Domingo, 3 de julho de 2016
Mariana Branco - Agência Brasil
Primeiro
a florir todos os anos, o ipê roxo já enfeita a capital federal e chama
a atenção tanto de moradores quanto de visitantes. A árvore floresce no
período de seca porque o vento mais forte e a ausência de chuvas ajudam
na dispersão das sementes, explica a engenheira agrônoma Carmem Regina
Correia, professora da Universidade de Brasília (UnB). Na sequência do
ipê roxo está prevista a floração dos tipos amarelo, rosa e, por último o
branco, na altura de setembro.
A
engenheira agrônoma destaca que as floradas dos diferentes ipês não
seguem um calendário rígido. “Atualmente, a maior quantidade de
indivíduos é roxo, mas não quer dizer que não possa haver plantas de
outra cor [já floridas]. Eu já vi rosa, por exemplo, que é o terceiro na
sequência”, disse. Segundo Carmem Regina, a florada dos ipês roxos dura
de 15 a 20 dias.
“Ainda devemos ter uma semana, 10 dias de
floração intensa [do roxo] e aí já começa a diminuir e vêm os amarelos”,
informa. Ela ressalta também que, apesar de tradicional na paisagem de
Brasília, o ipê não é exclusivo do Cerrado. “Existe em todos os biomas
brasileiros. No Cerrado, temos algumas espécies nativas. No DF, há tanto
plantas nativas quanto plantadas”, diz.
Para quem aproveitou o
primeiro domingo de julho para passear pela capital federal, a florada
das árvores foi um espetáculo a mais. Foi o caso da costureira Maria
Francisca da Silva, 56 anos, e do filho dela, Lucas Francisco da Silva,
18. Os dois moram em Ceilândia, a 30 quilômetros de Brasília, e
visitavam juntos a Catedral Metropolitana e o Museu Nacional, pontos
turísticos da cidade.
“A gente veio ver os ipês, também. Eu tenho
uma muda em casa. Mas ainda é pequena, por isso não sei a cor. As
flores que eu mais gosto são as rosas e brancas”, comentou Francisca,
que considera as árvores marca registrada do Distrito Federal.
Para
os peruanos Falger Olsson e Abigail Camacho, ambos com 25 anos, e a
filha deles, Valéria, 5 anos, os ipês são novidade. O cozinheiro e a
estudante de administração estão morando na capital há cerca de um mês.
“Vimos muitas dessas árvores. São bonitas. Como se chamam?” perguntou
Falger, informado pela reportagem sobre o nome e os tipos de ipê
existentes.
Fotos
No que depender do
auditor fiscal Antonio Braga Sobrinho, 54 anos, o ipê ficará conhecido
pelo máximo possível de pessoas. Todos os anos ele acompanha as floradas
da árvore e posta fotos em redes sociais. Hoje, ao voltar do almoço de
domingo, o funcionário público não resistiu e parou na Esplanada dos
Ministérios para fotografar os ipês roxos com o celular.
“É uma
coisa que me encanta. Acompanho desde a primeira florada, dos roxos. Não
tenho preferência de cor nenhuma, não consigo escolher. É um contraste
muito grande, as árvores floridas com a seca. Ontem, postei a foto de um
ipê no fundo do meu quintal e tive 132 curtidas”, comenta.
Segundo
a engenheira agrônoma Carmem Regina, um cuidado para árvores em
ambiente urbano, caso dos ipês em Brasília, é garantir que elas tenham
espaço livre para absorver água e espalhar suas sementes. “Não se deve
pavimentar tudo em volta, que é o que mais se faz em área urbana”, diz.
Um
dos responsáveis pela disseminação dos ipês e outras plantas
ornamentais pela capital federal foi o engenheiro agrônomo Francisco
Ozanan Coelho, que morreu em maio deste ano, aos 72 anos. Ele chefiou o
departamento de parques e jardins da Companhia Urbanizadora da Nova
Capital (Novacap) e ficou conhecido como “jardineiro de Brasília” pelo
trabalho realizado na área.