Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 18 de maio de 2024

Habitação popular: cadê a criatividade?

Sábado, 18 de maio de 2024

Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna

Os projetos arquitetônicos de habitação popular em Brasília e Brasil afora, financiados com dinheiro público, são pariformes. Caixotes de concreto: três ou quatro andares, perfilados lado a lado, como uma parada militar. Iniciativas como o Paranoá Parque (foto) caracterizam-se pela falta de criatividade arquitetônica e urbanística e não contribuem para uma melhor convivência social dos novos moradores.

Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não
Porque na casa não tinha chão

A Casa, de Vinicius de Moraes
Por Chico Sant’Anna

Conta a lenda que Vinicius de Moraes se inspirou em uma residência de Punta del Leste, no Uruguai, a Casapeublo, para compor A Casa. Fosse ela inspirada em projetos habitacionais populares, como os erguidos no Riacho Fundo 2 ou no Paranoá Parque, a falta de criatividade arquitetônica e a monotonia estética certamente teriam que rimar entre si.

Em recente lançamento de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), o presidente Lula pediu que as habitações populares passassem a contar com varandas. Mas poderia exigir mais. A demanda por varandas é mais do que um acessório estético. Ela serve para a refrigeração natural do ambiente, explicam os técnicos. Outros complementos poderiam trazer mais conforto e serem mais aconchegantes.

Os projetos em Brasília e Brasil afora, financiados com dinheiro público, são pariformes. Caixotes de concreto: três ou quatro andares, perfilados lado a lado, como uma parada militar. Desprezam a experiência de ventilação natural, com o uso de cobogós.