Terça, 28 de junho de 2016
Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
Um levantamento feito pelo promotor de Justiça de
São Paulo Eduardo Del Campo mostra que apenas 26% das infrações
cometidas por crianças e adolescentes são feitas com violência ou grave
ameaça. O estudo, realizado entre setembro de 2014 e agosto de 2015, é
baseado em 1,5 mil entrevistas feitas com crianças e adolescentes
infratores na capital paulista.
O
levantamento mostra que 61% das infrações não têm violência ou grave
ameaça e 13% são feitas com violência média. De acordo com o promotor,
42% das infrações sem violência são atos como a receptação, que têm
repercussão social, ou seja, podem causar o aumento de outros crimes.
“Embora
o envolvimento de crianças [em atos infracionais] choque, o número
dessas ocorrências é muito pequeno, é residual. Um caso choca a opinião
pública, principalmente quando tem a morte dessa criança. Mas ele ainda
é, felizmente, residual”, disse o promotor.
Segundo o
levantamento, 57% das crianças e adolescentes infratores entrevistados
estavam estudando. No entanto, 43%, estavam fora da escola. Desses, a
maioria (37%) alegou falta de interesse; 15%, necessidade de trabalhar; e
14%, ausência de vaga.
“A solução é educação. Educação em todos
os seus aspectos, educação para cidadania. Educação das famílias,
retorno do professor à posição que ele merece. Um país como o Brasil,
que faz o que faz com seus mestres, não vai para a frente. Essa é a
solução a longo prazo”, destacou o promotor.