Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Não conseguem nomear um ministro da educação, temos que lembrar de Capanema

Quinta, 9 de julho de 2020
Por
Helio Fernandes*
Ocupou a pasta por 2 anos, de 1934 a 1936, completou  2 projetos maravilhosos. Agora, quase terminando os mesmos 2 anos, não  preenchem o cargo.
O primeiro projeto era  educacional, nacional, seguro, fundamental. Gostava de trabalhar com jovens, dava a eles toda autoridade.
Seu chefe de gabinete, Carlos Drummond de Andrade, quem já ouvira esse nome. Em poucos anos, referência nacional e a seguir, imortalizado em vida. E o plano, sucesso  total.

O segundo projeto, transformar a sede do ministério, em atração arquitetônica nacional e internacional. 
Convocou jovens arquitetos que surgiam e não  demorariam a se consagrar. Niemeyer, Lúcio Costa, Jorge Moreira, (que projetou  a sede da Universidade Federal da Guanabara, não um prédio, uma cidade, morreu logo, num desastre de automóvel) teria sido  dos maiores.
Ps- Convidaram o famoso Le Corbisier, para supervisionar o projeto. Chegou aqui em 1936, foi levado ao ministério.
Ps2- Visitou tudo, disse pra eles: "está sensacional, não sei por que me chamaram, fizeram tudo, vou pra praia".
Ps3- Estava hospedado no Copacabana Palace, que adorou. De volta à França, escreveu artigo ótimo para o brasil. Elogiando o hotel e a sede do ministério.
Ps4- mais tarde Niemeyer faria o projeto da sede do Partido Comunista da França. Sensacional.

Bolsonaro, desconsideração com jornalistas
Logo depois do teste positivo, convocou para entrevista coletiva. Esperou os jornalistas sentarem para chegar.
Estava de mascara. Assim que foi feita a primeira pergunta, tirou a mascara, deu para um segurança.
Médicos protestaram, textual: 'os jornalistas estavam correndo risco'.
Hoje, 53 anos antes, eu estava sendo levado para fernando de noronha.
Por  ter escrito comentário sobre o "presidente" em 1967, 24 horas depois dele, ter desaparecido. 
Se fosse a primeira vez que eu escrevia sobre ele, esperar morrer, poderia ser considerado covardia. Mas não, eu fazia oposição diária, escrevi muitos bem mais violentos.
Covardia foi me prenderem 37 vezes, me cassarem, fora os desterros e confinamentos.
Ps- Covardia e medo de um jornalista desarmado, foi impedirem a publicação do livro que escrevi sobre essa violência

Fonte: Blog Oficial do Jornal Tribuna da Imprensa. Matéria pode ser republicada com citação do autor.