Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
Mostrando postagens com marcador conselho de psicologa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador conselho de psicologa. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

“Manicômio dá muito lucro”, denuncia presidente do Conselho de Psicologia

Quarta, 20 de fevereiro de 2019

Rogério Giannini preside atualmente o Conselho Federal de Psicologia. Foto: Arquivo CPF
20/02/2019

“Liberdade é o elemento terapêutico, seja pro usuário de álcool e outras drogas ou com transtornos mentais”, defende psicólogo.

Por Lu Sudré, para Saúde Popular
O psicólogo Rogério Giannini, presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), em entrevista ao Saúde Popular e Brasil de Fato, diz que há um conjunto de ações em que a política de saúde mental, no governo Bolsonaro, está retornando a marcos ultrapassados “e inclusive ilegais”.
Ao criticar a Nota Técnica publicada pelo Ministério da Saúde para a Política Nacional de Saúde Mental e Diretrizes da Política Nacional sobre Drogas, ele afirma que o documento diz “com todas as letras: é o retorno ao modelo da abstinência, o retorno ao modelo manicomial”.
O dirigente do CFP também classificou como “assombrosa”, a proposta de leito psiquiátrico infantil. “Se abre a possibilidade de inclusive crianças com autismo serem internadas em hospitais psiquiátricos”. Incrédulo na efetividade de reintegração do paciente em locais isolados e contrário ao uso de terapias eletroconvulsivas no serviço público, ele afirma: “não há terapia neutra”. Segundo ele, a questão em debate envolve uma disputa ideológica, filosófica e econômica. “Os leitos manicomiais sempre tiveram esse papel de empreendimento, que dá muito lucro”. Confira a íntegra da entrevista:
Saúde Popular: Qual a atual situação da saúde mental no Brasil?
Rogério Giannini: Há alguns anos iniciou-se um processo de afirmação, e reafirmação, de um modelo hospitalocêntrico, um modelo psiquiátrico manicomial. Também através das comunidades terapêuticas, que retomam, de certa forma, o modelo manicomial porque é o modelo que exclui a possibilidade de trabalhar com redução de danos, que interna as pessoas, que as retira do convívio social, sendo, no máximo, uma ação emergencial porque depois essas pessoas retornam aos seus territórios e de novo ficam expostas a dificuldades que levaram ao processo de uso abusivo e problemático de substâncias.