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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 17 de março de 2017

Violência a céu aberto. Caos no Pronto Socorro do HRG talvez tenha influenciado mãe a agredir enfermeira

Sexta, 17 de março de 2017
"Devido ao quadro reduzido — um médico, um enfermeiro e quatro técnicos —, a gestão determinou que o HRG não presta mais atendimento emergencial noturno."

Do SindSaúde

Violência a céu aberto
17/03/2017 -  Por SindSaúde DF

Dois chutes nas costas e uma enxurrada de palavrões. Esse foi o tratamento que a enfermeira, Marileide Borges de Souza, servidora há 15 anos da Secretaria de Saúde recebeu, no momento em que prestava atendimento na emergência da pediatria do Hospital Regional do Gama (HRG). Até mesmo ameaça de morte a servidora sofreu.  

Essa é a realidade que chega ao SindSaúde constantemente através de denúncias dos trabalhadores. São agressões verbais, físicas e pressões psicológicas, principalmente durante os plantões. Frutos esses da desorganização na gestão dos hospitais e da falta de segurança.


O incidente ocorreu, após uma mãe forjar o desmaio de uma criança, dando a entender que seu caso era de maior gravidade. Ao prestar os primeiros socorros e constatar de que não havia risco imediato à criança, a mulher foi orientada a buscar outro hospital que estivesse com a emergência aberta. 

Devido ao quadro reduzido — um médico, um enfermeiro e quatro técnicos —, a gestão determinou que o HRG não presta mais atendimento emergencial noturno. 

Para a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, uma sucessão de erros culminou no trágico episódio. “Há uma completa desorganização por parte da gestão, desde a ausência de um sistema que permita a triagem dos pacientes, passando pela redução no quadro dos plantões, até o policiamento das unidades de Saúde. Os servidores estão abandonados à própria sorte, podendo pagar até com a vida pelo descaso do governo”, criticou.

Nem mesmo o vigilante do hospital tomou atitude diante da violência, alegando que estaria ali apenas para cuidar do patrimônio público, não das pessoas.

A polícia militar foi chamada e uma ocorrência foi aberta, porém, para piorar a situação, não se sabe nem mesmo o nome da agressora, pois a triagem de pacientes não tem sido feita por falta de sistema informatizado e quadro de pessoal reduzido. 

“Nós estamos aqui para servir a população. E não para sair de casa e ser agredidos e ameaçados de morte. Estamos totalmente desamparados pelo GDF. A situação está caótica”, denunciou a servidora. 

“Dois crimes foram cometidos, a ameaça e a agressão. Do ponto de vista civil, também cabe indenização, que pode ser estabelecida já no processo criminal. É importante observar se não houve dano direto da honra, por que, a princípio, pode caber ainda uma ação privada”, avaliou o coordenador do departamento jurídico do SindSaúde, Leonardo Chagas.

A enfermeira garantiu que entrará com uma ação contra o Estado devido à omissão de segurança ao servidor e à população.