Sábado, 25 de junho de 2016
Da Tribuna da Imprensa
Carlos Chagas
Entre
tantos projetos tirados do texto chamado pelo PMDB de uma ponte para o
futuro, na verdade um indecente mergulho no passado, desponta uma
homenagem ao absurdo. A proposta é para proibir nos diversos planos do
ensino, até o universitário, que nas aulas os professores dediquem
espaço e tempo para debater a conjuntura política. Estarão livres para
ensinar História, Geografia, Matemática e Literatura, mas nada a
respeito do impeachment, da reforma da Constituição, do combate à
corrupção, da roubalheira na Petrobras e das atividades do juiz Sérgio
Moro.
A
justificativa é para o magistério não influenciar a opinião dos jovens,
quaisquer que sejam. Uma forma de não favorecer partidos políticos e
ideologias variadas.
Tamanha
ignorância raras vezes é registrada, mas o projeto faz parte das
reformas pretendidas pelo governo Michel Temer, junto com a supressão de
direitos trabalhistas, a redução salarial, a prevalência do negociado
sobre o legislado e outras agressões aos direitos sociais.
O
pior é que tamanha insensatez entra na corrente do retrocesso anunciada
antes mesmo da degola da presidente Dilma Rousseff e da ascensão de seu
vice-presidente ao poder, uma espécie de ensaio geral para o retorno do
neoliberalismo.
Até
agora todas essas propostas vem sendo aprovadas pela maioria
parlamentar que respalda a nova ordem. É o desmonte do estado social
que, apesar do fracasso do modelo implantado pelo PT, ainda mantinha
certas conquistas que vinham funcionando desde os tempos de Getúlio
Vargas. Triste é não haver reação da parte das forças ditas
progressistas. As centrais sindicais permanecem em silêncio, de braços
cruzados. Escafederam-se os partidos que um dia defenderam mais direitos
para a população, inclusive o maior de todos, de debater seu próprio
destino.