar o leque de apoio.
“Não temos a intenção de excluir ninguém. Temos o máximo respeito pelas
lutas históricas de cada segmento, mas achamos importante termos também
a chance de fazer um evento com todos que queiram participar, puxado
pelas diversas expressões culturais. Achamos que é uma forma de agregar,
ampliar e mostrar a quantidade de gente que quer diretas-já”, diz o
produtor cultural Alexandre Youssef, presidente do bloco Acadêmicos do
Baixo Augusta.
O ato está marcado, em princípio, para acontecer na esquina da Avenida
Paulista com a Rua Augusta, corredor cultural da cidade, para reforçar a
identidade com o caráter artístico da manifestação.
Além de aproximadamente 40 blocos de carnaval, estão previstas
apresentações de Mano Brown, Criolo, Emicida, Tulipa Ruiz, Otto, Maria
Gadú, entre outros. Artistas das áreas do cinema, teatro e literatura
também serão convidados.
“Mas não é uma micareta, não. É um ato político”, avisa o produtor
musical Daniel Ganjaman, que também participa da organização do evento.
Aparelhamento
Além de abrir o leque de participantes para a parcela da população que
rejeita partidos de esquerda, a decisão de fazer o ato de forma
independente tem o objetivo de evitar o aparelhamento do protesto. “A
manifestação não pode ser apropriada por partido nenhum. A música quer
esse papel”, diz o empresário da noite Facundo Guerra.
No ato do Rio, na semana passada, organizado pelas Frentes Povo Sem
Medo e Brasil Popular, sindicatos e partidos tiveram de tirar suas
bandeiras e balões da frente do palco. Até então, as frentes haviam
organizado todas as grandes manifestações de rua contra Temer, mas os
artistas independentes tiveram papel importante no #OcupaMinc.
“Acho legítimo que os artistas tomem iniciativa. Atraem um público que
não é necessariamente o dos movimentos. Vamos tentar dialogar para fazer
com o máximo de unidade possível”, diz Guilherme Boulos, da Frente Povo
Sem Medo.