Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
Mostrando postagens com marcador DESACORDO —Mercosul e UE: entenda por que o acordo não saiu — e isso não é má notícia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador DESACORDO —Mercosul e UE: entenda por que o acordo não saiu — e isso não é má notícia. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

DESACORDO —Mercosul e UE: entenda por que o acordo não saiu — e isso não é má notícia

Segunda, 1º de janeiro de 2023

Tratado neoliberal demorou duas décadas para ser escrito, mas podem haver outras opções

Publicado no Brasil de Fato
Giorgio Romano
São Paulo (SP) | | 01 de janeiro de 2024

A boa relação entre Macron e Lula sugeriu que o acordo estava próximo - EBC

Final de 2023, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, em pauta há mais de vinte anos, parou novamente. O próprio governo brasileiro e, em particular o Itamaraty, tinha criado uma expectativa que o texto negociado em 2019 iria finalmente seguir com passos firmes o rito de aprovação pelos poderes legislativos seguido de ratificação pelos poderes executivos para entrar em vigor.
O que deu errado? Pergunta nada fácil.

Em primeiro lugar há de se entender que o texto que caiu no colo do Lula, foi negociado pelo que tem de mais liberal no Mercosul. No Brasil, foi logo depois da derrubada da presidente Dilma Rousseff em 2016 que se buscou retomar o acordo indicando para os negociadores europeus que os parâmetros seriam outros: sem preocupações com a indústria nacional, uso de políticas desenvolvimentistas ou exigências de contrapartidas mais equilibradas.

Em 31 de agosto de 2016 Michel Temer tomou posse como presidente da República Federativa do Brasil e em menos de dois meses as negociações retomaram oficialmente. Não é exagero afirmar que essa retomada fez parte da agenda econômica do golpe.

Mesmo assim, demorou para fechar essa nova rodada de negociação o que ia acontecer em 28 de julho de 2019. Mauricio Macri, presidente da Argentina, (2015-2019) estava na presidência rotativa do Mercosul e se preparando para a campanha eleitoral.

Ele imaginava que o anúncio do pré-acordo poderia ajudar a se manter na presidência da Argentina. No Brasil, o governo Bolsonaro estava no seu primeiro ano. Paulo Guedes, o czar da economia, deu continuidade à visão dos negociadores do governo Temer de que a maior abertura possível, junto com compromissos em restringir políticas industriais ativas, não seriam compromissos, mas medidas necessárias.

Algo razoável para muitos das viúvas dos tucanos em altas posições no Itamaraty. Codificados em um Tratado de Livre Comércio essas normas vinculariam inclusive os governos subsequentes.