
Missão desastrosa da ONU, chefiada pelo Brasil, deixou rastro de violências no Haiti que perduram até hoje
Nesta mesma data, 20 anos atrás, iniciava-se uma das mais trágicas intervenções militares da história, a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti). Chefiada pelo governo brasileiro, a missão da ONU deixou um imenso rastro de crimes cometidos contra a população haitiana.
Para marcar a data, o capítulo brasileiro da Alba Movimentos (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América) divulgou uma nota onde denuncia violências cometidas pela Minustah, mas também expressa solidariedade com o povo haitiano, que ainda busca por justiça e responsabilização de órgãos internacionais.
“O que as missões militares deixaram no Haiti é um histórico de violência e violações de direitos humanos, com mais de 30 mil mortos, mais de 2 mil vítimas de abusos sexuais — a maioria mulheres e crianças”, comenta a nota.
De outubro de 2022 a meados de 2023, cerca de 59 mil pessoas foram diagnosticadas com a doença. Neste período, ao menos 800 pessoas morreram, apontam dados do Ministério da Saúde haitiano.
“Exigimos que as Nações Unidas paguem pelos crimes cometidos pela MINUSTAH, reparação já. E que os soldados brasileiros sejam julgados pelos crimes cometidos ao povo haitiano”, segue a nota da Alba Movimentos.
O documento também destaca as novas investidas de organismos internacionais contra os haitianos. Desde a renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry, em 12 de março, ondas de violência comandadas por grupos armados tomaram o país. Para encerrar a violência, a sugestão acatada pelo Conselho de Segurança da ONU é o envio de tropas policiais do Quênia, que atuariam na segurança do país.
Organizações haitianas têm tentado impedir que uma nova intervenção aconteça. Segundo a Alba Movimentos, “o povo do Haiti [deve ter] reconhecido seu direito de construir sua própria estrutura política e econômica de forma soberana, digna e justa, e para criar sistemas de educação e saúde que possam atender às necessidades reais do povo”.
“Que todas as forças progressistas do mundo se oponham a qualquer tentativa de invasão militar do Haiti”, completa o documento.
Alba Movimentos
Criada em oposição à Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), projeto de bloco econômico para a região proposto pelos Estados Unidos no começo dos anos 2000, a Alba Movimentos reúne mais de 400 organizações populares da América Latina e Caribe.
Edição: José Eduardo Bernardes