Cascos secos (carapaça e plastrão) de mais de 30 quelônios mortos foram documentados na calha do Rio Melchior. Ambientalistas populares alegam abandono por parte das autoridades ambientais.
Por Chico Sant’Anna. Fotos e vídeo de Newton Vieira
Em meio às queimadas que assolam o cerrado do Distrito Federal, outra grave agressão ao meio ambiente candango vem ocorrendo, obscurecida, contudo, pela fumaça dos incêndios e sem a devida atenção das autoridades. Falamos da mortandade de quelônios – tartarugas e cagados -, na calha do Rio Melchior, que de tão poluído já foi apelidado de Tietê do Planalto Central. Ambientalistas militantes que lutam pela preservação do rio – que se insere na Arie JK – tem documentado essa mortandade. Somente um deles, Newton Vieira, afirma ter documentado, desde 2021, às margens do Melchior, fotograficamente e em vídeo, cascos secos (carapaça e plastrão) de mais de 30 animais.
Cágado barbicha
A espécie predominante encontrada no rio é o Cágado barbicha (Phrynops geoffroanus), explica Daniel José Guedes, professor de Biologia da SEEDF, especialista em Ciências da Natureza e suas Tecnologias. “O cágado de barbicha apresenta hábitos tanto aquáticos quanto terrestres. Esses animais possuem uma resistência a ambientes poluídos. Contudo, nas proximidades do Rio Melchior, foram encontradas várias carapaças de indivíduos mortos” – explica ele. Para Newton Vieira, a mortandade é provocada pela poluição do rio e também pela ação de caçadores.
“Nos pequenos córregos da região do Planalto Central é comum a presença do Tartaruga-cabeça-de-sapo (Mesoclemmys gr. Vanderhaegei), e nos rios maiores, como o Rio Melchior, prevalece o Cágado barbicha. Existe ainda a possibilidade de algumas espécies exóticas, mas essas se fazem mais presente em áreas urbanizadas” – detalha Rafael Martins Valadão, analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio.
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