Domingo, 28 de abril de 2019
Além da falta de políticas públicas, nos carecem serviços fiscalizadores competentes. Uma entranha de instituições reparte a missão de fiscalizar o transporte público, a ocupação irregular de terras, a construção irregular de imóveis, a degradação do meio ambiente, o uso criminoso dos recursos hídricos.
Por Maria Fátima de Sousa[1] e Chico Sant’Anna[2]
Encaminhando-se para os seus 60 anos, Brasília possui desafios que nessas seis décadas não foram nem equacionados nem tiveram arquitetado o planejamento de como agir. O avião veio sendo pilotado de acordo com as condições atmosféricas. E hoje, a terra profetizada por Dom Bosco, de onde jorraria leite e mel, está cada vez mais pauperizada em seus recursos naturais bem como os projetados pela expertise de nossos criadores. Tudo em decorrência de uma volúpia desmedida sobre as terras, sobre os recursos hídricos, sobre a natureza, sobre os cofres públicos, volúpia sobre as políticas públicas.
O Distrito Federal apresenta ainda hoje um crescimento bem maior do que a média nacional. A população candanga cresce a uma taxa de 2,09%, e a do Brasil em apenas 0,77%. É fruto de novos brasilienses, que aqui nasceram, mas também da migração. Todos em busca do leite e do mel, cada vez mais escasso. Resultado, nossa taxa de desemprego beira 320 mil pessoas. Um jovem, em cada quatro, não tem trabalho ou renda.
Os fenômenos decorrentes desse descompasso são visíveis a olho nu. Ícone dessa realidade é o termo já aculturado na terminologia técnica de nosso planejamento urbanístico: ‘puxadinho’. Não são só as invasões irregulares de terra; o crescimento do subemprego, em especial camelôs nas ruas, violência em alta, saúde pública em descontrole total.
Tudo fomentando a criação de oportunidades para que o submundo do crime se aproveite dessas precariedades que deveriam ter sido prevenidas por políticas públicas. Áreas ambientais são criminosamente agredidas, moradias se multiplicam ilegalmente no horizonte como se Brasília fosse o bairro da Muzema, no Rio de Janeiro. Ações irregulares também são perpetradas, com ou sem a anuência do GDF, por maus empresários mais preocupados com o lucro imediato, do que uma correta gestão a longo prazo de nossos recursos.
Além da falta de políticas públicas, nos carecem serviços fiscalizadores competentes. Uma entranha de instituições reparte a missão de fiscalizar o transporte público, a ocupação irregular de terras, a construção irregular de imóveis, a degradação do meio ambiente, o uso criminoso dos recursos hídricos.
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