Sexta, 23 de maio de 2014
Senador
teria recebido informação privilegiada do Banco Santos
Luiz Orlando Carneiro
A Justiça Federal de São Paulo enviou ao Supremo Tribunal Federal os
quatro volumes e 72 apensos, no total de 841 folhas do inquérito - autuado no
tribunal na última segunda feira (Inq 3.858) - em que há suspeitas de que o
senador José Sarney (PMDB-AP) teria recebido informação privilegiada ao
resgatar mais de R$ 2 milhões aplicados em fundos do Banco Santos, um dia antes
de o Banco Central decretar intervenção na instituição financeira, em novembro
de 2004.
O Ministério
Público Federal em São Paulo identificou "elementos concretos" da
possível prática de crime contra o mercado de capitais, em face de sua
"relação estreita" com o então banqueiro Edemar Cid Ferreira,
controlador do banco. O inquérito - que "subiu" ao STF em virtude da
prerrogativa de foro do senador - tem como relator o ministro Dias Toffoli.
O
inquérito
Nos
autos do inquérito, o MPF sublinha que o banqueiro e sua mulher são padrinhos
de casamento da filha de Sarney, a governadora do Maranhão Roseana Sarney
(PMDB). E refere-se a depoimento de uma ex-gerente do Banco Santos, que disse
ter recebido instruções para efetivação do resgate. O documento, que teria sido
redigido pelo próprio Edemar Cid Ferreira.
Em
dezembro de 2006, o banqueiro foi condenado a 21 anos de prisão por quadrilha,
lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Ele recorreu ao Tribunal Regional
Federal da 3ª Região.
O
andamento do inquérito aberto no STF na segunda-feira registra que, nesta quinta-feira
(22/5), os autos foram enviados à Procuradoria Geral da República para o
necessário parecer do chefe do Ministério Público, Rodrigo Janot.