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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 4 de julho de 2017

Caesb corta água da EC Córrego Barreiro na zona rural do Gama e prejudica 144 crianças. Problema se arrasta há 20 anos

Terça, 4 de junho de 2017
Do Sinpro DF

As 144 crianças que estudam na Escola Classe Córrego Barreiro, uma escola do campo, localizada na área rural da Ponte Alta do Gama, estão com o aprendizado prejudicado por causa da falta de água. A Caesb cortou o fornecimento no dia 26 de junho. Uma planilha da Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama dá conta de que a interrupção do provimento irá durar pelo menos até agosto.

O problema se repete há 20 anos, várias vezes no ano, e o Governo do Distrito Federal (GDF) até hoje não encontrou uma solução definitiva. Em reunião convocada pela diretoria da escola, e realizada no dia 1º de julho, com a participação do Sinpro-DF, de um representante do presidente da Comissão de Educação da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Wasny de Roure (PT), e da comunidade escolar, a diretoria denunciou o caso e disse que essa situação se arrasta há mais de duas décadas e afeta, severamente, também, o Centro de Ensino Fundamental Ponte Alta Norte (CEF PAN).
“Todo ano é esse transtorno: a escola classe fica sem água no mínimo duas vezes no ano, recebendo água de um caminhão-pipa, e a Caesb alega que o motivo é a inadequação do produto para o consumo porque a água está turva”, informa Letícia Montandon, da Secretaria de Raça e Sexualidade do sindicato. Este ano, segundo denúncia feita durante a reunião, até a água do caminhão-pipa não é confiável. A água do caminhão parece ser turva também. Três crianças tiveram diarreia e a comunidade suspeita que é decorrente da água advinda do caminhão-pipa.
Marly Froes, diretora da Escola Classe Córrego Barreiro, disse que, este ano, a Caesb interrompeu o fornecimento da água sem avisar e que, ao entrar em contato com a Companhia, soube que o motivo era o de sempre: a turbidez da água. Porém, a Caesb não explica o motivo do problema e o GDF, por sua vez, também não apresenta nenhuma solução definitiva. Enquanto isso, a escola enfrenta o transtorno da falta de água que afeta tudo, desde a higiene do ambiente até o saciar da sede das pessoas.
A falta de água interfere severamente na produção do lanche. “Sem a água, não há limpeza nos banheiros, as pessoas ficam com sede e não tem como fazer a comida. As crianças precisam dessa refeição. A comunidade é rural, extremamente pobre, e, por ser uma escola do campo, muitas crianças vão para a instituição na expectativa de contar com esse lanche. Neste mês, teve dia em que as crianças comeram só biscoito por causa da completa falta de condições de produzir a comida, de se fazer um suco. Nem sequer puderam beber água”, denuncia Letícia Montandon.
É por isso que a diretoria da escola, juntamente com os/as professores/as e orientadores/as educacionais da escola, convocou a reunião no sábado (1º/7). A proposta é iniciar uma movimentação para resolver definitivamente o problema da água na escola classe e no CEF PAN, o qual enfrenta a mesma situação e, há 4 anos vem recebendo água do caminhão-pipa semanalmente.
Na reunião de 1º de julho, foram traçadas algumas estratégias para resolver o problema definitivamente. Uma delas será uma reunião, prevista para ocorrer nesta quarta-feira  (5), na própria escola, com os pais, a Caesb, a Coordenação Regional de Ensino (CRE), a Administração de Ponte Alta, a CEB, a comunidade escolar e o Sinpro-DF para deliberar sobre uma solução imediata. A comunidade quer saber quando a água será reativada, se permanecerá ativada após ser reativada, e por que, volta e meia, ela está turva e precisa ser desligada.
Também foi deliberado que, em agosto, será formada uma representação com participação dos pais para apresentar o problema da água à Comissão de Educação da CLDF. A denúncia será feita em agosto porque a CLDF está de recesso parlamentar. O desespero da comunidade escolar tem respaldo na planilha de recebimento de água de julho a agosto, cuja previsão é de que o corte da água irá se estender por muito tempo. Com medo de que isso se arraste por muito tempo, a comunidade escolar não quer esperar mais até porque isso tem acontecido insistentemente, todo ano e por mais de duas décadas.
Eles querem uma solução o mais rápido possível. Pais, professores e até pessoas da comunidade decidiram denunciar a situação à Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e têm ligado para o número 156 a fim de denuncia, diariamente, a situação.
“A gente vê uma cobrança muito grande da Proeduc com relação aos professores, principalmente nessa questão da reposição, mas agora a gente quer também esse contrário de o MPDFT auxiliar no sentido de garantir que essas crianças tenham aula com qualidade porque a água é um patrimônio público, um direito humano e um bem essencial para a escola funcionar perfeitamente”, critica Letícia.
Fotos: Arquivo Sinpro-DF/Joelma Bomfim