Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

O pipoqueiro, o mau empresário, o criminoso e o Pix

Sexta, 17 de janeiro de 2025


O submundo da economia — ou economia subterrânea, como preferem os especialistas — gira R$ 2 trilhões no Brasil. Quase 20% do PIB da economia oficial. Combater o monitoramento das transferências financeiras favorece os grandes sonegadores da República.

Por Chico Sant’Anna

O título desse texto parece lembrar as fábulas de nossas infâncias. Mas ele se refere a um mal crônico, que desde a invenção do Santo de Pau Oco — para sonegar os impostos da Coroa Portuguesa —, até os dias de hoje, corrói a sociedade e não apenas as finanças nacionais. Em 2023, o valor do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil — que é a soma de toda riqueza produzida no país — foi de R$ 10,9 trilhões. Para 2024, acredita-se num crescimento de 3,5%, elevando a quantia para R$ 11,3 trilhões. Número expressivos, mesmo em um cenário internacional. Seria essa efetivamente toda a riqueza gerada pelo Brasil. Economistas dizem que não. Esses apontam a existência de uma riqueza oculta trilionária.

Tecnicamente chamada de economia subterrânea, essa riqueza oculta foi estimada, em 2022, pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), em R$ 1,7 trilhão, equivalente a 17,8% do PIB de então. Aplicada a mesma proporção, a economia subterrânea atual teria um peso de R$ 2 trilhões. Uma montanha de dinheiro que consegue fugir das tributações, sejam elas dos municípios, dos Estados ou da União. É o famoso Caixa 2. Esse Caixa 2 não tem fronteiras, está sempre circulando nesse mundo globalizado. Ele pode abrigar moedas nacionais e internacionais, ouro e pedras preciosas. Tudo que tiver valor e puder ser materializado em dinheiro fácil e rapidamente. Os paraisos fiscais estão aí para facilitar ainda mais as transações por debaixo do pano.

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