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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Indefinições nas eleições de Brasília e da Bahia

Terça, 23 de fevereiro de 2010
Há muitas indefinições na sucessão no Distrito Federal, tanto para o governo como para o Senado. Por razões diferentes a sucessão da Bahia também apresenta indefinições.
Aqui em Brasília é certo que Arruda não disputará a reeleição, não se sabendo ao certo sequer se ele conseguirá ser solto até outubro, mês das eleições. Ninguém sabe quem o Dem vai lançar para governador. Paulo Octávio, sob forte fogo popular e da Justiça, em razão das denúncias da Operação Caixa de Pandora, quase que certamente não se atreverá a tão arriscada empreitada (sem trocadilhos). Além do mais ele deverá ser expulso (ou se expulsar) do partido (Dem), o que o impede de disputar eleição. Roriz quer, mas também pode não disputar o governo. Disputará somente se sentir que suas chances são altíssimas.
Agnelo, que seria o candidato do PT, agora já não tem certeza da sua candidatura. Sua candidatura é bombardeada dia e noite pelo grupo de Geraldo Magela, deputado federal pelo PT. Magela quer ser o candidato e usa o argumento de que Agnelo teria se reunido com Durval Barbosa, o Cinegrafista do Cerrado, e escondido o fato do partido. Há inclusive conversas de que Agnelo chegou a ser gravado cerca de uma hora e meia em diálogos com Durval. Isso enquanto assistia, no gabinete da secretaria de estado da qual Durval foi titular, os DVDs sobre a corrupção no DF. Pegou mal para Agnelo. Pesa ainda contra ele o fato dele ser, frente à Magela, um novato nas hostes do PT.
O PDT que chegou a lançar o deputado distrital Reguffe, por pressão da direção nacional, que está apoiando a candidata do PT para presidente, deverá marchar com a candidatura petista para o GDF. Seja ela a de Agnelo ou a de Magela. O PSB de quando em vez fala em lançar candidato próprio, que seria o deputado federal Rodrigo Rolemberg, mas deverá acabar mesmo é apoiando qualquer candidatura que sair das hostes do PT.
Quanto ao Senado aí é que reina a maior indefinição. Se Agnelo não conseguir a legenda para governador, cai para o Senado. Por outro lado se ele se impuser ao PT, será Geraldo Magela que desce para disputar o Senado. É incerto também se o senador Cristovam Buarque conseguirá ser o segundo candidato ao cargo de senador numa coligação com o PT.
E mais do que ser o candidato é saber se a direção e a militância organizadas nas várias facções petistas de fato irão apoiá-lo. Essa dúvida prende-se ao fato de que ele, Cristovam, é uma ameaça concreta ao outro candidato a senador, pois poderá ser eleito, colocando em risco a eleição de um segundo candidato da coligação.
Nessas eleições de 2010 serão duas vagas em disputa para o Senado. Muitos acreditam que é quase impossível uma mesma coligação emplacar seus dois candidatos. A coisa mais viável é que a coligação do PT eleja um senador e a coligação do PSC (leia-se Roriz) consiga eleger o outro.
As indefinições, como pode se observar, são cruéis para a pressão arterial dos candidatos a candidatos no Distrito Federal.

Pulando das indefinições das eleições de Brasília para as indefinições das que serão realizadas na Bahia, leia o artigo do jornalista Ivan de Carvalho. O artigo a seguir foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça-feira (23/2). Lá, como cá, indefinições há. Aqui já se havia falado até numa possível aliança entre Joaquim Roriz e o PT. Lá na Bahia o PT pode acolher na sua chapa majoritária figuras históricas do Carlismo. Leia a seguir o artigo sobre as eleições na Bahia.
Indefinições na sucessão
Por Ivan de Carvalho   
Várias e fundamentais são ainda as indefinições no cenário da sucessão baiana. Até mesmo sobre o que parece absolutamente certo – as candidaturas de Jaques Wagner, Paulo Souto e Geddel Vieira Lima a governador – alguns políticos põem dúvidas. Não a respeito da candidatura de Wagner à reeleição, mas quanto às outras.
Alegam que, a depender de uma série de circunstâncias, algumas improváveis, Souto ou Geddel poderiam trocar a aspiração ao governo por uma disputa por cadeira de senador. Mas deixemos isso de lado, já que as duas hipóteses parecem, no momento, muito improváveis.
Vamos às indefinições mais objetivas. Começando por uma quase certeza: o conselheiro do TCM, ex-governador Otto Alencar, vai se aposentar de seu atual cargo, filiar-se ao PR e concorrer a senador pela coligação que será formada em torno da candidatura de Wagner à reeleição.
E a outra vaga de senador, já que duas cadeiras estão em jogo? Aí é que se transpõe o portal do inferno. O governador esforça-se para completar sua dupla para o Senado com a candidatura à reeleição do senador César Borges, presidente estadual do PT e considerado candidato à reeleição quase imbatível. “Ex-carlista histórico”, gritam políticos da “esquerda” do PT, a exemplo do deputado federal Zezéu Ribeiro e do líder do partido na Assembléia, Paulo Rangel. E lançam alternativas como Waldir Pires e o deputado, ex-candidato a prefeito de Salvador e secretário estadual Walter Pinheiro.
Zezéu e Rangel podem até “ceder ao consenso” que o governador tenta estabelecer. Mas será que a militância e os simpatizantes do PT vão mesmo votar no “carlista” ou “ex-carlista” César Borges? E se eles tiverem alternativas? Pois vão ter. O deputado federal Edson Duarte é candidato a senador pelo PV da candidata a presidente Marina Silva. E Lídice da Mata, se não lhe for aberto espaço na chapa majoritária (para senadora ou vice-governadora) pode muito bem disputar cadeira de senadora pelo PSB. Enquanto isso, César Borges, se candidato na coligação liderada por Wagner, tende a perder muitos votos da área em que militou na política “desde criancinha”, a área do DEM e adjacências.
Quanto à chapa majoritária liderada por Paulo Souto, tem como uma possibilidade séria a candidatura do senador ACM Júnior, caso César Borges fique com Wagner. Mas, e a outra cadeira de senador na chapa de Souto, quem a disputaria? Mistério, ainda.
Quanto ao ministro Geddel Vieira Lima, a primeira indefinição a ser eliminada é a de o presidente Lula aceitar ou não a indicação do secretário executivo do Ministério da Integração Nacional, João Santana, para sucedê-lo no cargo. Definir isto significará a definição de outras questões, a principal das quais o relacionamento do peemedebista Geddel com a candidatura presidencial de Dilma Rousseff. Geddel, sabe-se, confia em que João Santana o sucederá. Os indícios apontam também para isto. Mas a nomeação será somente no início de abril. Convém lembrar Lavoisier – na natureza tudo se transforma. Um provável candidato ao Senado Geddel já tem, o vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito. Falta o outro. Lídice não se sensibilizou com o aceno que lhe foi feito.