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(Millôr Fernandes)

domingo, 28 de abril de 2019

Saúde e Bem-Estar 51 — Flúor: Um aliado ou um perigo?

Domingo, 28 de abril de 2019
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“Atualmente, 97% da população da Europa Ocidental bebe água não fluoretada. Isso inclui: Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Irlanda do Norte, Noruega, Portugal, Escócia, Suécia, Suíça e aproximadamente 90% do Reino Unido e da Espanha. Embora alguns desses países fluoretem seu sal, a maioria não o faz. (Os únicos países da Europa Ocidental que permitem a fluoretação do sal são a Áustria, a França, a Alemanha, a Espanha e a Suíça)”. Essa afirmação está presente no site da Fluoride Action Network (http://fluoridealert.org/content/europe-statements).
A Rede de Ação do Flúor (FAN) pretende, como eles mesmo afirmam, ampliar a consciência entre cidadãos, cientistas e formuladores de políticas sobre a toxicidade dos compostos de flúor. “A FAN fornece informações abrangentes e atualizadas e permanece vigilante no monitoramento das ações das agências governamentais que afetam a exposição do público ao flúor”. 



Esta é outra instigante observação da FAN: “as taxas de cárie dentária declinaram na Europa de forma tão precipitada nos últimos 50 anos quanto nos Estados Unidos. Isso levanta sérias questões sobre a afirmação do CDC de que o declínio da cárie dentária nos Estados Unidos desde os anos 50 é largamente atribuível ao advento da fluoretação da água”. 



Por outro lado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) sustenta: a) “A pesquisa mostrou que o flúor é mais eficaz na prevenção da cárie dentária quando um baixo nível de flúor é constantemente mantido na cavidade oral. O objetivo dos programas de saúde pública baseados na comunidade, portanto, deve ser implementar os meios mais apropriados para manter um baixo nível constante de flúor no maior número possível de bocas. Os fluoretos podem ser obtidos a partir de água fluoretada, sal, leite, enxaguatório bucal ou creme dental, bem como fluoretos aplicados profissionalmente, ou a partir de combinações de dentifrício fluoretado com qualquer uma das outras duas fontes de fluoreto. Há evidências claras de que a exposição prolongada a um nível ótimo de flúor resulta em níveis decrescentes de cárie em populações infantis e adultas”; b) “O flúor está sendo amplamente utilizado em escala global, com muitos benefícios. Milhões de pessoas em todo o mundo usam creme dental fluoretado. Eles se beneficiam da água fluoretada, fluoretação do sal ou outras formas de aplicações de flúor (fluoretos tópicos clínicos, bochechos, tabletes / gotas)” e c) “Uma das políticas da OMS é apoiar o uso generalizado de creme dental fluoretado a preços acessíveis nos países em desenvolvimento. Isto é particularmente importante tendo em conta a dieta em mudança e o estado nutricional nestes países. Estudos locais recentes mostraram que o creme dental fluoretado acessível é eficaz na prevenção da cárie e deve ser disponibilizado para uso pelas autoridades de saúde nos países em desenvolvimento. O Programa Global de Saúde Oral da OMS está atualmente realizando mais projetos de demonstração na África, Ásia e Europa, a fim de avaliar a relevância do creme dental fluoretado a preços acessíveis, a fluoretação do leite e a fluoretação do sal” (https://www.who.int/oral_health/action/risks/en/index1.html). 



O Ministério da Saúde, no “Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil”, afirma: “A utilização dos fluoretos como meio preventivo e terapêutico da cárie dentária iniciou-se em 1945 e 1946, nos Estados Unidos da América e Canadá, com a fluoretação das águas de abastecimento público. Após estudos que comprovaram a eficácia da medida (na época uma redução de cerca de 50% na prevalência de cáries), o método foi recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelas principais instituições mundiais da área da saúde, expandiu-se para várias regiões e, no início do século XXI, vem beneficiando cerca de 400 milhões de pessoas em 53 países (NUNN; STEELE, 2003). Nos EUA, onde a fluoretação das águas foi considerada uma das dez medidas de saúde pública mais importantes no século XX, duas em cada três pessoas consomem água fluoretada (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 1999)” (http://www.cfo.org.br/website/wp-content/uploads/2010/02/livro_guia_fluoretos.pdf). 



Existem dois grandes problemas relacionados com a fluoretação, mesmo admitindo seus efeitos benéficos. O primeiro deles envolve o controle da quantidade do flúor na água. Inúmeros levantamentos apontam flúor demais ou de menos. A segunda questão decorre do fato de que a água não é a única fonte de fluoretos. Frutas e verduras, além do flúor naturalmente presentes, são regadas com água fluoretada. Ademais, pastas de dente e enxaguantes bucais possuem concentrações razoáveis da substância. Esse acúmulo gera uma ingestão de flúor excessiva. 



As controvérsias em torno do flúor aumentaram sensivelmente de intensidade. Uma parte da comunidade científica aponta evidências da diminuição do número de cáries em crianças. Vários cientistas destacam a natureza tóxica do flúor e as consequências, notadamente câncer ósseo, osteoporose, sérios problemas neurológicos e prejuízos ao funcionamento da tireóide. Estudos recentes indicam que o flúor não interfere na prevenção de cáries. Por outro lado, insistem os defensores do flúor, são mais de 60 anos de artigos e revisões bibliográficas confirmando os benefícios. 



Tudo pesado e considerado, parece prudente apostar em evitar a exposição excessiva ao flúor, em especial em pastas de dente e enxaguantes bucais. O avanço das pesquisas e debates científicos deverão oferecer, com mais segurança, uma diretriz mais clara e precisa acerca da utilização do flúor ou, no mínimo, dos níveis mais seguros de ingestão.