Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 8 de maio de 2021

“Nós diminuímos a dor do outro”, conta dirigente que distribui alimentos na periferia de Pernambuco

Sábado, 8 de maio de 2021
Da ONU Brasil

Associação Juventude Camponesa Nordestina Terra Livre já entregou mais de meio milhão de marmitas. Instituição foi selecionada em edital do UNFPA.

Alimentos distribuídos pela campanha Mãos SolidáriasAlimentos distribuídos pela campanha Mãos Solidárias Foto | Comunicação/Mãos Solidária

Chovia naquela manhã de sábado de abril. Integrantes da Associação da Juventude Camponesa Nordestina Terra Livre cortavam o mar num pequeno barco carregado com verduras e frutas. O destino eram as palafitas – casas precárias construídas sobre a água - localizadas na periferia de Recife, em Pernambuco.

“É uma realidade dura. Chegam a morar três pessoas em cubículos de sete metros quadrados. A fome está aumentando e o termômetro é o aumento (do número) de palafitas”, explica Paulo Manfam, presidente da Associação que, entre outras atividades, distribui alimentos para pessoas que sofrem com os impactos da pandemia da COVID-19. A instituição é uma das selecionadas num edital do Fundo de População da ONU (UNFPA) no Brasil que busca fortalecer as ações de organizações da sociedade civil.

De dentro do barco, Paulo Manfan distribui alimentos
De dentro do barco, Paulo Manfan distribui alimentos

A Associação tem projetos com diversos grupos de produção agrícola e consegue levar alimentos, educação, informação sobre COVID-19 e acesso a direitos a diversas comunidades pernambucanas. Paulo Manfam conta que a campanha Mãos Solidárias conecta produtores com quem tem fome. Desde o ano passado, já foram entregues mais de meio milhão de marmitas.

Além disso, voluntários oferecem apoio a estudantes doando equipamentos para aulas de reforço. “Nós percebemos como os jovens estão sendo afetados, principalmente na área rural. Quando tem aula online, há muita dificuldade de acesso, porque os pacotes de dados móveis de internet se esgotam rápido. A defasagem escolar é grande e está sendo muito difícil”, relata o dirigente.

Paulo conta que a pandemia tem sido um momento especialmente desafiador porque os voluntários “absorvem” a dor das pessoas que estão sofrendo. Mas o trabalho realizado é compensador: “Apesar de não resolver o problema, nós diminuímos a dor do outro. Isso nos humaniza. Sabemos que estamos no caminho certo”, diz.

garota beneficiada por doação de alimentos da campanha Mãos Solidárias
Garota beneficiada por doação de alimentos da campanha Mãos Solidárias