Quinta, 14 de julho de 2016
Do CNTE e Sinpro/DF
Foi lançada nessa quarta-feira (13), no Rio de
Janeiro, uma Frente Nacional que pretende articular esforços contra os
projetos baseados na plataforma Escola sem Partido, que atualmente
tramitam em várias casas legislativas pelo país, inclusive a Câmara e o
Senado, que alega defender a “neutralidade” na educação, mas tem sido
vista como forma de censurar a discussão política nas salas de aula.
O evento ocorreu no auditório do Instituto de Filosofia e Ciências
Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no
centro da capital fluminense, e reuniu ativistas pelo direito à educação
de todo o país –estudantes, educadores, sindicatos e centrais,
associações de classe, partidos políticos e entidades da sociedade
civil. “O projeto Escola sem Partido é a sequência de um processo de
restrição da liberdade, aquilo que a literatura chama de Estado de
exceção”, classifica o professor da Gaudêncio Frigotto, da pós-graduação
em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (Uerj), em entrevista à repórter Viviane Nascimento, para o Seu Jornal, da TVT.
Para o integrante da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
(Ubes) Guilherme Barbosa, o projeto representa “uma afronta à liberdade
de construção do conhecimento” e vai afetar diretamente a vida dos
alunos, que estarão impedidos de discutir os principais temas que afetam
os seus cotidianos.
Já o vereador carioca Renato Cinco (Psol), diz que a luta contra o
projeto, que classifica como uma tentativa de “amordaçar” a educação, é
“essencialmente uma luta em defesa da liberdade e da democracia”.
Cibele Lima, coordenadora da Rede Emancipa em São Paulo, que
desenvolve cursos pré-universitários em diversas cidades do país, relata
que, antes mesmo da aprovação do projeto Escola sem Partido, ameaça
contra a liberdade de manifestação e pensamento já vem ocorrendo.
“Tanto em Porto Alegre quanto em São Paulo, onde já existem projetos
equivalentes tramitando, a gente teve notificações das secretarias de
Educação afirmando que receberam denúncias anônimas de que a gente
pratica doutrinação ideológica”, conta Cibele. Na capital paulista, até
mesmo uma viatura da Polícia Militar foi averiguar denúncia de “agitação
política”.