Domingo, 26 de junho de 2016
Deu no Observatório da Imprensa
Por Elstor Hanzen em 21/06/2016 na edição 908
Desde que o governo interino assumiu a administração nacional, há
grande esmero por lado dos principais grupos de comunicação na
“coloração” dos fatos, mesmo que tal entonação não condiz com a mudança
da realidade. Esse comportamento se observa em estágios mais sutis –
como a substituição de palavras negativas por positivas –, e outros
exemplos escancarados de deturpação dos acontecimentos – como manchetes
desequilibras para ressaltar aspectos menos relevantes e ocultar os mais
importantes –, sendo que muitos casos já viram piada nas redes sociais.
No artigo “A manipulação de contextos na montagem de notícias”,
Carlos Castilho faz uma excelente análise de como as Organizações Globo,
por meio do JN, usam com mestria e perspicácia a manipulação
na edição do conteúdo. Castilho lembra que “um editor ou jornalista pode
criar um contexto sem alterar dados, fatos ou eventos”. Para ilustrar
sua citação, usa uma comparação: “Um dado não existe fora de um
contexto. Ele pode ser exato, mas manipulado conforme a imagem do copo
meio cheio ou meio vazio. O copo é o mesmo, o volume de água idem, mas o
profissional pode descrever o fato de maneiras diferentes o que vai
induzir o leitor, telespectador ou internauta a desenvolver percepções e
opiniões condicionadas pela descrição jornalística.”
Manchete no dia após Cerveró revelar propina ao filho do FHC
A imagem acima reproduzida no Facebook pelo escritor Fernando Morais,
ganhou repercussão e virou piada nos espaços virtuais: “Não consigo
entender a perseguição do jornal o globo ao fernando henrique cardoso.
Basta aparecer qualquer denúncia sobre escândalos no governo do
ex-presidente que o jornalão escancara, dá com o maior destaque. Olha
essa capa de hoje. Só um cego não vê isso”, ironizou o escritor. Para
ler “só com lupa”, finalizou.
Título da Folha omitiu Temer da chamada
A capacidade de uma leitura crítica
Destaque da Folha de S.Paulo também obteve a atenção dos
internautas pela deliberada tentativa de poupar o nome do presidente
interino Michel Temer no contexto da crise. Neste exemplo, o público
online resolveu sinalizar com seta vermelha onde deveria constar “de
Temer” na edição do título.