Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Infiltrado é eufemismo. O nome desse bicho é FASCISMO

Quarta, 30 de maio de 2018
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INFILTRADOS É EUFEMISMO. O NOME DESSE BICHO É FASCISMO !


(Do blog com equipe) - A leitura dos principais jornais e portais da internet brasileira, cuja cobertura privilegia aspectos como o abastecimento de alimentos e a retomada da venda de combustíveis pelos postos e distribuidoras, mostra como no Brasil a mídia continua fazendo o perigoso jogo da avestruz que, enfiando a cabeça no meio da areia, prefere tapar o sol com a peneira no lugar de discutir o que realmente está acontecendo com o país, tanto do ponto de vista jornalístico quanto do nosso destino político.

Mais que o desabastecimento provocado pelos bloqueios dos caminhoneiros, o que importa é a emersão impune e violenta, mais uma vez, da extrema-direita na vida brasileira, com a rápida mobilização de milhares de canalhas por meio do Whatsapp, para se assenhorearem de um movimento de protesto, como aprenderam a fazer desde que inauguraram com sucesso essa tática nas famigeradas jornadas de junho de 2013.

Fosse mais organizada, ao menos estrategicamente, a esquerda teria chegado primeiro aos bloqueios, obviamente sem camisetas e lenços vermelhos, não para defender um golpe de estado, mas uma bandeira muito mais cara aos grevistas legítimos, a volta da política de preços - equilibrada e consciente - da Petrobras dos tempos de Lula e Dilma.   

Em 2013, as manifestações foram  tratadas pelo governo e pela imprensa, como se fossem movidas pelo anseio de democracia, quando o que verdadeiramente escondiam - também com financiamento e infiltração externa - era o germe da fragmentação da República e da destruição do presidencialismo de coalizão que, com todos os seus defeitos, tinha nos trazido - apesar dos sinais mais que premonitórios do distorcido julgamento do “Mensalão” - até as vésperas da Copa do Mundo, com um mínimo de paz, de equilíbrio institucional e de governabilidade.

Dois aspectos marcaram esse processo:

O primeiro e mais evidente, o retorno da extrema direita ao universo político nacional, depois da aventura integralista dos anos 1930 e da derrota dos extremistas no contexto da própria ditadura militar, com o desfecho da crise provocada pelos assassinatos de Vladimir Herzog e de Manoel Fiel Filho, que culminou com a destituição do General Ednardo D´Ávila Mello e do Comandante do Exército, o General Silvio Frota  pelo Presidente Geisel.

Mesmo que os radicais nunca tenham sido, de fato, totalmente controlados, como mostraram os atentados terroristas contra a ABI e o que matou a secretária da OAB, Dona Lyda Monteiro da Silva e a tentativa - frustrada pelo destino - de explodir uma bomba dentro do Riocentro, no governo Figueiredo.

Pela simples e cristalina razão de que a serpente do autoritarismo de direita, agora descaradamente voltada para a defesa da tortura, do genocídio e do retorno de um governo militar ao poder, além do fechamento do Congresso e do fim das eleições no país, nunca foi enfrentada com firmeza e com coragem pela sociedade brasileira.

Os covardes, como mostra a História, quando não são combatidos desde o ninho, crescem, em perversidade e violência, até o massacre de velhos, mulheres e crianças, como ocorreu com  o nazismo, que - não se iludam - subiu na base da mentira, da chantagem, da ameaça e fa brutalidade, exatamente como está ocorrendo no Brasil agora, sem nenhuma  resistência digna de nota.

Por que isso ocorreu?

Porque, em primeiro lugar, vide O PT, O PSDB  E A ARTE DE CEVAR OS URUBUS - a geração que lutou pela volta da democracia despreocupou-se totalmente da doutrinação democrática da população brasileira - em grande parte ignorante, manipulável, facilmente influenciável - no sentido não apenas do ensino da importância da liberdade como primeiro valor e principal conquista e riqueza de todo ser humano. mas também dos direitos e deveres do cidadão consubstanciados na Constituição de 1988.

É incrível que, mais de três décadas depois da reconquista do direito de voto para Presidente da República, tal conteúdo democrático, voltado para o ensino da cidadania e para explicar à sociedade - incluídos meninos e meninas que depois viriam a ser aprovados em concursos para a polícia, o Judiciário e o Ministério Público - como funciona o nosso sistema político, não tenha sido adotado, como aconteceu  agora, com a elaboração e implementação da Base Nacional  Comum Curricular do governo Temer - obrigatoriamente sequer nas escolas públicas, a ponto de, pelo contrário, ter se fortalecido, em nosso país, a estapafúrdia tese do Movimento Escola sem Partido.

Esse equívoco, essa omissão, essa burrice - imperdoáveis historicamente do ponto de vista político - associados ao fato dos quartéis nunca terem aberto mão de sua versão particular do golpe de 1964 - ensinando intramuros que a derrubada de Jango se deu para evitar um fantasioso golpe comunista no Brasil -  levaram o país à situação em  que se encontra agora.

Em que energúmenos armados de paus, pedras e armas e vestidos das cores nacionais mantêm sob a mira de revolveres, caminhoneiros em cárcere privado.

Altos oficiais das forças armadas - democratas e legalistas - se dizem preocupados com a influência de pseudo “manifestantes” sobre a tropa,

E torturadores e assassinos são festejados em eventos políticos, quando estão, há anos, em outros países,  como a Argentina e o Uruguai, pagando por seus crimes na cadeia.

Boa parte da responsabilidade por esse estado de coisas é da mídia conservadora brasileira, que sempre apoiou decisiva e entusiasticamente o radicalismo de direita,  quando ele atende a seus interesses, como ocorreu com o impeachment de Dilma, e que depois, quando eclode o ovo da serpente, como está ocorrendo agora, finge não ter nada com isso, e apela para subterfúgios e eufemismos que impedem que a nação combata e dê nome aos bois do apocalipse.

Além disso, à pusilanimidade também do governo - ilegítimo, confuso, hesitante - soma-se a inapetência, a anomia neurológica e a inação de uma esquerda que, chamada a defender o país e a democracia - da qual depende sua sobrevência até mesmo física, em  um futuro próximo - continua fechada em seus guetos e reminiscências e divagações.

Deixando que os golpistas debatam e comentem livremente, como se apenas eles existissem, a situação do país no espaço de comentários de todos os jornais e portais da internet, sem o menor ataque, intervenção, contestação ou resistência.

Uma coisa é o sujeito alegar que não pode ir a uma manifestação, compreende-se.

Outra é se recusar a entrar no computador todos os dias, para acompanhar o que está ocorrendo e dar combate ao ódio, à canalhice e à mentira.

Hoje, no portal Terra, por exemplo - que sequer exige um cadastro para quem comenta - o Comandante do Comando Militar Conjunto das Forças Armadas,  Almirante Ademir Sobrinho, está sendo violentamente  desancado desde a manhã por pregar a obediência à Constituição, por hitlernautas - em meio a apelos para a  distribuição de armas para matar “eleitores da esquerda” - sem que nenhum brasileiro decente apareça para defendê-lo ou apoiá-lo.    

A uma proporção de quinze para um, por baixo, de comentários contra a democracia, as eleições, o Estado de Direito, não estranha que muitos, na opinião pública, e não poucos, nas forças armadas, especialmente entre oficiais e sub-oficiais em início de carreira, para não falar nos conscritos, acreditem que os golpistas são ampla maioria na soiciedade brasileira.   
        
É preciso que quem crê na força da liberdade e da democracia tome - que me perdoem os leitores mas já estamos cansados de repetir esse alerta mais de mil vezes - vergonha na cara e parta imediatamente para o enfrentamento da mentira e da hipocrisia na internet, minuto a minuto, maciçamente, no tempo que nos resta até as eleições, e que se pare de apenas sonhar com Lula como uma Rapunzel presa na torre do castelo, que de lá sairá, miraculosamente, na undécima hora, para nos salvar dos monstros da Floresta. 

O PT pode não precisar de um plano B, mas a nação precisa de um plano AB, e de uma aliança para travar o golpismo, urgentemente.

Ou será que em breve não restará outra alternativa que a de se importar armas do Paraguai e treinar em clubes de tiro e até mesmo no mato - como a direita já está fazendo há anos - com excursões desse tipo organizadas até mesmo por filhos de pré-candidatos à Presidência da República, e com a participação de “instrutores” norte-americanos, aqui e nos Estados Unidos, antes que muitos venham a ser caçados e massacrados como cordeiros daqui a um ou dois anos?

Não fiquem pensando que as centenas de sujeitos que defendem a tortura e o assassinato como arma política, todos os dias, na internet, sem por isso serem incomodados pelo MP ou pela Justiça,   estão falando da boca para fora ou que hesitariam nem por um instante se pudessem cometer seus crimes.  

A diferença entre o canalha covarde que preliba este tipo de infâmia atrás do anonimato de seu computador e aquele que irá desatar todo o seu ódio e perversidade quando tiver a primeira oportunidade, é apenas um porrete na mão e um outro ser humano - desde que esteja desarmado, inerme e indefeso - na sua frente.         

A vanguarda das SA e das SS nazistas era composta de professores, advogados, farmacêuticos, comerciantes, agentes de segurança, que sem seus uniformes pardos e negros, posavam de "gente de bem", com um aspecto absolutamente normal de babacas inofensivos. 

E não me venham dizer que estou defendendo ou pregando uma guerra civil. 

Nesse aspecto e neste momento, estou sendo apenas mais um armamentista, dos muitos que proliferam por aí, e da linha norte-americana.

País que tem uma constituição que afirma que todo cidadão tem o direito de se armar para defender a liberdade e a democracia, principalmente contra a ameaça de formação de um governo tirânuico e ilegítimo.

Além de sua propriedade - como aqui defende a direita - todo brasileiro tem que gozar da prerrogativa de preservar os seus direitos e a sua vida, começando pelo de pensamento e opinião e o de ir e vir, como qualquer um pode perguntar aos caminhoneiros sequestrados nestes dias.

 Que, se estivessem armados, poderiam ter tentado preservar a sua dignidade, dispersando em muito pontos de bloqueio a turba antidemocrática e ensandecida, que, irônica e hipocritamente, quase sempre aparece nessas ocasiões, pedindo intervenção militar, enrolada nas cores nacionais.

É um absurdo que a mídia continue a tratar genericamente como “infiltrados” - por quem, com que intenção, principalmente política? - uma malta de criminosos que agrediram caminhoneiros e destruíram os seus veículos e provocaram dezenas de bilhões de reais em prejuízo para empresários que, esperemos, aprendam com essa lição memorável, que vai lhes doer no bolso, com que tipo de capirotos enlouquecidos estão tratando, achando que é possível mantê-los sob controle, presos em uma garrafa, e onde estão amarrando a sua égua quando flertam, em concorridos regabofes, com a violência e o autoritarismo.

No mais, a população brasileira - quem está se arriscando a morrer porque não pode fazer hemodiálise, ou ficou com o filho doente e sem atendimento porque não havia funcionários nos postos de saúde -   tem o direito de saber com quem está lidando.

Vamos lá, dona mídia.

Coragem para dizer a verdade.

Vamos dar nome aos bois.

Infiltrados é eufemismo. 

O nome desse bicho é FASCISMO.