Segunda, 27 de junho de 2016
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Terminou por volta das 15h30 a audiência de custódia do advogado
Guilherme de Salles Gonçalves, que foi preso na Operação Custo Brasil.
Gonçalves, que estava em Portugal e chegou ontem (26) ao Brasil, foi
ouvido na tarde de hoje (27) pelo juiz federal Paulo Bueno de Azevedo,
da 6ª Vara Federal Criminal, em São Paulo. A audiência teve início por
volta das 14h30.
Gonçalves e o ex-tesoureiro do PT Paulo
Ferreira, que se entregou na última sexta-feira (24), eram os únicos que
não tinham sido presos durante a Operação Custo Brasil na quinta-feira
(23), quando foi deflagrada a ação, que apura um esquema de desvio de
verbas no sistema de gestão do crédito consignado no Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão.
Nove presos na operação já
tinham sido ouvidos pelo juiz na sexta-feira (24), também em audiências
de custódia: o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, o
ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, Joaquim José Maranhão da Câmara,
Daisson Silva Portanova, Dércio Guedes de Souza, Emanuel Dantas do
Nascimento, Nelson Luiz Oliveira Freitas, Washington Luis Viana e Valter
Correia da Costa, ex-secretário de municipal de Gestão de São Paulo. Já
o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que também teve mandado de
prisão expedido na operação, já estava sob custódia em Curitiba.
Após
a audiência de custódia de Gonçalves, o último a ser ouvido nesta
segunda-feira, o juiz decidiu manter presos todas as pessoas que foram
detidas na operação.
“A decisão do juiz da 6ª Vara Criminal foi
de que os motivos da prisão preventiva permanecem." Isso significa que
todos os investigados que foram presos no âmbito da Operação Custo
Brasil continuarão na prisão, disse o procurador da República Rodrigo de
Grandis.
Segundo o procurador, os dez presos que estão em São
Paulo continuarão detidos na sede da Superintendência da Polícia Federal
na Lapa, zona oeste da capital, onde deverão ser ouvidos até o fim
desta semana.
De Grandis acrescentou que o Ministério Público tem
“vários elementos” para acusar os investigados. “Não só colaborações
premiadas, mas elementos documentais, provas técnicas e e-mails”, afirmou.
Outro lado
Na
saída, o advogado de Gonçalves, Rodrigo Sanchez Rios, disse que seu
cliente sempre agiu de forma transparente e que hoje ele falou ao juiz
“sobre a origem dos contrato e os trabalhos que ele prestou para a
Consist durante cinco anos”. A Consist é a empresa apontada como
responsável pela gestão do esquema de crédito consignado montado no
Ministério do Planejamento.
“Em nenhum momento, pela perícia que
apresentamos, há uma retirada de dinheiro vultoso do escritório
destinado a algum servidor público”, disse o advogado a jornalistas.
Segundo
o advogado, Gonçalves está sendo acusado de ser lobista ou instrumento
do ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. “Isso é denegrir a imagem
de um profissional que tem anos de experiência na área de direito
eleitoral e administrativo, um advogado reconhecido em Curitiba e no
Brasil inteiro”, afirmou Sanchez Rios.
O advogado admitiu que seu
cliente prestou serviços para a Consist. Sanchez Rios informou que
amanhã (28) deverá apresentar ao juiz um pedido de soltura de Gonçalves,
entregando ao magistrado os contratos feitos entre o escritório de
advocacia e a Consist. “A defesa insiste que isso [a prisão] é
desproporcional e desnecessário. Não há nenhum dado que prove que,
eventualmente, esse valor recebido por um advogado tenha sido repassado
para um servidor público.”
Bumlai
Para
ser ouvido em outro processo, o pecuarista José Carlos Bumlai também
esteve na tarde de hoje na sede da Justiça Federal em São Paulo. Bumlai
participou de uma acareação com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares no
processo da Operação Lava Jato. Bumlai participou da acareação por
videoconferência de São Paulo e Delúbio, em Curitiba, na Justiça
Federal. O pecuarista deixou a sede da Justiça Federal por volta das
15h30, acompanhado de advogados, sem falar com a imprensa. A
jornalistas, os advogados disseram que estão impedidos, por ordem
judicial, de falar sobre o processo.