Do Sinpro DF
As 144 crianças que estudam na Escola Classe Córrego Barreiro, uma escola do campo, localizada na área rural da Ponte Alta do Gama, estão com o aprendizado prejudicado por causa da falta de água. A Caesb cortou o fornecimento no dia 26 de junho. Uma planilha da Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama dá conta de que a interrupção do provimento irá durar pelo menos até agosto.
O problema se repete há 20 anos, várias vezes no ano, e o Governo do Distrito Federal (GDF) até hoje não encontrou uma solução definitiva. Em reunião convocada pela diretoria da escola, e realizada no dia 1º de julho, com a participação do Sinpro-DF, de um representante do presidente da Comissão de Educação da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Wasny de Roure (PT), e da comunidade escolar, a diretoria denunciou o caso e disse que essa situação se arrasta há mais de duas décadas e afeta, severamente, também, o Centro de Ensino Fundamental Ponte Alta Norte (CEF PAN).
“Todo ano é esse transtorno: a escola classe fica sem água no mínimo duas vezes no ano, recebendo água de um caminhão-pipa, e a Caesb alega que o motivo é a inadequação do produto para o consumo porque a água está turva”, informa Letícia Montandon, da Secretaria de Raça e Sexualidade do sindicato. Este ano, segundo denúncia feita durante a reunião, até a água do caminhão-pipa não é confiável. A água do caminhão parece ser turva também. Três crianças tiveram diarreia e a comunidade suspeita que é decorrente da água advinda do caminhão-pipa.
Marly Froes, diretora da Escola Classe Córrego Barreiro, disse que, este ano, a Caesb interrompeu o fornecimento da água sem avisar e que, ao entrar em contato com a Companhia, soube que o motivo era o de sempre: a turbidez da água. Porém, a Caesb não explica o motivo do problema e o GDF, por sua vez, também não apresenta nenhuma solução definitiva. Enquanto isso, a escola enfrenta o transtorno da falta de água que afeta tudo, desde a higiene do ambiente até o saciar da sede das pessoas.
A falta de água interfere severamente na produção do lanche. “Sem a água, não há limpeza nos banheiros, as pessoas ficam com sede e não tem como fazer a comida. As crianças precisam dessa refeição. A comunidade é rural, extremamente pobre, e, por ser uma escola do campo, muitas crianças vão para a instituição na expectativa de contar com esse lanche. Neste mês, teve dia em que as crianças comeram só biscoito por causa da completa falta de condições de produzir a comida, de se fazer um suco. Nem sequer puderam beber água”, denuncia Letícia Montandon.
É por isso que a diretoria da escola, juntamente com os/as professores/as e orientadores/as educacionais da escola, convocou a reunião no sábado (1º/7). A proposta é iniciar uma movimentação para resolver definitivamente o problema da água na escola classe e no CEF PAN, o qual enfrenta a mesma situação e, há 4 anos vem recebendo água do caminhão-pipa semanalmente.
Na reunião de 1º de julho, foram traçadas algumas estratégias para resolver o problema definitivamente. Uma delas será uma reunião, prevista para ocorrer nesta quarta-feira (5), na própria escola, com os pais, a Caesb, a Coordenação Regional de Ensino (CRE), a Administração de Ponte Alta, a CEB, a comunidade escolar e o Sinpro-DF para deliberar sobre uma solução imediata. A comunidade quer saber quando a água será reativada, se permanecerá ativada após ser reativada, e por que, volta e meia, ela está turva e precisa ser desligada.
Também foi deliberado que, em agosto, será formada uma representação com participação dos pais para apresentar o problema da água à Comissão de Educação da CLDF. A denúncia será feita em agosto porque a CLDF está de recesso parlamentar. O desespero da comunidade escolar tem respaldo na planilha de recebimento de água de julho a agosto, cuja previsão é de que o corte da água irá se estender por muito tempo. Com medo de que isso se arraste por muito tempo, a comunidade escolar não quer esperar mais até porque isso tem acontecido insistentemente, todo ano e por mais de duas décadas.
Eles querem uma solução o mais rápido possível. Pais, professores e até pessoas da comunidade decidiram denunciar a situação à Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc), do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e têm ligado para o número 156 a fim de denuncia, diariamente, a situação.
“A gente vê uma cobrança muito grande da Proeduc com relação aos professores, principalmente nessa questão da reposição, mas agora a gente quer também esse contrário de o MPDFT auxiliar no sentido de garantir que essas crianças tenham aula com qualidade porque a água é um patrimônio público, um direito humano e um bem essencial para a escola funcionar perfeitamente”, critica Letícia.
Fotos: Arquivo Sinpro-DF/Joelma Bomfim