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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

MPDFT recomenda que GDF estruture quadro de servidores de Fundação de Ciências da Saúde

Segunda, 20 de outubro de 2025


Fundação funciona há mais de 20 anos com servidores cedidos da SES

Do MPDFT

A 1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) recomendou que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o presidente da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), Juracy Cavalcante Lacerda Junior, adotem medidas para planejar e implementar um quadro próprio de pessoal da instituição. O documento foi expedido na última sexta-feira, 17 de outubro.

Mesmo após mais de 20 anos de funcionamento, a Fepecs continua integralmente dependente de servidores cedidos da Secretaria de Saúde do DF (SES), com custo anual superior a R$29 milhões e 4.680 horas semanais de trabalho cedido. Segundo o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), essa situação compromete a eficiência do gasto público, a continuidade das políticas de formação e a autonomia da entidade.

Entre as providências, o MPDFT recomenda a criação de um Grupo de Trabalho Intersetorial, com representantes das áreas jurídica, orçamentária e de gestão de pessoas, para elaborar um Plano de Estruturação do Quadro Próprio da Fepecs, com diagnóstico das necessidades, impactos e cronograma de execução. O GDF e a Fepecs deverão apresentar, em 60 dias, um plano de ação com proposta de lei para criação de cargos e carreiras, cronograma de concursos públicos, estimativa de impacto fiscal, medidas de compatibilidade orçamentária e política de substituição gradual das cessões por servidores efetivos. A Prosus recomenda ainda que a Fundação abstenha-se de ampliar novas cessões.

O documento considera que a cessão é ato temporário e excepcional. A manutenção de servidores cedidos por tempo indefinido ou prolongado desvirtua as funções originais dos cargos, cria dependência funcional irregular entre os órgãos e viola o princípio do concurso público, além de configurar burla à regra do concurso público.

Essa prática também compromete a autonomia administrativa da Fundação Pública, que deve estruturar seu quadro de pessoal mediante servidores próprios, selecionados conforme a lei, e não depender de outra entidade para desempenhar suas funções essenciais.

O promotor de justiça da 1ª Prosus Vinícius Bertaia explica que o uso contínuo de cessões como substituto permanente do concurso público configura desvio de finalidade e precisa ser gradualmente superado. “Essa recomendação integra a estratégia de atuação resolutiva e estrutural do MPDFT voltada ao fortalecimento da política pública de formação em saúde. É importante esclarecer que o objetivo é fortalecer a Fepecs, e não enfraquecê-la. O uso prolongado de servidores cedidos acaba prejudicando o atendimento à saúde da população e compromete a autonomia da Fundação. Por isso, estamos abrindo diálogo com todos os envolvidos para corrigir essa distorção de forma planejada, respeitosa e eficiente, sempre em benefício da sociedade e do fortalecimento da instituição”, diz.