Sexta, 24 de junho de 2016
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
O ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira se entregou
hoje (24) no começo da tarde à Justiça e foi encaminhado para prestar
depoimento na 6ª Vara Federal Criminal. Um mandado de prisão havia sido
expedido contra ele e mais dez acusados de participar de um esquema de
desvio de verbas no Ministério do Planejamento investigado pela Operação
Custo Brasil. Desses, oito foram presos ontem (23) pela Polícia Federal
(PF).
Um dos que tiveram a prisão decretada era outro
ex-tesoureiro PT, João Vaccari Neto, que já estava sob custódia em
Curitiba. O advogado Guilherme de Salles Gonçalves está vindo de
Portugal para se apresentar às autoridades. Gonçalves e Ferreira foram
os únicos não encontrados durante a operação policial.
Os
outros oito acusados chegaram a São Paulo ainda ontem e passaram a
noite na carceragem da PF. Eles estão prestando depoimento na 6ª Vara
Federal Criminal. Até o momento já foram ouvidos, além de Ferreira,
Joaquim José Maranhão da Câmara, Daisson Silva Portanova, Dércio Guedes
de Souza e Valter Correia da Costa, ex-secretário de municipal de Gestão
de São Paulo.
O ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo,
também está no local para prestar depoimento. Ele é acusado de ser uma
das figuras centrais do esquema que desviou cerca de R$ 100 milhões
entre 2010 e 2015. De acordo com as investigações, agentes públicos e
políticos recebiam pagamentos ilegais a partir do contrato feito com a
empresa Consist Softwear para gerir o crédito consignado – empréstimos
com desconto em folha – para servidores públicos federais. Os serviços
da empresa eram custeados por uma cobrança de cerca de R$ 1 de cada um
dos funcionários públicos que aderiram a essa modalidade de crédito. O
inquérito aponta que desse montante, 70% era desviado para empresas de
fachada.
A partir dos contratos falsos, os recursos chegavam aos
destinatários finais, entre eles o ex-ministro. Segundo o Ministério
Público Federal (MPF) e a Polícia Federal, ele teve despesas pessoais e
de campanhas eleitorais pagas pelo esquema de corrupção desmantelado
pela Operação Custo Brasil. As investigações apontam que um escritório
de advocacia ligado ao ex-ministro recebeu cerca de R$ 7 milhões. Desse
total, a estimativa é que 80% custearam gastos de Paulo Bernardo.
PT
A
Operação Custo Brasil foi desencadeada a partir da delação premiada do
ex-vereador de Americana (SP) Alexandre Romano. Segundo as
investigações, Romano tinha um grupo de empresas em seu nome e de
parentes próximos que eram usadas para ocultar a origem do dinheiro
desviado do contrato com a Consist Softwear fazer pagamentos em
benefício do PT. Em contrapartida, o ex-vereador ficaria com cerca de
20% dos valores movimentados pelas empresas de fachada.