Segunda, 19 de maio de 2014
Nova nota de Vladimir Safatle
Como começará a entediante comédia das versões sobre o que
aconteceu sobre minha candidatura, sugiro ser melhor ir direto à fonte. Por
isto, quero deixar claro dois pontos:
a) não desisti da candidatura, ela foi
abandonada pela parte majoritária da direção estadual do PSOL. Dentro de um
processo tenso de negociações, minha última palavra (no dia 13 de maio,
inclusive para nosso candidato a presidente) foi de que aceitaria ser
candidato, mas que esperaria o partido assegurar as condições mínimas (que eu e
outros membros do partido conseguimos, vejam só vocês, dois dias depois). Esse setor
partidário preferiu fechar as negociações e levantar outro nome, mesmo depois
das condições à mão. Acho que mais correto seria dirigentes do partido
assumirem a responsabilidade por suas ações.
b) A discussão sobre a nota
interna é surreal, como se torna surreal a vida partidária a partir de um certo
nível. Soltar e-mails pessoais descontextualizados para tentar justificar um
apoio meu a uma nota partidária que anunciava minha suposta desistência não me
parece um bom modo de atuação para quem se levanta programaticamente contra
invasão de privacidade. Qual é o próximo passo? Divulgar conversar telefônicas?
Uma reflexão séria sobre este procedimento parece-me necessária. Ela não condiz
com um partido que tem “liberdade” em seu nome. De fato, falei que, se o
partido entendia que um nota daquelas era necessária para amenizar problemas
internos entre correntes, eu não me oporia à sua circulação estrita e
exclusivamente interna (como fora prometido), até porque a negociação
continuava com a campanha nacional do partido. Disse que, se fosse o caso, eu
mesmo faria uma nota. Quando a referida nota saiu, no dia 13, para toda a
galáxia, ela já era velha e parcial. Ela foi emitida de maneira desnecessária e
equivocada, já que o normal, caso isto tivesse ocorrido, teria sido eu mesmo
anunciar a desistência com um nota minha. É fácil perceber o absurdo da
situação: estou dizendo que não desisti, que estava disposto a sentar e
resolver a situação, que levantei recursos até sexta-feira, dia 15, enquanto
outros dizem que eu desisti. Isto parece uma peça de Alfred Jarry ou talvez
algo mais próximo do teatro do absurdo.
Vladimir Safatle