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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 6 de maio de 2020

OPAS pede que países das Américas analisem tendências da pandemia antes de flexibilizar distanciamento social

Quarta, 6 de abril de 2020
Da ONU Brasil
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, pediu aos países das Américas que identifiquem tendências específicas da pandemia de COVID-19 de acordo com seus contextos específicos e alertou que a flexibilização precoce nas medidas de distanciamento social “poderia acelerar a propagação do vírus e abrir a porta para um aumento dramático de casos ou sua propagação a áreas próximas”.
Etienne destacou que em muitas áreas da região, o número de casos está dobrando em poucos dias, como ocorre agora em Estados Unidos, Canadá, Brasil, Equador, Peru, Chile e México.
São Paulo já soma mais de 1,7 mil mortos por COVID-19. Foto: Agência Brasil/Rovena Rosa
São Paulo já soma mais de 1,7 mil mortos por COVID-19. Foto: Agência Brasil/Rovena Rosa
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, pediu aos países das Américas que identifiquem tendências específicas da pandemia de COVID-19 de acordo com seus contextos específicos e alertou que a flexibilização precoce nas medidas de distanciamento social “poderia acelerar a propagação do vírus e abrir a porta para um aumento dramático de casos ou sua propagação a áreas próximas”.

Em coletiva de imprensa, Etienne também expressou especial preocupação com o Haiti no contexto da pandemia e alertou para os perigos de um surto em larga escala no país – o que, adicionado à difícil situação pela qual o Haiti está passando, poderia desencadear uma crise humanitária. “É necessária uma coalizão muito mais ampla para enfrentar uma potencial crise de saúde neste país”, disse a diretora da OPAS.
Os primeiros casos de COVID-19 foram notificados nas Américas há mais de três meses. Desde então, o vírus se espalhou para todos os países da região, causando mais de 1,4 milhão de casos da doença e mais de 86.000 mortes (até 4 de maio).

Panorama regional

Etienne destacou que em muitas áreas da região, o número de casos está dobrando em poucos dias, como ocorre agora em Estados Unidos, Canadá, Brasil, Equador, Peru, Chile e México.
“Esse é um indicador preocupante que nos diz que a transmissão ainda é muito alta nesses países e os mesmos devem implementar todas as medidas de saúde pública disponíveis – testes estendidos, rastreamento de contatos, casos isolados e, é claro, distanciamento social”, ressaltou.
A diretora da OPAS observou que é importante manter medidas específicas para proteger os grupos mais vulneráveis na América do Norte, principalmente em locais onde o vírus ainda não atingiu força. Na América Central, é imperativo aumentar a capacidade de testagem, enquanto na América do Sul existe uma preocupação crescente com o fato de mais casos serem notificados em cidades menores, com capacidade hospitalar limitada”, disse. Por outro lado, no Caribe, a maioria dos países está nos estágios iniciais de seus surtos, mas os mesmos implementaram medidas estritas de saúde pública que estão tendo um impacto positivo na redução da propagação dentro de suas fronteiras.
“Nem todas as comunidades são afetadas da mesma forma e a capacidade de saúde também é muito diversa. Com base nas evidências e nas orientações da OMS e da OPAS, cada país deve ajustar sua abordagem ao que está acontecendo em nível de distrito, cidade ou estado”, ressaltou Etienne.
Etienne enfatizou que qualquer decisão deve ser baseada em dados. “Analisem a taxa de novos casos e mortes, avaliem a capacidade de leitos nos hospitais e determine o que isso diz sobre a propagação do vírus”, insistiu ela. “A pressão social e econômica que estamos vendo agora será maior se não contivermos o vírus, removermos as medidas de controle prematuramente e sobrecarregarmos a capacidade de nossos sistemas de saúde”, enfatizou.

OPAS expressa preocupação com Haiti

“Estamos especialmente preocupados com o Haiti e soo o alarme de uma crise humanitária iminente”, afirmou a diretora da OPAS, que descreveu a situação como “uma tempestade se aproximando”.
Embora o país tenha relatado apenas 100 casos de COVID-19, já existem 17 mil haitianos que retornaram da República Dominicana, onde há transmissão comunitária, e esse número deve chegar a 55 mil em duas semanas. Etienne destacou a capacidade limitada do sistema de saúde haitiano.
“Existem poucos leitos para o tratamento de COVID-19, número insuficiente de profissionais de saúde e de equipamentos de proteção individual”, lembrou a diretora da OPAS. “A segurança dos hospitais designados para COVID-19 e dos agentes comunitários de saúde é uma grande preocupação”, acrescentou.
A diretora da OPAS observou que a maioria dos haitianos não tem acesso a água potável e saneamento e “muitos vivem em residências superlotadas, onde a quarentena e o isolamento são desafiadores”. Além disso, “existe um risco real de que o aumento da insegurança alimentar resulte em fome. Agitação civil, situação política difícil e segurança precária podem complicar ainda mais a situação”.
A OPAS está trabalhando com as autoridades de saúde haitianas e outros parceiros para fortalecer urgentemente os preparativos para a resposta, incluindo a organização de serviços de saúde, exames laboratoriais e disponibilidade de equipamentos de proteção individual, além de capacitar profissionais de saúde para cuidar de pacientes com COVID-19.