Segunda, 8 de setembro de 2025
Pedro Pinho*
O que ocorreu em 7 de setembro de 1822 foi mais um assalto, dos inúmeros que se fizeram às riquezas naturais, ao território sul-americano denominado hoje Brasil.
Reflita o caro leitor: o Brasil naquele momento era governado como parte dos domínios da família Bragança, que imperava sobre o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves desde 1815. E, no dia 8 de setembro, continuava sendo um Império governado pela família Bragança. No entanto, negociava a condição de exclusividade governativa com Portugal, que buscava pagar sua dívida com os banqueiros ingleses.
Concluídos os cálculos, em 1825, o Brasil pagou a Portugal, ou seja, de Bragança para Bragança, com o mesmo Imperador que proclamou a Independência, a indenização de 2 milhões de libras esterlinas. Este valor corrigido para setembro de 2025 corresponderia a 265 milhões de libras ou, na cotação desta semana da Pátria (R$7,32 por uma libra), R$ 1.943.894.604,94, cerca de dois bilhões de reais. Este foi o custo em moeda corrente. Muitos outros oneraram e continuam onerando o Brasil, sendo o de maior dano a escravidão, que virou a marca indelével que, desde 1822 até 2025, só Getúlio Vargas procurou dar solução definitiva.
Como se alcança a Independência e se promove a igualdade de todos os brasileiros?
Em primeiro lugar com a INSTRUÇÃO.
E o que é instruir?
Primeiro construindo o ambiente próprio para a educação, que Getúlio o fez com a Escola Pública e dando suporte institucional e político com o Ministério da Educação e Saúde Pública apenas onze dias após ser designado Presidente do Governo Provisório (3/11/1930).
O suporte teórico e ideológico Getúlio o obteve com o Movimento da Escola Nova e com o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, em 1932, que defendia uma educação pública, laica e gratuita. Também não se pode omitir o grande educador Anísio Spínola Teixeira, nascido em 1900, na Bahia, e provavelmente assassinado, no Rio de Janeiro, em março de 1971.
O que era a educação antes de Vargas? “O ensino brasileiro era um ensino quase que só para a camada mais abastada da sociedade, e sempre tendeu a ser ornamental e livresco. Não era um ensino para o trabalho, mas um ensino para o lazer” (Anísio Teixeira, “A educação e a crise brasileira”, 1956).
Discorrendo sobre a instalação da constituinte em 1º de fevereiro de 1987, afirmou Leonel Brizola: “Nos últimos anos, o que surgiu realmente de novo neste País foi esta instituição que se chama CIEP (Centro Integrado de Educação Pública). Representa o começo de uma transformação profunda; e, portanto, é uma instituição que vem para ficar. Questiona por dentro o sistema elitista, de natureza colonial, discriminatório e antissocial que tem caracterizado a vida brasileira ao longo de nossa história, e pelo qual uma pequena minoria domina e explora, através da mente, a generalidade da população de nosso País. (O CIEP) tem por finalidade salvar todas as nossas crianças, resgatar a escola pública, instituir um sistema de educação digno e eficaz, verdadeiramente democrático, com igualdade de oportunidade para todos”.
No entanto, a Instrução não se esgota na escola, no sistema de aprendizado que se faz por toda a vida. Ele se completa com a comunicação de massa, e aí reside a maior fragilidade do Brasil.
As elites brasileiras criaram um sistema de comunicação, associado ao poder, que salvo o período Vargas, foi sempre serviçal ao interesse estrangeiro, principalmente inglês e sucedendo-o os estadunidenses, que além de impingir uma doutrina, pela fragilidade do ensino formal, desinformam para criar dificuldade aos verdadeiros nacionalistas e justificar os atos entreguistas e corruptos do poder e de seus beneficiados.
Daí nada mais ser o 7 de setembro do que uma farsa, nem mesmo uma preparação para o Carnaval que é uma festa popular.
O sete de setembro de 2025 tem uma característica ainda mais humilhante. Julga-se na mais alta corte de justiça brasileira os golpistas que chegaram ao governo por golpe (2016) e lá pretendiam ficar também por golpes. E tudo se encaminha para que sejam absolvidos ou tenham penas leves e de curta duração. Afinal são oficiais generais, servidores públicos de elevados cargos e têm, a demonstrar ainda mais suas ações antinacionais, o apoio explícito do atual presidente dos Estados Unidos do Brasil (EUA).
Quanto à instrução, desde a eleição de Fernando Collor e, principalmente, desde os oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso só fez regredir ao período pré-Varguista.
Os cinco países mais populosos do mundo, em 2025, tinham a seguinte quantidade de analfabetos, por ordem da população total:
1 – Índia – 23,6%
2 – China – 3,8%
3 – EUA – 18%
4 – Indonésia – 5,1%
5 – Paquistão – 38%
Entre os países, com praticamente toda população alfabetizada, tem-se em ordem alfabética: Coreia do Norte, Cuba, Finlândia e Noruega.
O Brasil tem 5,3%, porém há instituições que já atribuem 7%, demonstrando o desinteresse dos governos, desde a Nova República, com a educação.
Vê-se que a prioridade para que tenhamos uma nação verdadeiramente independente não está na anistia aos criminosos de 2022 e de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Está em colocar a Instrução pública, laica, universal e gratuita a disposição de todos os brasileiros, e que sindicatos, associações profissionais, e, em especial cooperativas de jornalistas, tenham prioridade na concessão de canais de televisão, jornais impressos e virtuais e outros recursos digitais para divulgar fatos e comentários.
Apenas um Brasil livre do analfabetismo, como Coreia do Norte e Cuba, que tem poucos recursos econômicos, pode comemorar a Independência.
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado e membro do Conselho Editorial do Pátria Latina.